Dilceu Sperafico. Foto: Assessoria

Por Dilceu Sperafico*

O envelhecimento deve ser comemorado sempre, pois reflete a melhoria da qualidade de vida das pessoas, serviço de saúde pública, alimentação, lazer, abrigo, mobilidade urbana e união familiar, mas o crescimento de percentual de idosos é também preocupação para governantes, legisladores, parentes próximos e população em geral.

Isso porque idosos dependem de cuidados especiais na saúde, alimentação, cultura e renda mínima à sua sobrevivência, garantindo aquisição de alimentos, medicação, roupas, calçados e outros bens essenciais, seja através de aposentadoria, de patrimônio e/ou capital acumulados, auxílio de familiares e ou programas sociais específicos. 

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a população idosa do planeta irá dobrar até 2050, o que exigirá mudanças no comportamento das famílias, estrutura das cidades e sistema previdenciário, pois receitas destinadas às aposentadorias dependem de contribuições de trabalhadores em idade produtiva, em número suficiente para reunir os crescentes recursos repassados aos inativos. Se as receitas previdenciárias não foram suficientes, o poder público terá de utilizar recursos de outros setores da administração pública para manter as aposentadorias em dia. 

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Resumindo, conforme a ONU, o mundo está cada vez mais populoso e também mais idoso, pois o número de pessoas com 65 anos de idade ou mais já atinge cerca de 761 milhões, mas esse contingente deve mais do que dobrar até a metade do século, chegando a 1,6 bilhão em 2050. Entre desafios desse fenômeno está o enfrentamento do aumento da informalidade e desigualdade entre assalariados.

Na prática, essa mudança resultará em mudanças estruturais familiares, inclusive no Brasil. Há algumas décadas, as famílias tinham pelo menos cinco, seis ou sete filhos e no caso de descendentes de imigrantes italianos, até mais de dezena de descendentes, o que facilitava o atendimento aos idosos, pois sempre havia descendentes com conhecimentos e disponibilidade de tempo para cuidar de país ou avós, muitas vezes enfermos e/ou dependentes.

Os dados da ONU contabilizam oito bilhões de pessoas idosas no planeta e servem de alerta importante sobre consequências e custos do envelhecimento populacional, exigindo medidas preventivas de parte de governantes, entidades sociais e famílias. Na prática, contar com fatia maior de idosos não deixa de ser bom indicador da evolução da espécie humana, até pelo fato de pessoas com mais de 65 anos de idade serem atualmente 9,6% da população do mundo de oito bilhões de seres humanos, devendo somar 16,5% dos 9,7 bilhões habitantes em 2050, como reflexos positivos de sociedades bem-sucedidas, com melhoria da qualidade de vida e aumento da expectativa de existência de seus integrantes.

Para brasileiros, os dados da ONU trazem alertas importantes aos governantes e cidadãos, pois no País atualmente os idosos já somam 20,5 milhões de pessoas ou 9,5% da população. Na metade deste século, serão 22% do total ou acima da média global, caso se confirmem projeções da ONU. Isso porque o envelhecimento deve vir acompanhado de políticas públicas consistentes, pensadas desde a infância e não somente na velhice, o que exigirá cada mais de sociedades desiguais e empobrecidas para o atendimento aos idosos. As celebrações da Páscoa são bons momentos para jovens, adultos e também idosos refletirem sobre essas projeções da humanidade.

*Dilceu Sperafico é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado.

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br