Por Marcos Antonio Santos

Poderá ser a pior epidemia de dengue dos últimos anos, diz Lilian  

O ano de 2024 está apenas começando, mas um problema antigo promete ser ainda mais grave neste ano.  A preocupação mais uma vez é com a dengue e a proliferação do mosquito Aedes aegypti. E dois bairros, segundo a Setor de Controle e Combate às Endemias de Toledo, estão em alerta: Jardins América e Europa.  

A coordenadora do Setor de Controle e Combate às Endemias, Lilian König, desabafa e se diz decepcionada com a falta de cuidados da população. “Nessa quinta-feira (11), eu tive vontade de chorar. Trabalho no Setor de Endemias desde 2011, hoje sou Agente de Saúde, e na minha vida de profissional de saúde, eu nunca vi tantas larvas do mosquito Aedes aegypti em Toledo. Nesta semana estava no Jardins América e Europa, porque os sintomas das pessoas nesses bairros são fortes, e muitos estão de cama. Recentemente fizemos um Ecoponto Itinerante nessa região, porém retornamos pelo grande número de notificações de casos suspeitos, e nas vistoriais encontramos muitas larvas e falta de cuidados da população. As pessoas precisam ‘acordar’ e receberem os Agentes de Endemias. Em uma única casa encontramos 12 focos. Apenas um pequeno pote tem capacidade para armazenar mais de 100 larvas. Cada larva vai virar um mosquito adulto e vai produzir mais 500. A situação do América e Europa é desesperadora”, alerta Lilian.  

Ela ressalta que não é por falta de trabalho dos agentes que vem aumentando os casos de dengue e a proliferação dos mosquitos. “Aplicamos multas, fazemos campanha de orientações e estamos fazendo o que tem que ser feito. E se a população não tiver cuidados será a pior epidemia de dengue dos últimos anos em Toledo. E com isso as Unidades de Saúde ficarão sobrecarregadas com pacientes com dengue. O Mini Hospital e a UPA estão recebendo pacientes, supostamente com dengue. É inadmissível encontrar uma casa com tantas larvas do mosquito. E os lixos domésticos são os que mais preocupam: potes de sorvetes, vasos de plantas. Se a pessoa fizer uma vistoria por 10 minutos todos os dias dentro da sua casa vai evitar a procriação do mosquito”.

CASOS DA DENGUE PODEM AUMENTAR – A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) divulgou nesta semana, o primeiro boletim epidemiológico da dengue de 2024. Toledo tem confirmados 44 casos de dengue no ano epidemiológico, que teve início em agosto de 2023. Mas Lilian confirma que são bem mais. “O Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) estava em recesso, então os novos resultados irão atrasar, porque quando se encaminha uma amostra demora 15 dias para mandar o resultado. Nestas duas semanas vamos ter um ‘estouro’ de casos. A população muitas vezes não faz a coleta. Acredito que somente no Jardim América passem dos 100 casos de dengue, e pelo nosso diagnóstico nenhuma tinha feito a coleta para exame. E estamos pedindo para eles coletarem para se descobrir o número real da dengue que tem no bairro. A população é teimosa, porque depois que os sintomas passam, não quer saber se era dengue, ou não. Precisamos realizar mais exames, e o certo no América é fazer as coletas nas casas dos moradores”.

Segundo a coordenadora, a princípio não tem Ecoponto Itinerante agendado para os próximos dias, porque as atenções têm que ser no América e Europa.  “Precisamos conter essa epidemia que está nesses dois bairros, é a nossa prioridade neste momento. Vamos ter que entrar com ações mais drásticas nesses bairros. Precisamos controlar a situação e continuamos as aplicações de inseticidas para controlar essa epidemia”, afirma Lilian König.

LIRAA –   O primeiro Levantamento Rápido de Infestação do Aedes aegypti (LirAa) realizado em 2024, em janeiro, pelo Setor de Controle e Combate às Endemias de Toledo, teve índice de infestação predial (IIP) médio de 3,4%, acima do recomendado pelos organismos nacionais e internacionais de saúde (1%) – abaixo do LiraA anterior (em novembro de 2023, 4,6%), porém mais alto que o realizado nessa mesma época do ano passado (2,4%).

Os bairros Jardim da Mata (15%), Rossoni II (14,28%), Gisela I (13,33%), Tancredo I (10,34%) e Porto Alegre I (10,25%) registraram os cincos maiores IIP do primeiro LirAa de 2024.  Pratos de plantas, invólucros com lixo, tonéis, ralos e pneus estão entre os objetos onde os focos do mosquito que transmite a dengue e outras doenças foram encontrados com maior recorrência durante o levantamento.