Dilceu Sperafico. Foto: José Fernando Ogura/AEN

Por Dilceu Sperafico*

Acredite quem quiser, mas a tecnologia das naves e viagens especiais, já chegou ao agronegócio brasileiro, com vantagens para produtores e consumidores. Trata-se da técnica enviada a Marte para análise do solo do planeta, possibilitando a modernização da agropecuária, com aumento da qualidade e da produtividade dos plantios, economia no consumo de insumos, redução do desmatamento e elevação do sequestro do carbono da atmosfera.

A nova forma de mapear componentes do solo usa lasers e o Brasil foi pioneiro nesta análise por meio da tecnologia utilizada pela National Aeronautics and Space Administration (Nasa), dos Estados Unidos, em robôs montados para explorar Marte. O equipamento é desenvolvido a partir de plataforma de inteligência artificial e seu uso como tomógrafo de solos foi desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Instrumentação.

São muitas as vantagens dessa e outras técnicas, que vieram compensar o fato de quase metade dos agricultores ainda não ter modernizado o manejo de suas lavouras. Para o bem do País, estamos na vanguarda da tecnologia de manejo de solos, desde a rotação de culturas até o uso de lasers para análise da terra e essas aplicações não somente ajudam a aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos cultivos, como também tornam as lavouras mais sustentáveis.

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Conforme especialistas, qualquer ação para aumentar a produtividade das lavouras deve estar centrada no solo, já que melhorando a qualidade da terra, haverá melhor desempenho das plantas. Esse trabalho avançou com a ampliação dos estudos que se concentravam apenas nos atributos químicos do solo, como a sua fertilidade, pois atualmente abrangem também os componentes físicos e biológicos.

Para facilitar que o plantio a atinja seu potencial máximo, os agricultores devem usar as técnicas de melhoramento do solo, superando a tradição de optar pelo preparo convencional, então com aração e gradagem para revolver a terra. Essa prática não é boa, pois na medida em que cada vez que se revolve o solo, ele perde nutrientes, especialmente orgânicos, pois a camada mais fértil está nos primeiros cinco centímetros da terra.

Por isso, a modernização do trato do solo vai além de aparelhagens, pois técnicas como o plantio direto, em nível e pousio também fazem muita diferença na hora da colheita e ajudam a alcançar o chamado “efeito poupa-terra”, que é a possibilidade de plantar e produzir mais, usando área menor.

Somando-se a essas vantagens, o manejo correto do solo também pode potencializar sua fertilidade e capacidade de sequestrar carbono da atmosfera, gás que contribui para o efeito estufa. O uso de genética, com sementes que trazem melhoramentos para a produção, aperfeiçoamento no manejo do solo, controle de pragas e outros métodos estão permitindo o efeito “poupa-terra”, segundo pesquisa da Embrapa Tecnologia.

Entre outras técnicas modernas está a integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF), que segundo dados da Embrapa, em 2021 já abrangia cerca de 17 milhões de hectares.

Ela consiste, basicamente, em produção numa mesma área de bovinos de corte, lavouras de milho e áreas de floresta. A consorciação da lavoura à pecuária, a conservação do solo e o plantio direto, por sinal, tiveram entre suas bases o Oeste do Paraná, transformando Toledo no maior Valor Bruto da Produção (VBP), do Estado, de 3,48 bilhões de reais.

*Dilceu Sperafico é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br