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“Dou-vos um novo mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei”

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Dom João Carlos Seneme, Bispo da Diocese de Toledo. Foto: Divulgação

A Páscoa é a novidade de Deus no reino gélido da morte; as coisas antigas passaram, eis que nasceram coisas novas. É sobre esta novidade que o Evangelho deste domingo (18/05) nos fala (Jo 13,31-35). A glória de Deus é a manifestação visível do Deus invisível: sua glória é a salvação da humanidade. É na cruz que Deus se manifesta com todo o seu esplendor. O dom que Jesus faz de si mesmo é a expressão do poder de Deus, do seu querer salvífico: a história humana se torna história da salvação.

Jesus diz aos discípulos que ele deve partir porque cumpriu a sua missão. Os discípulos o verão de novo. Ele dá aos discípulos um novo mandamento: amai-vos como eu vos amei. Os verdadeiros discípulos serão conhecidos no mundo pelo amor e caridade que praticaram entre si e em relação ao mundo.

Há momentos na vida em que a alma silencia (…), momentos em que as palavras se tornam pequenas diante do mistério que nos envolve. O Evangelho nos convida a adentrar um desses momentos sagrados: estamos no cenáculo, na última ceia de Jesus com os seus discípulos mais íntimos. O clima é de intimidade e também de dor.

Jesus acaba de dizer algo que estremece os corações discípulos: “Um de vós me trairá”. E, em seguida, Judas se levanta e sai. O evangelista João, com delicadeza e profundidade, nos diz: “Era noite”. Sim, era noite lá fora, mas também era noite no coração de Judas. Era noite no mundo. A escuridão da traição começava a se instalar. E, no entanto… é exatamente nesse instante — no momento da dor, da perda, da sombra — que Jesus revela o que há de mais luminoso: o amor.

“Dou-vos um novo mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Enquanto o mundo se prepara para crucificá-lo, Jesus abre o seu coração e nos entrega seu testamento mais profundo: o amor verdadeiro, sua própria vida doada à humanidade. O amor de Jesus não é abstrato, não é uma ideia, mas um gesto, uma entrega, na cruz. Um amor que permanece mesmo quando tudo ao redor desaba. Um amor que não se retrai nem diante da traição.

Contemplemos esse mistério. Enquanto Judas fecha o coração, Jesus o abre. Enquanto Judas escolhe as trevas, Jesus se torna luz. É isso que o amor faz: resplandece na noite, permanece quando tudo passa.

Aqui está o segredo do cristianismo: amar mesmo na dor. Como dizia Santa Tereza de Calcutá: “Amar é doar-se até doer”. O mesmo pensamento tem Santo Agostinho: “Se não queres sofrer então não ames, mas se não amas para quê viver”? Amar não com as nossas forças, mas com o amor que recebemos de Jesus Cristo. Porque só quem experimenta o amor de Jesus é capaz de amar como Ele.

Na vida, todos nós teremos nossos momentos de “cenáculo”, e também de “noite”. Haverá traições, decepções, escuridões interiores. Mas se permanecermos com Jesus, se guardarmos em nós esse mandamento, a noite nunca será total. O amor será nossa lâmpada. E mesmo que tudo o mais passe — os sucessos, os aplausos, os fracassos, as dores — o amor permanecerá.

Jesus nos convida hoje a fazer do amor o centro da vida. Não um amor qualquer, mas o seu amor: gratuito, fiel, incondicional, que lava os pés, que se entrega na cruz, que perdoa mesmo sendo traído. Este é o amor que faz novas todas as coisas. Silenciemos nossos corações e deixemos essa palavra ecoar em nosso interior: “Amai-vos como eu vos amei”. É um chamado. É um dom. É um caminho. E é também a nossa salvação.

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo

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