Foto: Gazeta de Toledo

Por Marcos Antonio Santos

A Diocese de Toledo lançou sua “Cartilha de Orientação Política” (“A esperança não decepciona” – Rm 5,5) para as eleições de 2024. Este material visa orientar os fiéis sobre a importância de uma participação consciente e ética no processo eleitoral, em consonância com os valores cristãos. A cartilha, distribuída pelo bispo diocesano Dom João Carlos Seneme, foi entregue aos candidatos a prefeito de Toledo, destacando a importância de uma política voltada para o bem comum, conforme os princípios da Doutrina Social da Igreja.

O padre André Boffo Mendes, pároco da Igreja de São Cristóvão, menciona que são 18 dioceses no Paraná e que elas fazem a cartilha chegar aos 399 municípios do estado. “Somos o único estado do Brasil que tem uma cartilha produzida e entregue aos eleitores”.

OBJETIVO – “O objetivo da cartilha é justamente fazer a palavra oficial da Igreja chegar até aqueles que disputam um cargo público. Fizemos um trabalho de base, de entregar essa cartilha às nossas lideranças, que chamamos de lideranças leigas, nas nossas comunidades, nas nossas paróquias. As lideranças já receberam esse material e agora, aproveitando essa efervescência do período de propaganda eleitoral, também fazemos um trabalho um pouco mais massificado. A partir de agora, por exemplo, circula a nossa revista Cristo Rei, que é uma publicação nossa, da Diocese de Toledo, com distribuição gratuita. Vamos distribuir 7.500 exemplares da revista destacando o seu assunto de capa sobre a política. Gravamos também alguns programas com o chefe do cartório eleitoral de Toledo, da 75ª Zona Eleitoral, Frederico Amorim, e vamos fazer esse conteúdo chegar através das nossas plataformas de streaming, também para fortalecer as bases e conscientizar”, afirma o padre André.

CANDIDATOS – Toledo tem três candidatos a prefeito: Beto Lunitti (PSD), Mário Costenaro (Republicanos) e Nelsi Welter (PT). “Fomos muito bem recebidos pelos três, fizemos a entrega da cartilha, conversamos e fizemos questão de agendar um encontro no mesmo dia com o mesmo tempo para todos os candidatos, justamente para garantir a isonomia. Todos os três, que são conhecidos da sociedade de Toledo, são também conhecidos nossos da Igreja Católica. Fizemos questão de proceder assim. A proposta foi essa, procurar os candidatos a prefeito, até para romper um pouco com certo estigma. Porque nós, enquanto Igreja, sempre estimulamos as pessoas a adentrarem à vida pública. E quando elas estão na vida pública, por mais que a Igreja não assuma uma ideologia ou partido político, também nos sentimos no dever de apoiar as pessoas que se dispõem a essa vida pública, justamente para que a sociedade veja a política com bons olhos. O que a Igreja defende é que a discussão sadia produza um efeito positivo. E o que frisamos com os candidatos a prefeito de Toledo, e também externamos a todos os outros candidatos à Câmara de Vereadores, é que, neste período de disputa, você tem um adversário político. Esse adversário político não é necessariamente seu inimigo, porque para com o inimigo você tem um desejo de exterminar”. Toledo registra 243 candidatos a vereador e vereadora.

CARTILHA – A cartilha tem 24 páginas e, nas primeiras, apresenta o que dizem os Papas sobre a política, entre eles, Papa Leão XIII (1878-1903), João Paulo II (1978-2005) e Papa Francisco (2013 – presente).

“A cartilha é composta de duas partes: na primeira parte, temos toda a fundamentação da própria Igreja, o que ela inspira, o que sugere sobre política. A Igreja não tem um partido político, não defende uma ideologia, a Igreja está para discutir a política. Inclusive, há alguns pontos que a Igreja dá como dicas, pontos que a política deixa para o eleitor cristão. Para o eleitor cristão escolher seu candidato de acordo com aquilo que a Igreja preza, ele deve observar certos critérios. E, principalmente, nessa primeira parte, deixamos muito clara a ideia de que, se você é cristão, participar da política é uma forma de expressar sua fé. Porque aqui deixamos muito claro que a política e a fé podem, sim, conversar em busca daquilo que chamamos de bem comum. Na primeira parte da cartilha, trabalhamos esse ponto. Na segunda parte, reiteramos questões próprias deste período de eleição municipal. Apesar de o sistema já ser conhecido há algum tempo, todos os anos surgem confusões entre os eleitores em relação à questão da votação, como o fato de que, às vezes, aquele que recebeu mais votos não consegue uma cadeira na câmara. Então, explicamos essas noções de quociente eleitoral, o nosso sistema proporcional de votos”, explica o padre André Boffo.