Empresa emprega cerca de 40 pessoas. Foto: Gazeta de Toledo

Por Marcos Antonio Santos

“Estou sem dinheiro e pedindo comida na casa dos outros. Fui despejado da minha casa”

Aproximadamente 40 funcionários terceirizados da empresa Almeida Paisagismo, com sede na Rua Borges de Medeiros, em Toledo, paralisaram os trabalhos desde a última sexta-feira, 10. Eles ainda não receberam os salários do mês de abril, que deveria ser pago no quinto dia útil deste mês, atrasos que vem sendo recorrentes. A Almeida Paisagismo é uma empresa que entrou no mercado recentemente e com matriz em Curitiba.

Alguns funcionários que estão na empresa há nove meses, desde que ela ganhou a licitação para realizar o corte de gramas em praças, avenidas, parques, prédios públicos; roçada; capinagem; serviço de jardinagem no município Toledo, também denunciam que nesse período não foram depositados os valores do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

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“Enquanto não sair o pagamento não vamos trabalhar mais.  Entramos em contato com a prefeitura, mas não responderam. Segundo as informações da empresa o pagamento era para ser feito nessa segunda-feira, 13. Mas, eles prometeram que seria pago na última sexta-feira. O FGTS também não vem sendo depositado. Estou trabalhando há nove meses e até esse momento não foi depositado nada. Passamos o Dia das Mães sem dinheiro. Esperamos que o prefeito (Beto Lunitti) e o vice-prefeito (Ademar Dorfschmidt) nos deem uma mão nesse momento, porque a nossa situação está crítica. Na hora do bem-bom, eles gostam, então agora eles precisam ajudar a gente. Estamos em frente da empresa. Não sai pagamento, não sai trabalho”, relata um funcionário da empresa que prefere não se identificar.

Os funcionários, que trabalham no horário das 7h às 17h, recebem em média R$ 2.500,00, incluindo vale-alimentação de R$ 700,00.  “O pagamento já atrasou no mês passado. Estou pedindo alimentos na casa dos outros, fui despejado da minha casa, não tenho nem onde morar. Estou na rua e sem alimento e esperando receber para voltar para a minha casa. Não tenho dinheiro até mesmo para comprar um quilo de arroz. Meus filhos e minha esposa moram na cidade de Capanema, estou tentando juntar dinheiro para trazer eles para Toledo. Está muito difícil”, disse outro funcionário que está na empresa há pouco mais de dois meses.

Outra queixa dos funcionários é a falta de uniforme para trabalhar. “Na verdade, somente tenho uma camiseta. A empresa tem que fornecer o uniforme. Tenho que chegar em casa depois do serviço, lavar a camisa para trabalhar com ela no dia seguinte. Ainda bem que tenho o meu filho que paga o aluguel. Estamos passando por dificuldades e as outras contas estão atrasadas. A empresa não fornece alimentação e tenho que trazer de casa ou comprar marmita. Ela nos paga o vale-mercado, mas também está atrasado. O FGTS nem consta na Caixa Econômica”, conta o funcionário que está na empresa há sete meses. Os funcionários mais antigos receberam dois uniformes.  

Carro particular utilizado por funcionário para carregar equipamentos. Foto: Gazeta de Toledo

Além de todos esses problemas trabalhistas, um funcionário disse que utilizou o próprio carro para carregar equipamentos de trabalho, o veículo quebrou e ele teve que gastar R$ 2.700, 00 no conserto, e não foi ressarcido pela Almeida Paisagismo. Nesse período o carro da empresa estava quebrado. “ Trabalhei com o meu carro por um mês para a firma puxando equipamentos em uma carretinha e com isso fundiu o motor. Tive que pagar R$ 2.700,00, eles disseram que não iriam me ajudar a pagar o conserto, apenas abasteceram o meu veículo com 11 litros de combustível durante um mês.   Minha sorte é que minha mulher trabalha e pode comprar os alimentos e pagar o aluguel. Em nove meses que trabalho na empresa somente dois meses eles pagaram no dia certo”, afirma.

NADA A DECLARAR – Procurado pela Gazeta de Toledo, o responsável pela empresa na cidade não quis se manifestar sobre os problemas trabalhistas. “ Não tenho nada a declarar, sou funcionário igual a eles e não respondo pelo nome da empresa”, disse Douglas Dall O Glio.

SEM ATRASOS – Os serviços oferecidos pela Almeida Paisagismo são de responsabilidade da Secretaria da Infraestrutura Rural e Urbana e de Serviços Públicos.

Segundo o secretário da pasta, Maicon Bruno Stuani, a prefeitura não deve nada para a empresa. “No mês de abril, eles ficaram de entregar as certidões negativas, que precisam estar tudo dentro da legalidade, mas foram entregues para o Departamento de Contabilidade do município somente na última sexta-feira.   Essas notas serão pagas agora nesta terça-feira ou nesta sexta-feira, 17, que são os dias de pagamento da prefeitura. O município não está em atraso com a empresa terceirizada, até porque eles emitem a nota fiscal dos serviços prestados. É um valor de produtividade”, afirma. 

Stuani disse ainda que eles estão em contato com a Almeida Paisagismo, que confirmou que eles tentariam fazer o pagamento até o final da tarde dessa segunda-feira.