Por Marcos Antonio Santos
Do álcool à memória: Fiat 147 celebra quase meio século com relatos emocionantes
Nesta segunda-feira, 14 de julho, celebramos o Dia do Fiat 147, o primeiro carro da Fiat fabricado no Brasil. Lançado oficialmente em 14 de julho de 1976, o modelo não só marcou a entrada da montadora italiana no mercado nacional, como também se tornou um verdadeiro ícone da indústria automobilística brasileira.
Compacto, econômico e com um design inovador para a época, o Fiat 147 conquistou as ruas e os corações dos brasileiros. Foi também pioneiro em tecnologia: em 1979, tornou-se o primeiro carro movido a álcool produzido em série no país — um marco para a engenharia e a sustentabilidade.
Fabricado na planta de Betim (MG), o 147 inaugurou uma nova fase na produção de veículos nacionais, abrindo caminho para outros modelos de sucesso da Fiat. Apesar de suas linhas simples e porte modesto, seu impacto foi gigante.
O 147 é lembrado com carinho por colecionadores e entusiastas, como símbolo de inovação, ousadia e um pedacinho da nossa história sobre rodas.
Roberto: um legado entre gerações
Roberto Anchau, membro do Veteran Car Club de Toledo, compartilha sua história de amor pelo Fiat 147. Ele conta que seu primeiro carro, aos 18 anos, foi um Fiat 147 de 1979, que marcou sua vida. Agora, ele presenteou seu filho de 8 anos, Bernardo, com um Fiat 147 da mesma época, revivendo memórias de infância.
“Aos 18 anos, recebi de minha mãe, como meu primeiro automóvel, um Fiat 147 branco, ano 1979. Esse carro representou um marco em minha vida, sendo meu meio de transporte para o trabalho, bailes e festas, acompanhando-me em diversas jornadas. Hoje, tive a alegria de adquirir um Fiat 147, ano 1979, para meu filho Bernardo, de 8 anos, presenteando-o com seu primeiro carro. Expliquei a ele que o 147 foi também meu primeiro veículo, um meio de transporte compartilhado com a vovó, palco de inúmeras aventuras e momentos de felicidade. Sinto-me honrado e feliz em proporcionar ao meu filho essa experiência. Sou membro do Veteran Car Club de Toledo e aproveito a oportunidade para estender um convite a todos: compareçam à quinta edição do Encontro Internacional de Veículos, promovido pelo Veteran Car Club de Toledo, nos dias 18 e 19 de abril do próximo ano”, relata Roberto Anchau.
Sandro: o carro que acompanhou a vida
Sandro Luiz Franco conta que sua experiência com o Fiat 147 e o Spazio começou com um 147 (1979) comprado por seu pai. Depois, teve um Spazio (1983), com o qual viveu muitos momentos importantes. Mais tarde, trocou de carro, mas há seis anos adquiriu um Spazio (1984), que usa diariamente e aprecia muito.
“Quando era mais jovem, o primeiro carro da nossa família foi um Fiat 147, modelo 1979. Eu tinha entre 19 e 20 anos, e meu pai vendeu um terreno em um loteamento para adquirir o veículo. Permanecemos com ele por alguns anos, e então conheci o modelo Spazio, do qual sempre gostei. O objetivo era, então, adquirir um Spazio. Após algum tempo, deixamos o Fiat 147, 1979, e adquirimos um Spazio, 1983. Fiquei com ele por muito tempo, conheci minha esposa, casei e realizamos diversas viagens com o carro. Com o aumento do desejo de viajar, sentimos a necessidade de um carro mais confortável e adequado, e partimos para outro veículo. Passado algum tempo, fiquei sem ter um 147 ou um Spazio na família. Há cerca de seis anos, vendi meu carro, um Fox, e estávamos procurando outro veículo. Encontramos um Spazio 1984, na cor bordô, em Curitiba. Fomos buscá-lo e realizamos algumas manutenções básicas. Estamos com ele até hoje, desfrutando de alegrias e poucas preocupações, com a manutenção habitual. É um carro muito divertido e prazeroso, que utilizo no dia a dia, para ir ao trabalho, e adoro conduzir. É realmente o meu carro”, afirma Sandro Luiz.
Marcos: uma paixão desde a infância
Para Marcos Carlin, a sua paixão de longa data por carros Fiat começou na infância. Ele se lembra de observar os Fiat na frente do prédio onde morava e de brincar com seus irmãos e amigos de contar os carros que passavam. Aos 22 anos, comprou seu primeiro Fiat e hoje possui o quinto, um modelo 79.
“Minha relação com a Fiat remonta à infância. Na época, morava em um prédio onde uma empresa situada em frente utilizava exclusivamente veículos Fiat. Observava a transição das empresas, que estavam substituindo os modelos Fusca e Brasília pela linha Fiat. Aquele carro, com seu design quadrado, me fascinava. Eu e meus irmãos, junto com alguns amigos, costumávamos nos reunir em frente ao prédio nos finais de semana para contabilizar os carros que passavam. Cada um tinha seu carro favorito: o meu era o Fiat, o de um amigo era o Fusca, o de meu irmão era o Passat, e o de outro irmão era o Corcel. Contávamos quantos carros de cada modelo passavam pela rua. O Fusca sempre liderava, mas o Fiat frequentemente alcançava o segundo lugar, o que me encantava. Com o passar do tempo, aos 22 anos, consegui adquirir meu primeiro Fiat. Atualmente, possuo o quinto veículo da marca. O Fiat que tenho hoje é um modelo 79, e sou o segundo proprietário dele. Participo ativamente do Clube dos Antigos; sou sócio do Veteran Car Clube de Toledo e participamos de viagens para exposições e passeios por toda a região. Recentemente, estivemos em Santa Catarina e, anteriormente, na Argentina e no Paraguai com ele. É maravilhoso viajar com um carro que tem 50 anos de idade, apreciando suas características e relembrando a época em que esses veículos eram novos, cortando as estradas do Brasil. É muito gratificante ter um carro assim hoje e poder desfrutá-lo, transmitindo essa experiência para a próxima geração. Minha filha, que hoje tem 18 anos, acompanha-nos nos passeios. Provavelmente, este carro será dela no futuro, e espero que ela continue a usá-lo e a apreciá-lo como nós o fazemos hoje”, relata Marcos Carlin.
Rodrigo: memórias resgatadas na estrada
Rodrigo Garcia Gabriel, que mora em Cascavel, é proprietário de uma Fiat Panorama CL ano 1986, que tem há dois anos. E também é sócio do Veteran Car Club de Toledo.
“Minha história com o Fiat 147 vem desde a minha infância. Meus pais sempre tiveram o modelo e sempre viajamos para o Rio Grande do Sul em vários desses Fiat. Daí vem o amor pelo carro. Meu primeiro Fiat ganhei com 17 anos da minha mãe: foi uma pick-up 147. Ela trouxe de Gravataí (RS). Com minha Fiat Panorama já tive muitas histórias. No ano passado, fomos a São Paulo, no 9º Encontro Nacional do Fiat 147, em Itupeva. Foi uma viagem de 2.200 km de ida e volta, com muitas histórias pelo caminho. Saímos de Cascavel, fomos até Curitiba e, de lá, subimos em 35 Fiats para São Paulo. Também em 2024, tivemos nossa viagem para a Argentina, em Capioví, juntamente com os amigos do Veteran Car Clube de Toledo. De 2024 até hoje, já rodei mais de 12.000 km participando de encontros com o pessoal do Veteran. Já fomos para o Sudoeste, toda a região Oeste, cidades próximas de Toledo, Curitiba, São Paulo. Inclusive, este ano, vamos de novo para a Argentina. Muitas amizades, muita gente legal que esses carrinhos trazem para nosso convívio. Essa Panorama em específico eu encontrei em Umuarama. Estava há mais de seis anos parada. Eu a resgatei, apenas fiz um polimento e preservei a pintura original com seus desbotados. Fiz apenas uma revisão da parte mecânica. Optei por preservar a pintura original pois gosto do visual no estilo Rat Look (um estilo de personalização de veículos que prioriza um visual envelhecido e inacabado) que ela tem”, conta Rodrigo Garcia.