Mosconi realizará palestra nesta quinta-feira, no 5º Green Hydrogen Summit. Foto: arquivo pessoal

Por Marcos Antonio Santos

O diretor do Programa Green Fuels, do município de Toledo, Neudi Mosconi, está participando nessa quarta-feira, 25, e nesta quinta-feira, no Centro Parque, Santiago (Chile), do Chile LAC 2023 – 5º Green Hydrogen Summit (Fórum Internacional de Hidrogênio Verde). O evento tem a participação do Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, Bolívia, Venezuela, México, Austrália, e países da União Europeia, entre eles, Alemanha e Holanda.

Segundo Mosconi, o encontro serve para alinhar a política de produção e comercialização de hidrogênio verde, essa nova matriz econômica em desenvolvimento para realizar a transição energética e reduzir o consumo de combustíveis fósseis. “Para a redução desses combustíveis é necessário desenvolver uma rota de combustível sem emissão de CO2 (dióxido de carbono). E o hidrogênio verde é a rota com uma grande esperança de possibilitar essa redução muito grande de combustíveis fósseis, o mundo caminha para uma redução de aproximadamente 40% desses combustíveis. Isso precisa ser substituído por fonte elétrica, e a outra fonte seria o hidrogênio. Com células de hidrogênio para abastecer veículos e caminhões”, explica.

Ele disse que a China está muito forte nessa área, a União Europeia vem se desenvolvendo, mas o Brasil desponta com um potencial de suprimir em torno de 40% dessa nova matriz energética para o mundo, “há uma esperança muito grande”, ressalta.

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CONVITE – Mosconi recebeu por meio do governo do Chile, o convite para participar do Fórum. “Estaremos apresentando o nosso Programa do Oeste do Paraná, nesta quinta-feira, as 14h, em um dos painéis, sobre o desenvolvimento de projetos e de programas locais de grande escala”.

ÚNICO PROGRAMA EXISTENTE NO MUNDO – Hoje, o Programa Oeste Sustentável desenvolvido na região Oeste é o único programa existente no mundo até o momento e que tem justamente a produção de hidrogênio pela rota da reforma do biogás. “É uma rota tecnológica muito mais vantajosa, econômica e ambientalmente com emissão de CO negativo. Estamos resolvendo um problema ambiental gigantesco, onde há milhares de toneladas de biometano por ano sendo emitidos pelas atividades agropecuárias. Esses resíduos serão coletados, tratados e transformados; produzindo o biogás, que depois em escala, numa infraestrutura própria será transformado e separado em carbono e hidrogênio. Teremos as duas fontes mais limpas no mundo sendo produzidas na região: hidrogênio por eletrólise e hidrogênio pela reforma do biogás”, enaltece Neudi Mosconi.  

Neudi Mosconi participa do encontro juntamente com Moacir Vanzzo. Foto: arquivo pessoal

Com essa mistura das duas fontes de hidrogênio com o carbono presente no biogás será possível produzir um óleo sintético, chamado de syncrud. “A nossa região tem um potencial inicial de mais de 100 mil toneladas por ano de syncrud (petróleo sintético), isso daria cerca de 300 mil litros de óleo sintético por dia. Iremos agregar a cooperação dos municípios da região Oeste para o desenvolvimento da planta de uma biorefinaria para processar todo esse óleo sintético bruto, e termos a produção de querosene sintético para a indústria da aviação, e essa parceria com a Alemanha vem nessa rota, de refirnarmos esse óleo, mandar o querosene para indústria de aviação alemã e ficarmos aqui  com o biodiesel sintético e outros derivados para atender as políticas  de transporte da biomassa da proteína animal, justamente para criarmos conceito pleno de  sustentabilidade  e resolver todos os passivos e ainda conseguirmos a Certificação (CVA) de proteína verde”, afirma Mosconi.

ALEMANHA – Segundo Mosconi, em dezembro está confirmado a assinatura de um acordo entre o governo brasileiro e o primeiro-ministro da Alemanha Olaf Scholz. Será um termo de cooperação internacional. “E começará toda a política de financiamento do desenvolvimento executivo e licenciamento do processo macro que irá compreender 18 municípios da região Oeste, que juntos possuem um plantel de 4,1 milhões de suínos alojados e 63 milhões de aves. Produzimos nesses munícipios, 10% de todo os suínos do Brasil, 58% do Paraná, 6% das aves do país e 30% da psicultura brasileira”, ressalta Neudi Mosconi.

5º Green Hydrogen Summit está sendo realizado no Chile. Foto: arquivo pesssoal

Potencial na produção de hidrogênio verde

O 5º Green Hydrogen Summit (Fórum Internacional de Hidrogênio Verde) enaltece que a América Latina e o Caribe têm um enorme potencial para produzir hidrogênio verde, graças ao seu potencial para a produção de energia renovável. Esta região conta com uma diversidade de recursos naturais, como radiação solar, correntes constantes de vento, biomassa e energia hidrelétrica nos rios, que poderiam ser utilizados para produzir energia limpa e sustentável.

Esta é a região onde as energias renováveis ​​têm maior participação na matriz energética: em 2020, 32% da energia primária e 63,6% da eletricidade gerada foram provenientes de fontes de energia renováveis, sendo a energia hidrelétrica a maior contribuinte: 46,2% do total de eletricidade gerada foi graças a este método de geração, seguida pela energia eólica (6,7%) e solar (2,5%). Toda esta energia verde e sustentável pode ser transformada em hidrogénio verde e seus derivados, ajudando a descarbonização do sector energético.

Neste cenário, não é casual que Chile, Colômbia, Equador, Costa Rica e Uruguai já tenham as suas próprias Estratégias Nacionais para o Hidrogénio Verde, e que outros sete países estejam a trabalhar nas suas, permitindo-lhes concentrar os seus esforços para alcançar os seus objetivos. Estas ações incluem incentivos fiscais, subsídios, programas de financiamento e quadros jurídicos favoráveis, no meio de um quadro de colaboração internacional e acordos de parceria público-privada, para impulsionar o investimento em projetos de hidrogénio verde na região.

Encontro reúne países América Latina, América do Sul e União Europeia. Foto: arquivo pessoal

​De acordo com o Índice H2LAC (2022), existem atualmente 84 projetos de menor escala apenas na América Latina. Além disso, o Chile tem mais de 100 projetos atualmente em desenvolvimento. Também houve anúncios de projetos de grande escala no México, Costa Rica, Brasil, Uruguai e Argentina.

O desenvolvimento do hidrogénio verde na América Latina e nas Caraíbas poderia não só contribuir para a mitigação das alterações climáticas, mas também ser o principal motor para um desenvolvimento sustentável com padrões ambientais e sociais mais elevados, criando empregos para a região.