Estamos no 4º Domingo da Páscoa (25/04), “Domingo do Bom Pastor”, devido às leituras e orações que nos levam a contemplar Jesus como o Bom Pastor, aquele que dá a sua vida pelas ovelhas.

Cristo é o modelo do verdadeiro pastor que ama de forma gratuita e desinteressada as suas ovelhas até as últimas consequências. As ovelhas sabem que podem confiar nele de forma incondicional, pois Ele não busca o próprio bem, mas o bem do seu rebanho. Para pertencer ao rebanho de Jesus é preciso estar disponível e atento para ouvir sua voz e segui-lo no caminho do amor e da entrega.

Este domingo é profundamente sintonizado com o tempo pascal que estamos vivendo. Com a Ressurreição, Jesus comunica aos seus apóstolos a vida nova: “Recebam o Espírito Santo”. “Ide por tudo mundo e pregai o evangelho a toda criatura”. Somos vocacionados a viver a vida segundo os parâmetros do Ressuscitado: para sermos fieis à vida nova que nasce da cruz e dos estigmas do Ressuscitado, devemos ser capazes de deixar para trás o que não já não serve, que precisa morrer, para que a vida siga sua estrada em direção à plenitude.

Certamente Jesus critica as autoridades judaicas que, em vez de servir ao povo, buscavam as honras para si mesmos. Ao mesmo tempo em que desprezavam o povo ignorante que desconheciam a lei. No evangelho é acentuado que a identidade de Jesus, bom pastor, se manifesta através do serviço aos outros que é resultado na união indissolúvel que une Jesus ao Pai: “É por isso que o Pai me ama, porque dou a minha vida”. É na comunhão indissolúvel com o Pai que Jesus encontra o motivo para levar sua missão até o fim, oferecendo a si mesmo, livremente, sem pensar em sua salvação.

Apresentando-se como o bom pastor que dá a vida por suas ovelhas, Jesus apresenta Deus como alguém que cuida e que se importa com todos, em especial, os mais frágeis. A imagem de Deus, que muitas vezes carregamos conosco, deriva da metafísica e não da Bíblia. Acentuamos demais a onipotência e o poder de Deus e deixamos de lado, que o poder de Deus se revela na morte ultrajante de Jesus na cruz. Para uma teologia metafísica, é absurdo que Deus possa sofrer e morrer, que possa se tornar impotente, fraco e desamparado, e que possa fugir das multidões que o aclamam como rei (Jo 6,15).

O texto do evangelho acentua que a comunhão e a doação de si enriquecem a vida cristã. Jesus entra em comunhão com o seu rebanho e se doa voluntariamente pela salvação de todos. O amor que une Pai e Filho sustenta o ato de Jesus de dar a sua vida para que todos tenham vida em abundância e possam chegar à vida eterna. Tudo o que Jesus faz encontra sua fonte na sua união com o Pai. Ele quer que participemos deste amor e por isso oferece sua vida por nós. Em Jesus, o Bom Pastor, somos definitivamente salvos.

Da nossa parte cabe acolher este gesto de amor e fazer de nossa vida uma contínua oferta para que outros possam conhecer que também foram salvos por Jesus.

Neste dia o Papa Francisco convida todas as comunidades a rezar pelas vocações. Na sua mensagem ele coloca São José como exemplo de doação que dedicou sua vida para cuidar de Maria e Jesus. Diz o Papa: “Deus vê o coração e, em São José, reconheceu um coração de pai, capaz de dar e gerar a vida no dia a dia. É isto mesmo que as vocações tendem a fazer: gerar e regenerar vida todos os dias. O Senhor deseja moldar corações capazes de grandes ímpetos, generosos na doação, compassivos para consolar as angústias e firmes para fortalecer as esperanças”.

Que a Palavra nos estimule a ouvir com atenção e dedicação a voz de nosso Pastor e crie um espaço em suas vidas para viver a experiência do amor gratuito e desinteressado e ir ao encontro de quem precisa de nós.

Rezemos pela fidelidade de todos os consagrados de nossa Diocese: bispo, padres, diáconos, seminaristas, religiosas e religiosos. Que o Senhor Ressuscitado estimule novas e santas vocações!

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo