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Jesus, lembra-te de mim. Ainda hoje estarás comigo no paraíso

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Dom João Carlos Seneme, Bispo da Diocese de Toledo. Foto: Divulgação

Com a Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, encerramos o Ano Litúrgico e celebramos o Padroeiro de nossa Diocese e de nossa Catedral. Ao longo deste caminho, acompanhamos Jesus pelo olhar de Lucas, que mostrou o Filho de Deus sempre inclinado a servir, nunca a ser servido. Agora, ao contemplarmos Cristo exaltado como Rei, encontramos um paradoxo: todos os que assistem à crucificação esperam que Ele prove sua divindade descendo da cruz, conforme a lógica dos poderosos deste mundo. Mas o Reino de Deus não se funda nessa mentalidade. É um Reino cuja autoridade não nasce da força humana, mas da entrega total de Jesus, que oferece a própria vida para nos libertar do pecado e da morte.

Existe sempre uma distância entre o líder que imaginamos e o líder que Deus realmente oferece. A história bíblica é marcada por essa tensão: o povo buscava alguém que vencesse batalhas, ampliasse fronteiras e garantisse prestígio. Porém, Deus responde com líderes que conduzem não pela força, mas pela fidelidade. Assim acontece com Davi, ungido rei em Hebron: pequeno aos olhos dos homens, mas grande no coração de Deus. Sua escolha aprofunda a Aliança e revela que Deus transforma fragilidades em instrumentos de salvação.

No Evangelho, essa lógica se torna definitiva. O descendente de Davi é Jesus, o escolhido que não aparece num trono, mas numa cruz. Não usa manto real, mas carrega feridas. Não ouve louvores, mas insultos. Autoridades, soldados e um criminoso o rejeitam, negando sua realeza. Contudo, é justamente ali que se revela o escândalo da fé cristã: Deus escolhe um Rei que não salva a si mesmo para poder salvar a todos.

A cruz manifesta a verdadeira realeza de Cristo: o amor que se doa, a misericórdia que acolhe, a compaixão que cura. E nesse cenário surge uma figura inesperada: o bom ladrão. Ele reconhece o Reino de Jesus quando todos os outros o desprezam. Vê, naquele crucificado, a autoridade que não oprime, mas redime; não condena, mas perdoa. Seu pedido — “Jesus, lembra-te de mim” — rompe as trevas e abre a porta da eternidade. E Jesus lhe responde com a promessa que resume todo o Evangelho: “Hoje estarás comigo”.

Assim compreendemos: Deus não nos concede o líder que nossos medos pedem, mas o Rei que nossa salvação necessita. Cristo reina entrando em nossas dores, caminhando em nossa história, tocando nossas feridas. Ele não reina de longe, mas a partir da cruz, lugar onde nossas culpas, solidões e sofrimentos se tornam caminho de vida nova.

Quantas vezes pedimos a Deus líderes que nos defendam, que confirmem nossas certezas ou punam nossos inimigos? Porém, Deus nos oferece quem nos converta e nos cure. A oração do bom ladrão também é a nossa: “Jesus, lembra-te de mim”. É a prece dos que confiam mais na misericórdia que nos próprios méritos.

Hoje celebramos o Rei que o mundo não entende, mas que nosso coração reconhece. O Rei que não impõe, mas convida; que não constrói impérios, mas comunhão; que não promete facilidades, mas presença. E sua palavra permanece: “Hoje estarás comigo”. Que saibamos reconhecer neste Rei crucificado o único Senhor capaz de nos conduzir à verdadeira vida. Amém.

Na festa do padroeiro de nossa Diocese não nos resta outra coisa senão repetir com alegria, mais uma vez: “O Senhor é o meu pastor, não me falta coisa alguma”! O Rei que seguimos se ofereceu na cruz, vítima pura e pacífica, para redimir toda a humanidade. Por isso o seu Reino é da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz. Amém.

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo

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