Por Marcos Antonio Santos
Iniciou na segunda-feira, 2 de junho, o período de vazio sanitário da soja para as regiões Norte, Noroeste, Centro-Oeste e Oeste do Paraná, que integram a Região 2 do escalonamento definido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A medida segue até 31 de agosto, com a liberação para o plantio da oleaginosa a partir de 1º de setembro de 2025, encerrando-se em 31 de dezembro.
De acordo com o fiscal agropecuário da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar – município de Toledo), vinculada à Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento, Anderson Lemiska, a ferrugem é a principal doença que afeta a cultura da soja e só se reproduz e se mantém no campo, principalmente, em plantas vivas de soja. “Plantas guaxas, voluntárias ou tigüeras, como são conhecidas no campo, são fontes importantes para a reprodução da ferrugem durante a entressafra. Esse período de 90 dias serve justamente para quebrar o ciclo da doença na entressafra, permitindo que o agricultor cultive sua soja com a entrada da doença ocorrendo mais tarde. Na nossa região, geralmente a ferrugem chega por volta do mês de novembro, podendo ocorrer até dezembro, dependendo das condições climáticas. Isso atrasa a entrada da doença e também as aplicações de fungicidas, o que favorece o agricultor: quanto mais tarde a aplicação, menor será a quantidade de produto utilizada e, consequentemente, maior a rentabilidade da área”, explica.
Lemiska também destaca que, na Região 2, há o período de calendarização da semeadura, que será autorizado de 1º de setembro a 31 de dezembro deste ano. “É importante que os agricultores fiquem atentos a essa medida, que tem como objetivo preservar a vida útil das moléculas dos fungicidas disponíveis no mercado. A pesquisa agropecuária oficial do Brasil, por meio da Embrapa, tem demonstrado em testes de campo que, a cada ano, a eficácia desses produtos tem diminuído devido ao uso intensivo. Naturalmente, a ferrugem vai adquirindo resistência, e a eficácia dos fungicidas se reduz. A calendarização busca justamente postergar esse processo”, esclarece.
FISCALIZAÇÃO
“Durante o período do vazio sanitário e da calendarização, as equipes da Adapar estarão a campo fiscalizando o cumprimento dessa medida legal. Em caso de descumprimento, será lavrado auto de infração. O agricultor responderá a um processo administrativo dentro da Adapar e poderá ser penalizado com multa, dependendo da situação e da reincidência ou não do fiscalizado. A agência também mantém um termo de cooperação técnica com o Ministério Público do Estado do Paraná, para o qual o processo pode ser encaminhado a fim de se avaliar eventual responsabilidade civil e criminal”, menciona Lemiska.
RECOMENDAÇÃO
A Adapar recomenda que os agricultores da região vistoriem suas áreas e eliminem eventuais plantas de soja espontâneas, voluntárias. Tanto o vazio sanitário quanto a calendarização da semeadura são medidas fundamentais para o próprio agricultor, pois reduzem a necessidade de aplicação de produtos químicos e prolongam a vida útil dos defensivos, o que melhora a eficácia do controle sanitário na lavoura e gera maior rentabilidade. “É importante lembrar que a ferrugem não respeita divisas entre municípios nem entre propriedades. Se um agricultor faz o manejo corretamente, mas o vizinho não, a doença pode ser transmitida de uma propriedade para outra. Por isso, é essencial que todos estejam conscientes da importância dessa medida”, alerta Anderson Lemiska.
ADAPAR
A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), vinculada à Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento, é responsável pela fiscalização em todo o território paranaense, devendo aplicar as penalidades previstas em lei aos produtores que não fizerem a erradicação das plantas vivas de soja durante o período do vazio sanitário. Também cabe à autarquia o controle e cumprimento das datas para a janela de plantio da cultura no Estado.
O Departamento de Sanidade Vegetal da Adapar (DESV) reforça que é essencial que todos os agricultores adotem esses cuidados em suas propriedades. A agência destaca que a medida sanitária só será eficaz com o monitoramento constante e a eliminação imediata de qualquer planta viva de soja que venha a ser detectada.