Foto: Agência Progressistas

 Dilceu Sperafico*

Não foi por acaso que o interior do Brasil passou por vigoroso crescimento econômico e social nos últimos anos. Conforme estudos de especialistas, o movimento foi liderado principalmente pelo avanço do agronegócio, que acelerou a geração de empregos, renda e tributos, alimentando boom comercial e imobiliário em cidades do Centro-Oeste e de outras regiões, como o Triângulo Mineiro e o Oeste do Paraná.

Segundo dados preliminares do Banco do Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB), de Mato Grosso cresceu 10,6% no ano passado. Outros Estados com forte atividade agropecuária, como o Paraná, também superaram o desempenho nacional. Enquanto a economia brasileira registrou expansão de 2,9% em 2023, Mato Grosso do Sul avançou 8,2%, Tocantins cresceu 11,1% e Goiás, 5,7%.

Já o PIB do Paraná cresceu o dobro da média nacional em 2023, com alta de 5,8%, índice muito superior à média nacional em todos os setores da economia rural e urbana. Agropecuária paranaense registrou expansão de 26,91%, serviços cresceram 4,18% e indústria registrou alta de 3,79% no período. O PIB “atrás da porteira” teve aumento de 15,1% no ano passado, a maior expansão para a atividade na série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 1996.

O crescimento foi impulsionado pela safra recorde do ciclo 2022/2023, que atingiu 319,8 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Houve também aumento na produção pecuária, de laticínios e no volume de abates. Os abates de bovinos aumentaram 11,7% em tonelagem no ano passado; os de suínos, 2,2% e os de frangos, 3,5%.  O Oeste do Paraná, como sabemos e do que nos orgulhamos muito, se destaca na produção, abate e exportação de carnes de suínos, frangos e peixes, além de derivados. 

Conforme analistas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/Esalq-USP), “esses fatores impulsionaram a demanda por insumos e agrosserviços”. Ocorre que apesar da queda nos últimos dois anos, devido à retração nos preços das commodities, o PIB do agronegócio brasileiro, que reúne atividades econômicas dentro e fora da porteira da propriedade rural, acumula aumento de 29,2% desde 2018. No mesmo período, o PIB brasileiro avançou menos de um terço disso ou apenas 8,7%.

         Isso demonstra que o mercado de trabalho tem se mantido aquecido nas regiões onde o agronegócio é forte. Outros indicadores também retratam o bom momento da economia do interior do Brasil. Desde a pandemia, a taxa de desemprego vem caindo fortemente no Centro-Oeste e o Oeste do Paraná lidera a geração de empregos, ao ponto de indústrias de Toledo e Cascavel, entre outras cidades da região, não conseguirem preencher as vagas oferecidas.

No agronegócio do País, a taxa de desemprego foi de 9,5% no 4º trimestre de 2019, chegou a 12,9% no 3º trimestre de 2020 e no fim do ano passado tinha caído para 5,8%. No mesmo período, a taxa da economia urbana brasileira era de 7,4%. Isso demonstra que o mercado de trabalho da agropecuária vem crescendo mais do que no restante do País. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostram que entre fevereiro de 2020 e 2024, o número de trabalhadores empregados com carteira assinada cresceu 20,5% no Centro-Oeste do País, chegando a 4,1 milhões de pessoas. No Brasil, o aumento foi menor, de 15,6%.

*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br