"Minha Kombi virou Hot Wheels" — a história de Johnny Mark Menon. Foto: arquivo pessoal
Por Marcos Antonio Santos
Nesta terça-feira, 2 de setembro, é celebrado no Brasil o Dia da Kombi, um verdadeiro ícone da indústria automobilística e da cultura popular. A data marca o início da fabricação da Kombi no país, em 1957, pela Volkswagen, na unidade de São Bernardo do Campo (SP). Desde então, a Kombi conquistou gerações com sua versatilidade, simplicidade mecânica e carisma inconfundível.
A Kombi, oficialmente conhecida como Volkswagen Tipo 2, foi o primeiro veículo utilitário montado pela montadora alemã no Brasil, tornando-se rapidamente um sucesso nacional. Seu nome vem da palavra alemã Kombinationsfahrzeug, que significa “veículo combinado” — ideal tanto para transporte de carga quanto de passageiros.
“Aproveitar a vida” — Roberto Anchau e sua jornada com a Kombi
Roberto Anchau, integrante do Veteran Car Club de Toledo, compartilha sua paixão pela Kombi. Ele conta uma história pessoal: sua primeira Kombi, usada para acampamentos em família, precisou ser vendida após a gravidez de sua esposa. Infelizmente, o casal enfrentou a perda do bebê e um período difícil no hospital. Esse momento marcou uma virada em suas vidas.
“A história com a Kombi começou quando eu, minha esposa e meu filho acampávamos. No entanto, com a chegada de um novo membro na família, a Kombi furgão, que comportava apenas três passageiros, já não era mais adequada. Decidi então vendê-la. Infelizmente, minha esposa, durante a gravidez, sofreu a perda de nossa filha, Letícia. Diante de diversos fatores negativos, ela enfrentou sérias complicações de saúde, chegando a lutar pela vida na UTI. Foi naquele momento, entre a vida e a morte, que decidimos viver cada dia com mais intensidade e aproveitar cada momento. Após a recuperação de minha esposa, adquiri outra Kombi. Desta vez, adaptei-a para ter um ambiente simples, mas aconchegante. Hoje, essa Kombi é parte integrante de nossas vidas. Participamos de encontros, acampamos e a utilizamos em diversas atividades do nosso dia a dia”.
Roberto reconhece que a história carrega um tom de tristeza, mas reforça o papel simbólico e afetivo da Kombi em sua trajetória. Foto: arquivo pessoal
Foto: arquivo pessoal
Roberto reconhece que a história carrega um tom de tristeza, mas reforça o papel simbólico e afetivo da Kombi em sua trajetória.
“Atualmente, compartilhamos momentos alegres com ela. Espero que, ao lerem esta história, as pessoas reflitam sobre a importância de encontrar saídas e esperança mesmo nos momentos mais difíceis. A minha saída foi comprar outra Kombi, e assim continuamos a acampar, passear e viver plenamente”, revela Roberto Anchau. Ele ainda lembra que, em 2026, nos dias 18 e 19 de abril, acontecerá o 5º Encontro Internacional de Veículos Antigos de Toledo, organizado pelo Veteran Car Club, evento que já faz parte do calendário oficial do município.
Mais que um carro: um elo com o passado e presente dos brasileiros
Por mais de cinco décadas, a Kombi esteve presente no cotidiano dos brasileiros: como transporte escolar, ambulância, veículo de entregas, food truck, motorhome ou como companheira de aventuras. Sua estrutura robusta e o fácil acesso às peças ajudaram a eternizá-la como um dos carros mais queridos do país.
“Minha Kombi virou Hot Wheels” — a história de Johnny
Johnny Mark Menon, também integrante do Veteran Car Club, admite que no início não gostava de Kombi. Segundo ele, o veículo era desconfortável, atrapalhava o trânsito e ainda causava bronca da esposa por causa do óleo que vazava na garagem. “Não era muito bom ter uma Kombi naquela época.”
Hoje, no entanto, ele chama carinhosamente sua Kombi de “Hot Wheels”, veículo que se tornou essencial em seu trabalho com drones de pulverização e que também o ajudou a construir muitas amizades.
“Meu objetivo profissional é o trabalho com drones de pulverização. Inicialmente, cogitei adquirir uma caminhonete para essa finalidade, mas a decisão de utilizar a Kombi revelou-se a mais acertada. A Kombi demonstrou ser um veículo de alta confiabilidade, propiciando, além disso, inúmeras amizades que cultivo atualmente. A Kombi, em seu estilo peculiar, abriu portas para conhecer pessoas em Toledo, Curitiba e em diversas outras cidades”.
Johnny enfatiza que, apesar dos desafios de se manter um carro antigo, a experiência é recompensadora.
“Para quem aprecia carros antigos, o investimento vale a pena. Haverá desafios, como qualquer veículo, com imprevistos na estrada e necessidade de manutenção. Contudo, são essas nuances que tornam a experiência especial. A satisfação reside na manutenção, no aroma da gasolina, na graxa nas mãos e na constante companhia de uma caixa de ferramentas. Como diz o ditado, um alicate e um pedaço de arame podem solucionar muitos imprevistos”.
Johnny trabalha com drones de pulverização. Foto: arquivo pessoal
Foto: arquivo pessoal
Amizades sobre rodas
Johnny conta que sua integração ao Veteran Car Club começou após participar de um encontro do grupo.
“Cheguei a Toledo, e sou grato pela calorosa recepção que tive nesta cidade encantadora. Fui acolhido com entusiasmo e fiz muitos amigos aqui. No ano passado, participei do encontro do Veteran Car Club, realizado à beira do lago, no Horto Florestal Diva Paim Barth. Apesar de não conhecer ninguém no início, fui imediatamente integrado pelo grupo. Logo me tornei membro do clube”.
O clube organiza anualmente o Encontro Internacional de Veículos Antigos, evento que movimenta a cidade de Toledo.
“Esse evento é importante para a divulgação de Toledo, atraindo visitantes, gerando empregos e impulsionando a economia local. Convido todos a participarem do próximo encontro, que será realizado anualmente em abril. Convido também aqueles que apreciam carros antigos a conhecer o clube, sua história e a participar de nossas atividades”.
Segundo Johnny, o Veteran Car Club se tornou uma verdadeira família.
“Compartilhamos experiências em eventos e viagens, divulgando Toledo e o encontro internacional em diversas localidades. A todos, com ou sem carros antigos, convido a conhecer a história do Veteran Car Club e o espírito de união que nos guia. Minha experiência em Toledo e meu envolvimento com o clube foram possíveis graças à minha paixão por carros antigos, especialmente pela minha Kombi”.
O legado da Kombi
Em 2013, a produção da Kombi chegou ao fim no Brasil com a série especial “Last Edition”, marcando sua despedida oficial. Mesmo fora das linhas de montagem, seu legado permanece firme — nas ruas, nas garagens de entusiastas e na memória afetiva de milhões de brasileiros.