Um abraço que diz mais que mil palavras. 'Obrigado, doutora.' Foto: Gazeta de Toledo

Por Marcos Antonio Santos

João Cristofoli, 25 anos, influenciador digital de Toledo, que sofreu um acidente com monociclo e ficou internado em estado grave neste ano, fez uma visita ao Hoesp/Hospital Bom Jesus nessa quinta-feira, dia 17. Foi um momento emocionante. Ele e a neurocirurgiã Kelly Cristina Bordignon Gomes, responsável pelo procedimento que envolveu a remoção de parte de seu crânio, se reencontraram no quarto onde ele ficou internado por dias, localizado na UTI 2 do hospital.

“Se você reparar bem, essa parte aqui da minha cabeça é diferente; você vê uma diferença aqui neste lado. E essa diferença, essa marca, é o que salvou minha vida. É muito bom voltar ao hospital, porque foi o local onde eu renasci; foi meu segundo nascimento e isso foi muito importante. Depois que tive alta, ao sair do hospital, todo mundo disse que sabia que eu ia ficar bem, porque estava sendo cuidado pela doutora Kelly. Muitos outros profissionais também me ajudaram, mas ressalto a doutora Kelly, porque ela esteve comigo todos os dias e fez isso por mim. Sou muito grato a todos: a Deus, aos médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem”, enaltece João.

Ele comemora que, após a cirurgia, não ficou com nenhuma sequela. João também afirmou que vai comemorar seu aniversário duas vezes: no dia em que nasceu, 22 de novembro, e no dia 30 de março, quando realizou a operação.

REDES SOCIAIS – Nas redes sociais, João, que disse estar se recuperando 99%, compartilhou detalhes do procedimento realizado no hospital, onde parte de seu crânio foi “guardada” em seu abdômen. “Eu gostei dessa repercussão nas redes sociais, não por conta do que vivi, mas para mostrar às pessoas que passam pela mesma situação que eu que elas têm que batalhar. Eu gostei de levar isso para as pessoas, porque, infelizmente, aprendi que não podemos desfazer o que já aconteceu. Já havia sofrido um acidente e passado pela cirurgia; não havia como desfazer. Eu ainda não voltei a gravar vídeos porque estou com um problema; talvez precise de uma nova cirurgia no meu dedo, que também foi lesionado no dia do acidente. E preciso avaliar a clavícula para ver se será necessária outra operação”.

CIRURGIA – A neurocirurgiã Kelly Cristina Bordignon Gomes explica como foi a cirurgia, uma prática realizada há muito tempo. “A cirurgia do João foi um procedimento chamado craniectomia descompressiva, que realizamos quando é indicado remover uma parte da calota craniana. Essa parte é retirada para que o cérebro, que está com um inchaço muito grande, tenha espaço para se expandir. Claro, há outras indicações além dessa, mas a principal é essa. Pode ser indicada tanto em traumatismos cranianos quanto em AVCs hemorrágicos ou tumores. Essa prática é realizada há bastante tempo. O caso dele chamou a atenção porque sua evolução foi muito rápida em termos de recuperação, e ele não ficou com nenhuma sequela, então isso se destacou. Mas o procedimento é realizado com frequência, com vários casos de sucesso, embora, infelizmente, existem outros em que o paciente não evolui bem, mesmo com a realização do procedimento. O caso dele se destacou pela rapidez na recuperação e pela forma como ficou”, afirma.

Foto: Gazeta de Toledo

Para a doutora Kelly, ver a recuperação de João é animador para os médicos. Segundo ela, a cirurgia foi o único caminho a seguir. “Não teríamos nem a possibilidade de avaliar o que teria acontecido se não tivesse sido feito esse procedimento. É extremamente motivador ver o João com saúde; isso nos mantém confiantes em nosso trabalho. Ainda bem que existem casos como esse; infelizmente, também temos casos que não evoluem tão bem, mas os casos positivos nos motivam a continuar fazendo o que fazemos todos os dias. Não esperava toda essa repercussão, porque realmente fazemos essas cirurgias há bastante tempo. Mas o caso dele, de alguma forma, chamou a atenção. Que bom que ele vai ficar sem nenhuma sequela”, ressalta a médica.

CAMPANHA – No encontro entre a médica e João, o enfermeiro do Hospital Bom Jesus, Itamar Weiwanko, aproveitou para anunciar o lançamento de uma campanha para contribuir com o setor de neurocirurgia do Hoesp. “O Hospital Bom Jesus atende milhares de pessoas todos os dias e precisamos repor alguns instrumentais e equipamentos, principalmente na área de neurocirurgia. O hospital vai abrir uma campanha para solicitar a colaboração de toda a comunidade local e regional que utiliza as instituições, a fim de recompor alguns instrumentos para a equipe de neurocirurgia, garantindo condições adequadas de trabalho para desenvolvermos cirurgias como a do João Cristofoli”, enfatiza. No Instagram da Gazeta de Toledo, você pode assistir à entrevista completa.