Dom João Carlos Seneme, Bispo da Diocese de Toledo. Foto: Divulgação

Continuamos a refletir sobre o tema da missão no evangelho de Marcos (6,30-34). Domingo passado Jesus enviou os apóstolos às aldeias vizinhas com o objetivo de anunciar o Reino de Deus. Hoje acompanhamos o retorno deles e o momento em que relatam a Jesus tudo o que fizeram e ensinaram. Jesus percebe o cansaço e o entusiasmo deles e os convida para ir a um lugar reservado para rezar, descansar e refletir.

Os apóstolos precisam compreender que eles continuam a missão de Jesus. Por isso deverão seguir o único Bom Pastor, Jesus, que é manso e humilde de coração. A missão dos apóstolos está em estreita ligação com a missão de Jesus: eles se encontram no mesmo lugar (Galileia), e anunciam o Reino de Deus.

Durante o trajeto acontece uma mudança nos planos. Uma grande multidão segue Jesus e os apóstolos; são pessoas sem rumo e necessitadas: precisam de alguém que os guiem e cuidem deles. Chama a atenção o carinho de Jesus tanto em relação aos apóstolos quando percebe que precisam descansar quanto à multidão que o procura e precisam de atenção: “Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas”.

Jesus é o bom pastor já anunciado pelos profetas, que se preocupa com suas ovelhas. Diante da necessidade das pessoas que o procuram, Jesus manifesta a bondade e a misericórdia de Deus partilhando o pão que permanece para sempre. Neste momento o alimento é o ensinamento, a partilha da palavra, em outro momento será o pão que sacia a fome. São sinais que devem orientar nossa conduta de pastores, de comunidade que se alimenta continuamente do pão da palavra e do pão da eucaristia e que nos prepara para ser enviados em missão para atender as necessidades de quem sofre e precisa de atenção e misericórdia.

Pastorear é aproximar-se das pessoas e conduzi-las a Deus; o pastor é um facilitador deste encontro. É uma tarefa que fomenta a comunhão entre Deus e seu povo e das pessoas entre si. É o que faz Jesus quando percebe que a multidão que o seguia precisava de orientação. Então, ele mostra o caminho que conduz a Deus sendo ele mesmo guia e acompanhante. A missão dos apóstolos será a mesma. A nossa missão de batizados também é a mesma.

Todo batizado é mediador entre Deus e a humanidade. Todos nós somos discípulos missionários. Devemos mostrar o caminho de Jesus que é manso e humilde de coração. Ajudar a pessoas a encontrar este caminho é tarefa de todos, por isso mesmo nosso trabalho é chamado de pastoral, o pastor que cuida, protege e mostra o caminho. Esta tarefa pastoral, para que realmente produza os frutos que Deus espera, deve ser motivada pela misericórdia e compaixão. Sem estes valores corremos o risco de apresentar nossa própria vontade e interesses e deixar Deus de lado. Para ser verdadeiros pastores temos que compreender a vida dos outros, colocar-se em seu lugar, demonstrar que estamos unidos em um só coração e que o bem de nossos irmãos é essencial para nós.

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo