Por Fernando Braga
Faleceu na manhã desta quinta-feira (29), aos 86 anos, o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli. Entusiasta do agronegócio, ele foi um dos principais responsáveis pela revolução tecnológica que aconteceu a partir dos anos 70, transformando o Cerrado em um grande polo de produção agropecuária e o Brasil em uma potência do setor rural.
Entre as grandes contribuições que deu está sua participação na criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 1973, estatal que ajudou a estruturar e a modernizar no período em que foi ministro da Agricultura, entre 1974 e 1979.
Naquela época se iniciou o processo de modernização tecnológica que iria transformar a velha agricultura latifundiária do país. Paolinelli estava no comando de uma verdadeira revolução.
História
Paolinelli nasceu em 1936, em Bambuí, Minas Gerais, estado em que iniciou sua carreira como engenheiro agrônomo, e rapidamente se destacou como um líder visionário.
Depois de assumir o cargo de secretário de Agricultura de Minas Gerais, em 1971, Alysson Paolinelli foi nomeado ministro da Agricultura no governo de Ernesto Geisel, em 1974. Sua atuação nesse cargo foi marcada por contribuições significativas para o desenvolvimento agrícola do país.
Além disso, em 1987, durante a Assembleia Nacional Constituinte, Alysson Paolinelli foi eleito deputado federal, desempenhando um papel essencial na Subcomissão da Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária, colaborando para a construção de políticas relevantes nessas áreas.
Assumindo também a presidência da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Alysson Paolinelli ocupou essa posição até 1990. Durante seu mandato, ele fez contribuições significativas para o setor agrícola e pecuário do país.
Patrono da agricultura moderna no Brasil
Ao dedicar sua vida ao avanço da agricultura e pecuária no Brasil, Paolinelli desafiou a crença comum de que as terras do cerrado e do Centro-Oeste eram inférteis. Seus esforços incansáveis fizeram da região a maior produtora de grãos do país, impulsionando a economia agrícola e a segurança alimentar.
Reconhecido em 2006 com o The World Food Prize, Paolinelli destacou-se no incentivo à oferta de alimentos em todo o mundo. Suas notáveis realizações e trabalho foram amplamente reconhecidos, sendo indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 2021.
A comunidade agrícola, políticos e colegas reconhecem a imensa contribuição de Paolinelli para o setor.
Durante uma sessão especial no Senado Federal em 2021, ele foi descrito como o “pai” da agricultura brasileira.
Problemas de saúde
Alysson Paolinelli estava internado há um mês, por complicações decorrentes de uma cirurgia no fêmur, em Belo Horizonte (MG). Em estado grave, acabou falecendo no Hospital Madre Tereza, na capital mineira.
O velório foi marcado para começar na tarde desta quinta-feira (29), se estendendo até às 9h30 de sexta-feira (30), no Palácio da Liberdade. O sepultamento será às 11h de sexta no Cemitério Parque da Colina.
Em Toledo
Paolinelli viria a Toledo em 2023, para participar da segunda edição do InovaMeat, evento que recebeu mais de 5 mil participantes para palestras, painéis e minicursos sobre toda a cadeia da proteína animal – bovina de corte e leiteira, suína, de aves e peixes.
Em 11 de abril deste ano, Alysson Paolinelli iria ministrar a palestra de abertura do InovaMeat, com o tema “A importância do agronegócio para o Brasil e o mundo”. Entretanto, por um problema com a conexão de voos, o ex-ministro não chegaria a tempo e sua vinda a cidade foi cancelada.
O prefeito de Toledo, Beto Lunitti, falou que entre os principais feitos do ex-ministro está o início da mudança do Brasil de importador de alimentos para um dos maiores exportadores mundiais. “Isso só foi possível por conta dos incentivos e investimentos em pesquisas. É preciso reconhecê-lo como um dos principais nomes da agricultura no Brasil, um grande defensor da segurança alimentar global e responsável pela adoção de tecnologia na produção agrícola”, reconheceu o prefeito Beto Lunitti.
Repercussão
A Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), entidade que Paolinelli presidia, publicou a seguinte nota de pesar em sua conta no Instagram:
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, decretou luto oficial por três dias em razão da morte do ex-ministro da Agricultura.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, também lamentou a morte de Paolinelli. No Twitter, ele postou que o ex-ministro deixa um legado inquestionável “que supera barreiras do tempo e deixa sua marca eternizada”.
“Seu trabalho fez nascer no país uma das maiores potências agropecuárias do mundo. Mais que isso, seu legado alimenta as famílias e a ciência”, escreveu Fávaro.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), presidida pelo deputado federal paranaense Pedro Lupion publicou um vídeo. Nele, Lupion chama Paolinelli de padrinho da agropecuária e diz que o ex-ministro deixa um grande legado.