Durante pronunciamento na noite desta segunda-feira (6), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), afirmou que recusou a proposta de dois médicos favoráveis ao uso da hidroxicloroquina que o procuraram no Palácio do Planalto após a reunião ministerial realizada mais cedo.

Segundo Mandetta, ele foi “levado para uma sala” para ouvir a ideia desses dois especialistas, um anestesista e uma imunologista, que defendiam a adoção de um decreto para permitir a utilização da substância no tratamento ao novo coronavírus. O ministro não deu o nome dos médicos que falaram com ele e não respondeu pergunta dos jornalistas.

O ministro disse que eles devem levar a ideia para seus pares, as sociedades brasileiras de imunologia e anestesia, e voltar a procurar o Ministério da Saúde caso consigam arregimentar apoio em suas categorias.

Ele fez uma comparação com um outro medicamento, utilizado para o tratamento de carrapatos em gado, que também estaria trazendo bons resultados para a COVID-19 na área rural. Segundo Mandetta, em ambos os casos ele vai esperar que a ideia seja adotada.

“A tese é boa? É boa. Mas primeiro convença seus pares técnicos e aí vamos fazer pela ciência. Ci-ên-cia. Ciência, disciplina, planejamento, foco”, disse. “Foi isso que eu disse para eles. Se eles trouxerem um consenso, não tem problema nenhum, a gente adota como posicionamento do Ministério da Saúde.”

O secretário de Ciência e Tecnologia, Denizar Vianna, afirmou que estão em curso ensaios clínicos sobre o uso dos medicamentos para obter resultados preliminares ainda no mês de abril. “Oferecer terapias seguras e eficazes para a população. Esse é o nosso compromisso como Ministério da Saúde. Nós temos que pautar nossas decisões em evidências científicas.”

Governo

O pronunciamento foi feito após a reunião ministerial que definiu a permanência de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde. A adoção da hidroxicloroquina no tratamento do novo coronavírus é um ponto de divergência entre Mandetta e o presidente Jair Bolsonaro.

Bolsonaro defende a adoção do medicamento desde os pacientes com estados menos graves da doença, posição oposta à do ministro. Em falas recentes, Mandetta enfatizou a preocupação com possíveis efeitos colaterais do uso da substância, como arritmias cardíacas fatais.

Nesta segunda-feira (6), o presidente deu mais um passo para fortalecer a posição do governo como favorável à hidroxicloroquina. Bolsonaro convidou a médica Nise Yamaguchi, defensora da adoção rápida da substância, para integrar o gabinete de combate ao coronavírus do governo federal. Fonte: Guilherme Venaglia da CNN, em São Paulo