Horas depois de deixar a cadeia, onde passou a noite, o vereador Dudu Barbosa faz pose com sinal de arma, acompanhado do vice-prefeito e sevidores, em um restaurante da cidade, debochando da prisão.

Da prisão ao escárnio com a população de Toledo, o vereador Dudu Barbosa faz troça e compromete a imagem de representantes da Câmara e da Prefeitura de Toledo

Por Fernando Braga

Depois da repercussão negativa para a imagem da Câmara Municipal, e até mesmo para o governo municipal, a prisão do vereador Dudu Barbosa, que preside a Casa Legislativa, segue dando o que falar e suscita novas denúncias.

Nos bastidores, servidores da Prefeitura de Toledo se mobilizam para lidar com a situação, bem como vereadores, que estão preparando ações para serem apresentadas na Câmara. Tudo porque Dudu Barbosa não estava só, quando foi preso pela Polícia Militar, na última sexta-feira (28/06), por porte ilegal e disparos de arma de fogo.

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Dudu Barbosa foi solto na madrugada de sábado (29/06), e no mesmo dia compareceu a um restaurante da cidade, onde foi fotografado na companhia do vice-prefeito Ademar Dorfschmidt e de servidores da prefeitura, fazendo sinais de armas com as mãos, em claro deboche à sua prisão por porte ilegal de arma de fogo. Solto, o vereador volta às suas funções parlamentares, porém, enfrentará seus pares, que devem protocolar, dentro do trâmite legislativo, medidas para averiguar diversas irregularidades, solicitando o afastamento do cargo. Entre as irregularidades, uma chama a atenção pelo horário da prisão. De acordo com o Boletim de Ocorrência da Polícia Militar, a prisão de Dudu Barbosa, que estava na companhia de outras pessoas, se deu às 16h45, horário em que os servidores do Poder Público se encontram em expediente.

A lavratura da ocorrência cita a presença de três servidores, que acompanhavam o vereador durante o suposto “treino de tiro” que ele estaria praticando. Um dos servidores é o secretário do AgroDeseco (Agronegócio, Desenvolvimento Econômico, Comércio, Indústria e Turismo). Os outros dois são a assessora do vereador preso e o diretor da Câmara Municipal, nomeado por ele.

Diante do flagrante, pergunta-se o que os três servidores públicos, que ocupam Cargos em Comissão, estavam fazendo na zona rural de Toledo, naquele horário, sendo que o expediente das repartições públicas se encerra às 17h?

Outro ponto que pesa contra o vereador preso é que ele feriu o Código de Ética e o Regimento Interno da Câmara Municipal de Toledo, que dita que a conduta de um vereador deve pautar-se por padrões éticos. Entre os princípios a serem respeitados pelos edis está o exercício do mandato “encarado como uma atividade profissional, refletindo-se na vida pessoal do vereador”. Se enquadradas como quebra de decoro parlamentar, as irregularidades por ele cometidas, podem acarretar mais problemas para Dudu Barbosa, principalmente dentro da Casa Legislativa.

Ainda um outro ponto precisa ser elucidado. Como Dudu Barbosa adquiriu, segundo ele em uma loja da cidade, as munições que dispunha quando foi preso em flagrante? Se as munições eram de uma pistola 9mm, que é uma arma de uso restrito, como Dudu as adquiriu? Ele não possui porte de arma e, portanto, não poderia adquirir munição alguma, muito menos aquelas que são de uso exclusivo das Forças Armadas e das Forças Policiais.

Como se vê, motivos para o afastamento do vereador que compõe a base de apoio do prefeito no Legislativo, ou intervenção do Ministério Público, não faltam, bem como não faltam motivos para que o prefeito Beto Lunitti venha a público se manifestar se manterá, ou não, um vereador com situação tão complicada em sua base apoio, como aliado político. Será que o prefeito vai abraçar ou se distanciar de Dudu Barbosa? E os servidores flagrados com o vereador no momento da prisão, permacerão incólumes em seus postos, recebendo polpudos salários mantidos com recursos públicos?