Por Marcos Antonio Santos
Os casos de pedofilia quando são divulgados assustam a sociedade e esse perigo está em casa, nas ruas, nas escolas, nas festas. E principalmente nos celulares; no ambiente virtual, que se torna uma realidade apavorante e desumana.
O caso mais recente em Toledo é de um professor de 25 anos de idade, que está preso, e acusado de pornografia infantil, pedofilia e cyberbullying.
Infelizmente, hoje, as redes sociais municiam esses pedófilos com informações sobre a rotina e familiares da próxima vítima, e começa o terror; seja de uma aluna, um aluno, de uma criança com 10, 11 ou 12 anos de idade. Ameaças de matar os pais, avós, irmãos. A criança assustada e indefesa acaba caindo no golpe e faz o que o criminoso virtual e real exige: que são os envios de fotos íntimas da garota. Fotos que vão ser vendidas e expostas no submundo digital; na dark web e deepfake. Os casos de pedofilia virtual se multiplicam ainda mais com os avanços da inteligência artificial.
O agressor pode estabelecer segredos com a criança, ou usar outras formas de chantagem para manipulá-la e evitar que revele o abuso.
TOLEDO CONTRA A PEDOFILIA! – O caso do professor, mais um que se tem notícia, gera revolta nos pais e na sociedade, que buscam soluções para esse problema tão nocivo. Na última quarta-feira, 29, um grupo organizado pelo WhatsApp realizou uma manifestação em frente ao Fórum da Comarca de Toledo.
“É preocupante em Toledo e no Brasil inteiro. Se analisarmos o caso desse professor, que foi libertado, e, com tornozeleira eletrônica, não é suficiente. Em Toledo, conhecemos ele, porque foi noticiado. Mas imaginamos que ele queira trabalhar em outra cidade, ele poderá. Não é identificado, e não há lei que obrigue pedir uma certidão de antecedentes criminais. Ele simplesmente pode continuar trabalhando normalmente”, relata a mãe e cidadã Fabiane Stockmanns Prochnau.

PRESO – O professor depois de ser preso, foi soltou pela Justiça, que não via indícios para a manutenção da prisão preventiva. A determinação foi da juíza da 2ª Vara Criminal de Toledo, Vanessa D’Arcangelo Ruiz Paracchini. Mas na quarta-feira, durante a manifestação, ele foi preso novamente. “O pedófilo foi preso com decisão tomada em outro inquérito policial. Ele responde a duas investigações na delegacia de Toledo. Estava com a tornozeleira eletrônica, mas o delegado Fabio Freire (responsável pela investigação) pediu a prisão dele em outro inquérito, que foi deferida”, afirma o delegado Alexandre Macorin (chefe da 20ª Subdivisão Policial de Toledo).
754 – Em 2023, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Toledo atendeu 754 crianças e adolescentes que sofreram algum tipo de violência. O dia 18 de maio, é o Dia Nacional do Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data foi escolhida em memória do caso Araceli, um crime que chocou o país em 1973. Araceli Crespo era uma menina de apenas 8 anos de idade, que foi violada e violentamente assassinada em Vitória (ES).
Para o pai de dois filhos, Jorge Morgenstern, os casos de pedofilia acontecem em todo o mundo, mas quando acontece nas proximidades das crianças de Toledo, todos ficam mais alarmados. “Quem tem filho se preocupa e começa a privar as crianças e adolescentes de algumas situações; tem que levar na escola e não deixarem eles andarem 100 metros sozinhos, e ter atenção com moradores de rua, porque já houve relatos de casos de molestação em Toledo. O perigo está nas ruas e também nas mãos dos dos nossos filhos com os celulares e a internet, isso tudo faz com que redobremos os cuidados”, alerta.
De acordo com Jorge, outra reivindicação é por uma punição mais severa para esses crimes virtuais e reais. “A partir do momento que não acontece nada com esses pedófilos, prende e depois solta, mais pessoas terão a liberdade dessas atitudes horrorosas contra crianças, adolescentes e adultos também”, afirma Morgenstern.
AUTISTAS – Para os pedófilos, os desafios estão no impossível e eles podem seguir um ciclo de comportamento que envolve atração, fantasia, sedução, abuso e, em alguns casos, esses criminosos abusam de crianças autistas, que são alvos fáceis, por isso o abuso sexual dessas crianças costuma ocorrer durante o dia e em espaços aparentemente seguros, por familiares e auxiliares de cuidados.
Tania Bilato, mãe de um rapaz autista, disse que pessoas com espectro autista na maioria não fala, e quem se expressa não sabe o que aconteceu. “O que existe é que o comportamento deles piora muito. Não temos como provar nesses casos, é um grande desafio. Recebemos muitas denúncias de agressões, mas sobre pedofilia é muito complicado falar. Infelizmente o pedófilo aproveita da inocência dessas crianças, porque o autista não vê maldade em nada e nesses casos acontecem os abusos”, relata Tania.