Mohamed Mustafa Abdullah, fundador e CEO do Morshy, quer importar gergelim branco e açúcar do Brasil.

A empresa Morshy pretende comprar os produtos no País para distribuir aos mercados árabe e africano; a companhia atua na importação e exportação de gama variada de alimentos

O grupo sudanês Morshy Trading Enterprises tem o objetivo de importar gergelim branco e açúcar do Brasil para fornecê-los aos mercados árabe e africano. Dentro da gama de produtos com os quais a empresa negocia, seja para importação ou exportação, encontram-se leguminosas de todos os tipos, como feijão e grão-de-bico, gergelim, açúcar, oleaginosas, goma arábica e diferentes tipos de ervas e especiarias, entre outros.

Mohamed Mustafa Abdullah (foto acima), fundador e CEO do Morshy, disse que o grupo é composto por 14 empresas, cada uma independente das demais e possuindo um orçamento e gestão independentes, formando uma pequena associação para integração entre si. As empresas estão distribuídas em diferentes países, incluindo Sudão, Egito, Emirados Árabes Unidos e Sudão do Sul, estando em planejamento a abertura de escritório na China.

O grupo atua fortemente no comércio fronteiriço, especialmente devido ao fato de que o Sudão tem divisas com sete países: Egito, Líbia, Sudão do Sul, Chade, República Centro Africana, Etiópia e Eritreia. Segundo Abdullah, o comércio fronteiriço depende da troca de mercadorias e por isso o grupo trabalha com muitos produtos. Por exemplo, o açúcar é fornecido ao Chade em troca de gergelim, que é reexportado, juntamente com outros produtos.

[bsa_pro_ad_space id=17] [bsa_pro_ad_space id=15]

Sobre o gergelim branco e açúcar do Brasil, Abdullah disse que o grupo pretende reexportá-lo para o Egito, além de outros países africanos. Segundo o empresário, o açúcar brasileiro e o açúcar egípcio já foram fornecidos em grandes quantidades para o Sudão. No entanto, esses volumes diminuíram significativamente em favor do produto indiano, que tem baixo preço e também baixa qualidade, de acordo com Abdullah.

“O Sudão importa grandes quantidades de açúcar, mas o produto não é consumido totalmente no Sudão, sendo usado no comércio fronteiriço, onde é trocado com outros produtos de países vizinhos. Esse é um dos fatores que pressiona a moeda estrangeira no Sudão, pois as importações são pagas em dólares”, disse o empresário.

Sobre o mercado brasileiro, o fundador e CEO do Grupo Morshy disse que há grandes oportunidades de cooperação com empresas do País, especialmente tendo em vista a diversidade com os quais o grupo atua na importação e exportação. O grupo se associou à Câmara de Comércio Árabe Brasileira para identificar as oportunidades disponíveis para seus produtos no mercado brasileiro, além de fazer importações do país.

O Grupo Morshy estuda as características do gergelim brasileiro e sua adequação aos mercados do Egito e árabes em geral. Caso seja adequado, as importações começarão o mais rápido possível para suprir as demandas do Sudão e do Chade. Apesar dos planos com o açúcar brasileiro, ele descarta importar o produto no atual momento por causa dos preços elevados em comparação com o açúcar indiano. Ele afirma que sabe da alta qualidade do açúcar do Brasil, mas que os preços são fator decisivo para a escolha do consumidor africano.

Negócio do grupo

Abdullah falou sobre o papel de cada empresa do grupo, sendo que a operação estabelecida no Egito exporta erva-doce para a Índia, farinha e molho para países africanos e importa gergelim, amendoim e grão-de-bico do Sudão. Segundo ele, a unidade também costumava fornecer açúcar egípcio para o Sudão, porém devido aos altos preços do açúcar egípcio e brasileiro, o produto indiano assumiu a maior fatia do mercado. O grupo estuda construir uma fábrica de halawa de tahine e tahine em uma das zonas industriais do Egito.

Já a unidade do Sudão exporta cominho, goma arábica, hibisco, polpa de melancia e coentro para a Índia, China, Vietnã, Iraque, Iêmen e Norte da África, enquanto importa ervilhas amarelas e feijão da Inglaterra, além de cimento do Egito. No Sudão do Sul há fornecimento de lentilhas do Canadá e feijão da Inglaterra, Síria e Egito, além de cimento. Por outro lado, a empresa exporta madeira, sendo que, nessa área, ela trabalha com organizações internacionais que interagem com o governo do Sudão do Sul e participam de licitações públicas.

A empresa sediada nos Emirados Árabes Unidos também é composta por duas partes, sendo a primeira especializada em alimentos e com larga experiência na importação e exportação para países onde o grupo não tem escritórios ou empresas. Ela importa produtos da Tanzânia, lentilhas do Quênia e feijão e café de Madagascar. Os produtos são exportados para vários países. Segundo ele, a segunda empresa dos Emirados é especializada em comércio em geral e no trabalho com organizações internacionais sediadas no Sudão do Sul.

Texto de Omar Assi, com, tradução do árabe de Georgette Merkhan para a Agência de Notícias Brasil-Árabe.