O evangelho deste domingo continua retratando a comunidade cristã ideal. Ela é gerada pela Palavra de Deus que deve ser proclamada ininterruptamente. Ela é alimentada pelo amor operoso em favor dos outros, sobretudo os mais frágeis. A comunidade cristã está fundamentada na pedra viva que é Cristo e é estruturada com pedras vivas, os cristãos: a dinâmica da comunidade cristã é seguir Jesus Cristo para chegar no lugar preparado por ele.

Nos primeiros versos de nosso texto, é apresentada aos discípulos a meta da viagem que Jesus inicia e, em seguida, os discípulos deverão fazer o mesmo: a comunhão plena na casa do Pai. Estar onde está Jesus é a única meta autêntica da vida dos homens e mulheres de fé: é um ponto de referência absoluto que liberta do medo e nos dá esperança. Jesus afirma que na casa do Pai há muitas moradas e Ele vai na frente para preparar um lugar para todos. Morada não indica estrutura física, mas se refere à atmosfera de um lar, onde todos se sentem bem, há calor humano e intimidade familiar. É o lugar onde todos se sentem em casa. A casa do Pai – objetivo da viagem – se apresenta como plenitude de comunhão e, Jesus, com sua partida, é aquele que prepara o caminho para que possam chegar sãos e salvos a este lugar, casa do Pai, preparado por ele com tanto amor.

Jesus conviveu com eles por três anos e eles o viram ensinar, conversar e acolher as pessoas. Por isso ele fala “Vocês sabem o caminho aonde eu vou”. Tomé, com seu senso realista e prático de sempre, protesta: “Senhor, não sabemos para onde vais, então como podemos saber o caminho”? Ele está claramente pensando em termos geográficos. A resposta de Jesus é desafiadora: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Para chegar ao Pai é necessário seguir os passos de Jesus: amar como ele amou o Pai e a humanidade. Jesus se oferece como o caminho que devemos percorrer para entrar no mistério de Deus Pai. Só Ele pode desvendar o mistério último da vida. Ele pode comunicar-nos a vida plena pela qual tanto anseia o coração humano.

Através dos diálogos, o evangelista São João revela a missão de Jesus e a dificuldade que os discípulos têm para compreendê-la. A compreensão plena só virá com o Espírito Santo em Pentecostes. Agora é a vez de Filipe se manifestar: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”. A resposta de Jesus revela que Ele é o Filho querido do Pai: “Quem me viu, viu o Pai”. A vida de Jesus, sua bondade, sua liberdade para fazer o bem, sua capacidade de perdoar, seu amor pelos pobres revelam o amor do Pai: “Eu o Pai somos um”. “O Pai que está em mim realiza suas próprias obras”.

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Por fim, Jesus tem uma palavra também para nós. Sua volta ao Pai implica em colocar nas mãos dos discípulos a continuidade de sua missão. Também nós somos enviados em missão para continuar a obra de Jesus: fazer com que a Igreja se “pareça” com Jesus que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Esta é a boa nova para nós hoje.

Para chegar ao Pai é preciso passar por Jesus. Como Ele conhece nossa fragilidade e insegurança, Jesus nos envia o Espírito Santo para ser nosso defensor e iluminar o caminho do seguimento. “Não tenhais medo, estarei convosco sempre, todos os dias”. Que Maria, Mãe da Igreja, abençoe neste dia todas as mães; cuida com carinho daquelas que estão abandonadas e fortalece as que assumem com alegria suas famílias. Amém.

 

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo