A derrota nas urnas parece não ter bastado. O ex-vice-prefeito de Toledo, Ademar Dorfschmidt e sua trupe, tentaram no tapetão reverter o resultado das eleições de 2024. No entanto, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) deu uma resposta contundente — e histórica — à tentativa: rejeitou por unanimidade o pedido de cassação do Partido Progressistas (PP) e, de quebra, condenou o uso de ataques machistas e difamatórios como arma política. Relembrem os fatos
Durante o julgamento do processo nº 704-40, realizado nesta quarta-feira,08, alguns desembargadores e desembargadoras fizeram questão de se referir à candidata Ana Célia Barbosa de Almeida, de 61 anos, como “mulher forte” e “politizada” — e não como “laranja”, como ela havia sido cruelmente rotulada durante a campanha como é de conhecimento de todos.


A ação, movida pelo ex-vice-prefeito derrotado e demais da bolha, afirmava que o PP teria lançado Ana como “candidata de fachada”. Mais do que isso, o vice derrotado chegou a atacar publicamente a honra de Ana Célia, chamando-a de prostituta — um episódio que marcou negativamente a disputa eleitoral e expôs o quanto ainda há de preconceito e violência contra mulheres na política.
O advogado Dr. Rui, classificou a tentativa de cassação como “um episódio triste e vergonhoso na história política de Toledo”, ressaltando o caráter discriminatório e humilhante da perseguição movida contra a candidata.
Uma mulher de coragem
Ana Célia não surgiu do nada nem foi usada como “fantoche eleitoral”, como insinuaram seus detratores. Ela já havia disputado quatro eleições anteriores — duas para vereadora, uma para deputada federal e novamente em 2024 — sempre com propostas firmes, especialmente na defesa dos direitos das mulheres e no combate à violência doméstica.
Há mais de 40 anos, Ana Célia sobreviveu a um episódio brutal de violência doméstica e, desde então, carrega uma bandeira inegociável: prisão perpétua para agressores de mulheres.
Durante a última campanha, foi espancada pelo ex-companheiro, que quebrou seu braço com uma barra de ferro. Mesmo assim, não desistiu. Voltou às ruas, participou de caminhadas, gravou programas eleitorais e prestou contas à Justiça Eleitoral. Meses depois, o mesmo agressor voltou a atacá-la, destruindo seu carro — mas nem isso a calou, disse Dr, Rui ao Tribunal.
A prova que cala os difamadores
O TRE-PR reconheceu que Ana Célia cumpriu todas as exigências legais: participou de convenção partidária, gravou propaganda, contratou cabos eleitorais e prestou contas de forma transparente. O fato de ter obtido apenas sete votos não invalida sua candidatura — argumento usado pela acusação para tentar deslegitimá-la.
“Há outros 22 candidatos em Toledo com menos de 15 votos. Por que exigir mais dela? Isso é discriminação”, destacou o Dr. Rui
A lição que fica
A decisão do TRE-PR vai além de uma disputa local. Ela reafirma que a política não é território exclusivo de homens e que mulheres não precisam provar mais do que ninguém sua legitimidade para disputar o poder.
No fim, a vitória de Ana Célia é dupla: jurídica e moral. É a vitória da dignidade sobre a calúnia, da coragem sobre o preconceito, e da verdade sobre a covardia política.
Com o reconhecimento judicial de que não houve irregularidades, abre-se agora espaço para uma nova ação — desta vez, cível — por indenização e danos morais, já que as ofensas e ataques públicos atingiram diretamente a honra e a imagem da candidata.
Mais do que um julgamento, a sessão revelou o lado mais sombrio da política toledana — aquele que ainda confunde disputa eleitoral com destruição humana.
E, ao mesmo tempo, mostrou que a Justiça pode — e deve — ser também um instrumento de reparação e respeito.
Sete votos e um novo destino
Ana Célia fez apenas sete votos nas urnas. É verdade. Mas o que poucos anda sabem é que, no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, ela fez outros sete — e desses, cada um valeu por mil.
Foram sete votos unânimes, vindos de desembargadores e desembargadoras que disseram “não” à injustiça, “não” à calúnia e “não” ao machismo travestido de política. Sete vozes que devolveram a dignidade a uma mulher simples, guerreira, que não se curvou diante da difamação.
Graças à atuação firme e técnica do Dr. Ruy Fonsatti e do Dr. Carlos Pappi, Ana Célia e o Partido Progressistas com seus 5 vereadores eleitos e toda a chapa, conquistaram algo muito maior que uma absolvição jurídica: conquistaram respeito e reparação moral.
Afinal, sete é número de sorte, de fé e de recomeço. E talvez o destino tenha querido assim: que Ana Célia, mesmo com poucos votos nas urnas, terminasse essa história com sete vitórias no tribunal da verdade.
Porque, no fim das contas, há derrotas que envergonham — e há vitórias, como essa, que iluminam o caminho da justiça e da coragem.