O ator vinha enfrentando problemas de saúde desde 2020, quando sofreu um AVC. Foto: Divulgação/TV Globo

Da Redação

A classe artística, a cultura e todo o País ficam de luto nesta segunda-feira (30), com o falecimento de um dos maiores atores, ícone da dramaturgia brasileira.

Morreu no Rio de Janeiro, aos 88 anos, o ator Milton Gonçalves. Segundo a família, ele morreu em casa, por volta de 12h30, por consequências de problemas de saúde que vinha enfrentando desde que teve um AVC, em 2020. O Acidente Vascular Cerebral ocorreu enquanto Milton participava de uma feijoada na quadra da escola de samba Salgueiro, na Tijuca, Zona Norte do Rio.

Milton Gonçalves era um ator de formação teatral sólida. Nascido em 9 de dezembro de 1933 em Monte Santo, Minas Gerais, ele se mudou para São Paulo ainda na infância. Foi alfaiate, gráfico e aprendiz de sapateiro.

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Com 24 anos, depois de atuar em peças amadoras, estreou no Teatro de Arena a convite do diretor e dramaturgo Augusto Boal (1931-2009). Ao se radicar no Rio de Janeiro, Milton fez episódios do Grande Teatro Tupi, na TV Tupi, programa que adaptava para a televisão peças teatrais.

Milton deu vida a inúmeros personagens e também se destacou em defesa da categoria artística e pelo movimento negro. “Sofri todos os percalços entendendo, mas não concordando, com o preconceito racial, que foi um trauma na minha vida. Assim, o teatro para mim foi a grande salvação”, revelou, em entrevista ao site Memória Globo.

Ao longo dos anos 1970, ele brilhou em frente às câmeras com personagens marcantes, como o Professor Leão, de Vila Sésamo (1972), e Zelão das Asas, de O Bem-Amado (1973).

Milton também esteve presente em outros sucessos de audiência, como Baila Comigo (1981), Sinhá Moça (1986) e A Favorita (2008).

O ator, em seus mais de 60 anos de carreira, atuou em mais de 40 telenovelas. Nos cinemas, Milton também participou de mais de 60 filmes, de O Grande Momento (1958), passando por A Rainha Diaba (1974) até Carandiru (2003).

Seu último papel na televisão foi no especial Juntos a Magia Acontece, que foi ao ar no fim do ano passado.

Sua atuação como Pai José na segunda versão da novela “Sinhá Moça” (2006) lhe deu a indicação para o prêmio de Melhor Ator no Emmy Internacional. Além disso, foi o primeiro brasileiro a apresentar o evento, anunciando o vencedor da categoria de Melhor Programa Infanto-juvenil.

Milton deixa os filhos Alda, Maurício e Catarina.

Repercussão

A morte do ator repercutiu nas redes, com diversos artistas se despedindo dele e lembrando o seu legado para a cultura brasileira.

“Me sinto privilegiado por ter te assistido em cena, testemunhado toda sua inteligência cênica e por termos nos encontrado tantas vezes no trabalho. Obrigado por ser inspiração e pelo seu pioneirismo. Receba meu mais caloroso aplauso, seu Milton Gonçalves!”, escreveu Lázaro Ramos

“Quando alguém de tanta importância se despede de nós, sempre me faltam palavras, como agora. Milton Gonçalves era dos mais importantes atores que este país já teve. Milton faz parte da história da TV brasileira. Um gigante da nossa cultura. Um gênio, elegante, brilhante profissional. Foram muitos sets juntos, muitas histórias, muitas famílias. Descanse em paz meu querido colega. Obrigada por tanto, você é eterno”, disse Zezé Motta.

“Um gigante nos deixa! Que perda! Vá em paz e com muita luz, Milton Gonçalves. Um dos maiores atores da televisão brasileira! Milton nos deixou hoje, aos 88 anos, no Rio de Janeiro. Meus sentimentos aos familiares e amigos”, disse o dramaturgo e escritor Walcyr Carrasco.

“Milton. O seu legado é eterno. Tantas portas você abriu com seu talento, sua firmeza, suas veias saltando. Me sinto honrada de ter seu olhar pra me banhar. Foi meu pai em cena e fora dela. Seu pioneirismo será sempre celebrado. Muito amor a ti”, escreveu Camila Pitanga.

Velório

O velório será nesta terça-feira (31), aberto ao público, a partir das 9h30, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.