Toledo entrou na lista de municípios cobrados pelo Tribunal de Contas do Estado por falhas estruturais na política de mobilidade urbana. O alerta apenas escancara o que já se arrasta há anos: a completa ausência de planejamento nas gestões passadas e a omissão vergonhosa da Câmara de Vereadores, que não fiscalizou rigorosamente nada.
Sem diagnóstico técnico, sem participação popular e com critérios obscuros para decidir onde recapar ou intervir, a mobilidade urbana em Toledo virou sinônimo de asfalto jogado no improviso. O resultado é o que se vê: uma cidade atrasada, desordenada e pouco acessível.
Segundo a Coordenadoria de Auditorias (CAUD) do TCE-PR, os problemas foram detectados em fiscalizações realizadas entre março de 2024 e janeiro de 2025, como parte do Plano de Fiscalização (PAF) do Tribunal no biênio 2024-2025. O foco foi avaliar se os municípios auditados – incluindo Toledo – estavam de fato cumprindo os objetivos da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei Federal nº 12.587/2012). A resposta foi clara: não estão.
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Urubu-edil abre a semana com voos rasantes sobre a insanidade parlamentar local
A semana política em Toledo começou com o motor do bom senso fundido e o piloto automático travado na rota do absurdo. Enquanto vereadores fingem estudar em Curitiba e distribuem homenagens a uma gestão hospitalar em frangalhos, surge até uma federação de fachada com presidente “nó”. Nesta coluna, destrinchamos os principais lances do teatro legislativo, onde a realidade ultrapassa o limite da ficção — e o povo, como sempre, paga a conta (e os aplausos).
Fora da casinha?
Logo na decolagem da semana, nosso já conhecido urubu-edil — ave de rapina especializada em detectar carniça política — avistou de longe a fumaça da insanidade legislativa e desceu em voo rasante. Soltou logo de cara que alguns colegas “estão bem fora da casinha”. Spoiler: ele foi gentil.
Sincericídio?
Começou com um sincericídio coletivo digno de Oscar. Vereadores que “foram a Curitiba para um curso de capacitação” confessaram — sem pudor e com a sinceridade de quem esqueceu o microfone ligado — que, na verdade, não foram capacitar coisa nenhuma. Foram fazer o que sabem melhor: visitas camaradas a gabinetes de deputados. Ou seja, turismo político disfarçado de aprimoramento técnico.
Curso? Só se for de “Como driblar a opinião pública em 10 passos e uma diária”.
“Scuby-Doo, meu filho”?
Na sequência, uma cena que seria cômica, não fosse trágica: a vereadora que parece saída direto de um episódio de Scooby-Doo — praticamente a reencarnação da Velma Dinkley — resolveu conceder uma Moção de Aplausos à diretoria do Hospital Regional de Toledo (HRT).
Aplausos. Sim, você leu certo.
Moção sem noção
Agora veja o cenário: médicos de diversas especialidades com salários atrasados, ortopedistas batendo o pé e ameaçando greve, estrutura física caindo aos pedaços — literalmente, já que os forros da platibanda da recepção estão despencando — e uma terceirizada com sede em São José (SC) que, ao que tudo indica, segue recebendo religiosamente em dia.
Afinal, como reza a cartilha da política adaptada: “Sem partilha, não há quadrilha.”
Entidade sem CPF
Mas a palhaçada não parou por aí. A cereja podre do bolo da semana veio com a notícia de que um vereador — mais conhecido pela habilidade de engalfinhar do que de trabalhar — foi “escolhido” para presidir uma tal federação de câmaras de vereadores.
Criaram uma entidade do nada, elegeram um “no-cego” que agora terá que provar idoneidade. Boa sorte com isso. Só se o porco, além de torcer o rabo, começar a cantar ópera e sapatear flamenco. Há…tem mais…não falei sobre uma possível violação do Código de Ética da Câmara Municipal de Toledo.
Dos leitores
A população, por sua vez, começa a cansar da palhaçada. Dois leitores da área da saúde mandaram recados diretos e certeiros:
- “Com todo respeito, vereadora Kh……, essa homenagem à direção do HRT é por qual grande feito mesmo? O único resultado visível é o desvio de dinheiro público de Toledo para Santa Catarina. A homenagem é para levantar o palanque do seu ex-chefe? Já começou a campanha?”
- “Pacientes de fora da 20ª Regional sendo atendidos e quem paga é Toledo. E os vereadores? Batem palma como se fosse conquista. Qual parte de ‘fiscalizar o Executivo’ a Câmara ainda não entendeu?”
Resumo da ópera bufa legislativa:
Fingem que estudam, aplaudem o errado, premiam a decadência, criam entidades fantasmas e ainda se acham iluminados.
Faltou só distribuir pipoca no plenário. Porque o circo — esse já está montado desde a antiga presidência da Câmara de Toledo.
