O recado de Zaneti: menos tapete, mais vassoura
Na sessão da última segunda-feira (11), o vereador Marcos Zaneti deixou a polidez no hall de entrada e subiu à tribuna para fazer o que poucos ali ousam: chamar a Câmara Municipal de Toledo à responsabilidade.
Apontando o dedo — metaforicamente, mas com mira precisa — para a postura “mansa” e protelatória diante do escândalo de corrupção passiva envolvendo Dudu e Valdomiro Bozó, ele lembrou que já existem provas, decisões judiciais e manifestação do Ministério Público suficientes para que a Casa de Leis aja.
Segundo ele, esperar o “trânsito em julgado” para tomar providências é o mesmo que dizer que a ética só vale depois da sentença final — e que, enquanto isso, o contribuinte banca férias remuneradas. Sua defesa foi clara: afastamento com suspensão de salários e uma resposta rápida e transparente à sociedade, em vez de “varrer a sujeira para debaixo do tapete” (afinal, o pó de escândalo não evapora, só se acumula).
A aula de Direito aplicada ao corporativismo
Advogado por formação, Zaneti não economizou na lição: processo penal e processo ético-disciplinar são esferas independentes.
O Legislativo não precisa — e não deve — ficar esperando a Justiça criminal concluir seu caminho de tartaruga para agir politicamente. Medidas como afastamento preventivo e suspensão de subsídios têm respaldo no regimento e na jurisprudência, especialmente quando há risco de o investigado influenciar a apuração.
Tradução prática: a Câmara tem poder para limpar a própria casa, mas prefere esperar que o Judiciário envie uma faxineira com mandado.
As pérolas paralelas do dia
A sessão rendeu mais do que a fala de Zaneti. Entre indiretas e recados cifrados, alguns discursos merecem registro — e moldura:
- Professor Oseias, em modo “zoologia aplicada à política”, citou a máxima: “Galinha que acompanha pato morre afogada”. A frase, segundo ele, foi proferida pelo próprio “alcaide” Dudu Barbosa — hoje mais presente no Diário Oficial do que nas ruas.
Moral da história: quem se aventura a nadar em lago de lama dificilmente sai com as penas limpas.
Amanhã, republicarei a fala completa do nobre edil, que não se limitou a uma simples analogia sobre “postura pública”, mas deu uma verdadeira aula sobre a essência do caráter. - Ricardinho transformou a tribuna em cartório e mandou uma notificação oral ao ex-vice-prefeito Ademar: ameaças à família não o intimidam, e qualquer bravata será tratada na Justiça. Versão comentada: quem dorme de consciência tranquila não perde o sono com ronco de desafeto.
- Chumbinho, com sua memória afiada, relembrou os ciclos negativos das últimas legislaturas e afirmou: se houve quebra de decoro, nós, como vereadores, temos a obrigação de agir. No entanto, o rito jurídico precisa ser respeitado.
Ele também trouxe à tona o episódio do “kit lanche”, quando Dudu e Bozó, teatralmente, penduraram placas imaginárias no pescoço dos colegas, acusando-os de serem “contra o povo” por não aprovarem um determinado projeto.
Hoje, ironizou Chumbinho, quando o assunto é cortar salários de vereadores afastados, aquela pressa e valentia sumiram como vapor. No cardápio do momento: pão de hipocrisia, bem recheado com silêncio cúmplice.
Satirizando a ópera
O enredo do dia poderia ser adaptado para o teatro: “A Câmara e o Crime — Tragédia em Dois Atos”. No primeiro ato, vereadores brandem a espada da moralidade contra adversários; no segundo, quando o feitiço vira contra o feiticeiro, escondem-se atrás da toga do Judiciário como quem se enrola num cobertor em dia de frio político.
Enquanto isso, Toledo assiste, perplexa, a um espetáculo em que a faxina ética é adiada indefinidamente — talvez porque a Casa de Leis tenha medo de descobrir que a sujeira não está só no tapete… mas também nas cadeiras.
Entre a letra da lei e o silêncio conveniente
O plenário da Câmara Municipal de Toledo, nessa segunda-feira, 11, foi palco de um pronunciamento que, por si só, poderia ser registrado nos anais legislativos como exemplo de franqueza e de apreço pela integridade pública.
O vereador Marcos Zaneti, advogado por formação e legislador por escolha, ocupou a tribuna para romper um silêncio que, para ele, mais se assemelha a cumplicidade tácita.
Em um tom que oscilou entre a indignação moral e a argumentação jurídica, Zaneti evocou o princípio do decoro parlamentar, previsto no Código de Ética da própria Casa, lembrando que solicitar, receber ou intermediar vantagens indevidas constitui motivo suficiente para a perda do mandato — independentemente da instância criminal. Com base na decisão já proferida pelo Judiciário e na manifestação expressa do Ministério Público, sustentou que há materialidade robusta para que o Legislativo não se furte ao seu papel.
O cerne da crítica foi direcionado à postura da Mesa Diretora e de parte dos parlamentares, que, sob o argumento de aguardar o desfecho judicial, preferem procrastinar uma decisão interna. Para o vereador, a estratégia de empurrar para o Judiciário aquilo que é competência política e regimental da Câmara é não apenas uma afronta ao interesse público, mas também um desserviço à confiança da população.
No campo estritamente jurídico, Zaneti relembrou o paralelismo de esferas: o processo penal e o processo ético-disciplinar correm independentes, cada qual com seus critérios e finalidades. O afastamento preventivo e a suspensão de subsídios, defendidos por ele, encontram amparo em medidas cautelares previstas tanto na jurisprudência quanto nos regimentos internos, especialmente quando o exercício do cargo possa influenciar negativamente a apuração.
Ao concluir, o vereador fez ecoar no plenário uma advertência que transcende a retórica: “Tentar varrer a sujeira para debaixo do tapete” não elimina a mancha, apenas a desloca para fora da vista — e, no Direito, tanto quanto na ética, a omissão também tem peso de ato.
Toledana conquista cadeira no Tribunal de Justiça do Paraná
Consolidando uma tradição que vem se mantendo há muitos anos, a região Oeste do Paraná emplacou, nesta semana, mais uma representante no colégio de desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado. Natural de Toledo e com atuação também no Fórum de Cascavel, a juíza Jaqueline Allievi foi promovida, por aclamação, a desembargadora pelo critério de merecimento, tirada de uma lista composta por 14 mulheres.
Em sessão do Tribunal Pleno o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR) promoveu quatro magistrados ao cargo de desembargador para o Judiciário paranaense.

A magistrada Jaqueline Allievi foi promovida, por aclamação, a desembargadora pelo critério de merecimento, em lista de candidatas exclusiva para mulheres. Foram 14 candidatas. A magistrada Elizabeth de Fatima Nogueira Calmon de Passos foi mantida na lista tríplice. Já a magistrada Suzana Massako Hirama Loreto de Oliveira foi eleita para integrar a lista tríplice de merecimento com a pontuação média de 98,71.