Jesus continua caminhando com seus discípulos e aproveita os acontecimentos da viagem para catequizá-los. Há sempre a sombra do anúncio da paixão, morte e ressurreição de Jesus.

No evangelho deste domingo (3/10), alguns fariseus se aproximam de Jesus e, para prová-lo sobre a legitimidade de seus ensinamentos, perguntam se é permitido ao homem se divorciar de sua mulher. Baseavam-se numa lei criada por Moisés.

A pergunta manifesta duas suposições: quem pergunta se baseia na experiência de um matrimônio problemático. Outra dimensão é questão do divórcio somente do lado do esposo, ou seja, pensa a partir de uma visão patriarcal.

Jesus aceita o desafio e recorda o projeto original de Deus, que criou homem e mulher igualmente, sem dominações ou privilégios para os homens. Por isso o matrimônio é uma entrega total, duradoura que unifica o casal, “formam uma só carne”. E reafirma a indissolubilidade do matrimônio: “o que Deus uniu, o homem não separe”. Esclarece ainda que se Moises criou a lei do divórcio foi devido à “dureza dos vossos corações”. Deus instituiu o matrimônio para perdurar.

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Quem quer seguir a vontade de Deus sobre o matrimônio, deve acreditar que o homem e a mulher foram criados um para o outro. Devem se ajudar mutuamente. O destino e a felicidade do matrimônio estão na recíproca complementariedade, ajuda e cooperação.

A sós com seus discípulos Jesus explica que o divórcio não faz parte do projeto ideal de Deus. Deus criou o homem e a mulher e os destinou à felicidade convidando-os a viverem em comunhão total um com o outro, dando-se um ao outro, partilhando a vida em todos os sentidos, unidos por um amor que é mais forte do que qualquer outro vínculo. O fracasso dessa relação não está previsto nesse projeto ideal de Deus. O amor dos esposos que se comprometem diante de Deus e da sociedade deve ser um amor eterno e indestrutível. O matrimonio foi elevado a sacramento porque ele sinaliza o amor de Deus pela humanidade, o amor de Cristo por sua Igreja. 

A relação entre o homem e a mulher se baseia nos mandamentos básicos e não na regulamentação e Moisés ou qualquer outro poder que podem conduzir o homem a mulher a se desviar do mandamento de Deus.

Aqui se acentua a igualdade de decisão do esposo e da esposa. Os dois são responsáveis na edificação da comunidade do matrimônio e para que ele cumpra sua missão.

 O amor de Deus se revela na fidelidade e oblação no matrimônio. A vida, morte e ressurreição de Jesus nos santificou, por isso marido e mulher são chamados a viver no amor. A confiança, igual à da criança, nos mantêm firmes no caminho do seu seguimento.

Que todos os casais sintam a proximidade de Deus, sejam abençoados e fortaleçam seus laços de união celebrados no dia seu casamento. Que a Eucaristia abençoe, renove e fortaleça sobretudo os vocacionados à vida matrimonial. Amém!

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo