Por Marcos Antonio Santos
A Fazenda da Esperança, em Toledo, comemora nessa terça-feira, 29, seus 24 anos de história. Fundada em 2000, essa comunidade terapêutica nasceu com a missão de acolher e recuperar pessoas com dependência química, oferecendo um espaço de esperança, apoio e transformação. A iniciativa, idealizada pela comunidade católica local e inspirada na espiritualidade do Evangelho, integra a rede da Fazenda da Esperança, presente em vários países e criada por Frei Hans Stapel e Nelson Giovanelli.
A jornada da Fazenda da Esperança em Toledo começou com desafios, mas também com uma profunda determinação da comunidade em criar um ambiente onde a fé, o trabalho e a convivência fossem as bases para a recuperação. Desde sua fundação, a entidade tem trabalhado com base nos pilares da espiritualidade, convivência e trabalho, que, juntos, ajudam os residentes a reconstruírem suas vidas.
Com o passar dos anos, a Fazenda de Toledo expandiu suas atividades e instalações, acolhendo homens e mulheres em busca de recuperação e reintegração à sociedade. Além do atendimento direto aos acolhidos, a fazenda envolve a comunidade local em eventos e ações solidárias, permitindo que o público compreenda o impacto positivo do projeto.
24 ANOS – Nessa terça-feira, em comemoração aos 24 anos, os 54 pacientes que atualmente residem na fazenda cantaram parabéns e, em seguida, foi servido um bolo, que foi confeitado pelos ‘moradores’ da fazenda. Antes disso, eles participaram de uma cerimônia religiosa comandada pelo bispo emérito de Toledo, Dom Anuar Battisti, um dos fundadores da entidade. Para ele, estar na fazenda é um esforço diário para essas pessoas.
“E a grande força para eles perseverarem é a espiritualidade. Tem missa todos os dias, com a ajuda dos frades agostinianos que celebram na segunda, quinta e sexta-feira. No sábado, existe uma missa coletiva transmitida pela televisão da sede para todas as fazendas, onde eles ouvem uma palavra do presidente nacional. No segundo domingo de cada mês é o dia da visita; as famílias vêm visitá-los, sempre tem uma missa mais tarde, para que todos possam participar. Depois, almoçam juntos e passam o dia com aqueles que já completaram três meses, pois nos primeiros três meses eles não podem receber visitas. São os meses de abstinência, totalmente fechados na fazenda, de purificação física”, afirma Dom Anuar. Os pacientes permanecem internados na fazenda por um ano para se recuperarem.
TRIPÉ – De acordo com o presidente da Fazenda da Esperança de Toledo, José Fernandes Marques, a fazenda é sustentada por três pilares: trabalho, convivência e espiritualidade. “Temos horário para tudo: acordar, tomar café, almoçar, café da tarde e jantar. Chamamos de laboterapia: um trabalho que eles realizam para se ocuparem. Alguns cuidam da horta, outros da granja, outros da padaria, mantendo a rotatividade na produção de bolachas, pães e também do alimento para eles. Esses pães também são distribuídos para as casas onde eles tomam café. Temos uma cozinha central, onde é preparada a comida para todos. Temos um momento de espiritualidade; Dom Anuar vem à fazenda três vezes na semana para celebrar a missa, e também contamos com outros padres e freis. Semanalmente, temos a comunhão de alma e a comunhão de experiência; todos os dias há uma palavra do Evangelho que precisamos colocar em prática, como amar o próximo, arrumar a cama, perdoar, recomeçar. E nem sempre é fácil, mas, a todo momento, pedimos para tentar vivenciar o Evangelho. É isso que, no fundo, recupera os meninos: esse encontro pessoal com Deus”, menciona Fernandes Marques.
Fotos: arquivo pessoal
