Aproxima-se o final de mais um ciclo litúrgico e a liturgia da palavra deste domingo (17/11) nos situa diante do último discurso de Jesus, anunciando a queda do Templo de Jerusalém e a presença das crises. É o fim da viagem de Jesus. Ela está em Jerusalém onde acontecerá o mistério da sua paixão, morte e ressurreição e, consequentemente, a salvação da humanidade.

Diante dos desafios da fé num mundo em crise, o discípulo de Jesus é chamado a assumir sua responsabilidade. É preciso enfrentar o perigo iminente e enfrentá-lo com esperança e confiança seguindo os passos de Jesus inserido em uma comunidade de fé.

O caminho da Igreja, e dos discípulos, não será fácil: haverá perseguições, denúncias, fracassos. A metáfora é apresentada pela construção do templo, tão grande, sólido, bonito, esplendoroso; ele será destruído, mas a Igreja não. A missão dos discípulos em caminhada na história é ajudar a construir o mundo de acordo com o projeto de Deus. É uma tarefa difícil, mas com a ajuda e a força de Deus, possível.

Jesus exorta seus discípulos a se exercitar no discernimento para não serem enganados. “Muitos virão em meu nome dizendo: ‘Sou eu’! e ainda: ‘o tempo está próximo’. O falso profeta não age como Jesus, que viveu para Deus e colocando-se a serviço da humanidade. Quem busca o poder para dominar e escravizar os outros não é discípulo de Jesus. O cristão deve estar atento para não se deixar enganar por falsas promessas e mentiras. Devem dizer um não decisivo: “Não sigais esta gente!”.

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Os apóstolos serão desafiados a dar testemunho, serem mártires, na certeza de que o Espírito Santo, enviado pelo Senhor, os assistirá na hora da prova. Eles foram desafiados naquele tempo. Hoje nós somos convidados pelo Senhor a viver nossa fé com coragem. Com a certeza de que com a nossa perseverança salvaremos muitas vidas. A vida cristã não é questão de viver o momento, mas ela exige perseverança a vida toda, nos momentos de alegria e de dificuldades. O cristão é aquele que persevera no amor, continuando a praticar o bem a custo da própria vida. Desta forma, testemunhamos nossa fé e alegria de ser discípulo do Senhor e participamos da sua Igreja.

A leitura do evangelho não nos remete ao futuro, mas nos ajuda a refletir sobre a nossa vida hoje. Não podemos olhar para trás querendo encontrar um refúgio seguro no passado. O nosso tempo é agora, temos que transformar o mundo que nos cerca em um lugar bom para todos. É um caminho difícil e árduo, porém cheio de esperança e possibilidades. Quem nos garantiu esta certeza foi o Cristo morto e ressuscitado. Vamos levantar a cabeça e seguir em frente porque temos um Deus que caminha conosco.

É importante ressaltar que a justiça divina não se assemelha à justiça da humanidade, porque esta pode ser facilmente manipulada pela vingança, pelo ódio, através de leis excludentes e distorcidas. Deus não se deixa manipular por ninguém. Sua justiça é exercida através da misericórdia.

A cruz, símbolo da morte, se torna símbolo de salvação. A primeira palavra de Jesus na cruz é um pedido de perdão por aqueles o crucificaram. É neste ambiente de dor e ódio que nasce a oferta do perdão divino. Sejamos promotores da paz através do diálogo fraterno.

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo

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