A Copel poderá ampliar projetos-piloto de armazenamento de energia em baterias para atender a produtores de proteína animal no Paraná. A iniciativa, definida em conjunto com o Sistema Ocepar, foi combinada 2º Fórum de Energia de 2025, realizado na Cooperativa Agrária, na região de Guarapuava.
“Quando iniciamos os testes de armazenamento de energia, o carro-chefe foi começar a pensar em posicionar baterias no sistema como fonte alternativa ao fornecimento de energia. Foi assim que surgiram essas aplicações de maior porte”, disse o diretor comercial de Smart Grid e Projetos Especiais da Copel, Julio Omori. “É uma solução que casa bem, principalmente, em situações críticas de produtores na área rural onde, comparativamente com áreas urbanas, o restabelecimento de energia é mais complexo por conta de distâncias, acessos e dificuldades de deslocamentos”.
No setor produtivo, a Copel tem projeto aplicado com o uso de inversores híbridos a bateria no suporte à fumicultura em uma propriedade na cidade de Ivaí, na região Centro-Sul.
“É um projeto de baterias no suporte à secagem do fumo em uma área rural bem complexa, que é o caso de Ivaí. Uma região com baixa densidade de carga onde há dificuldade para chegar com a rede. As baterias mantêm a estabilidade energética e a ativação de motores que fazem a circulação do ar quente garantindo a qualidade do fumo”, ressaltou o diretor da Copel.
Inversores híbridos convertem a corrente contínua (CC) armazenada em baterias em corrente alternada (CA), para o funcionamento de motores e outros equipamentos, permitindo que a energia armazenada seja utilizada quando necessário.
Em Ivaí, o sistema de baterias está conectado à rede de comunicação da Rede Elétrica Inteligente por meio dos novos medidores, os smart meters. “O inversor híbrido conversa com o medidor e a Copel consegue acompanhar todo o desempenho do sistema remotamente. Mesmo no local mais longínquo chegamos com telemetria. Ninguém no Brasil faz isso. Com o sistema de bateria dentro da nossa rede de medidores inteligentes temos a possibilidade de dar comandos à bateria, seja para parar de carregar ou desligar. É uma condição de controle interessante”, explicou.
Segundo Omori, os projetos a serem implantados em novas cadeias produtivas podem ser integrados a um sistema maior, conforme o tipo de produção. “Imagine-se a cadeia produtiva do peixe, que tem a necessidade do oxigênio. Isso tem correlação com o tempo necessário de operação. No caso de um aviário, por exemplo, a própria planta pode ser utilizada para gerar energia e ao mesmo tempo ter um backup de armazenamento. É a interação com o sistema elétrico em um momento de dificuldade. Esse é o modelo que a gente enxerga”.
O coordenador técnico e econômico do Sistema Ocepar, Silvio Krinski, ressaltou que o primeiro passo é identificar quais seriam os modelos de suporte energético existentes nos sistemas de produção dos cooperados e a possibilidade da aplicação dos projetos de baterias.
Segundo ele, a ideia é focar, num primeiro momento, nas cooperativas de fomento à proteína animal e fazer a identificação da carga necessária. A partir disso, levar as informações à Copel para subsidiar o escopo do projeto a ser apresentado às empresas. “Pensamos nas cooperativas que têm carne bovina, leite, carne suína, aves e peixe. Fazer rodar os projetos-piloto com a Copel nas empresas interessadas e depois enquadrá-los no programa de eficiência energética para desenvolvimento em em escala”, disse.
SISTEMA MÓVEL – A Copel tem ampla experiência em iniciativas de eficiência energética em diversas frentes. Entre os testes já realizados pela companhia, como parte dos projetos de Pesquisa e Desenvolvimento da Copel, em parceria com a Aneel, há a de um sistema móvel de armazenamento, com baterias gigantes testadas no abastecimento das instalações da companhia no bairro Atuba, em Curitiba. O sistema foi instalado como uma microrrede isolada e forneceu energia ao local, com sucesso.
Instalada sobre duas carretas e desenhada para atender a clientes em redes com maior demanda ou que sofram interrupção no fornecimento de energia, a estação móvel de armazenamento será levada à cidade de Palmital, no Centro-Oeste paranaense.
“Em Palmital o sistema irá servir como estabilizador de tensão. É uma solução factível para regiões com problemas de oscilações de energia. São casos em que você não consegue resolver a situação de maneira trivial. Está chovendo aqui, dá um curto-circuito em algum ponto que compartilha a mesma barra, vai gerar uma oscilação de tensão. Dependendo da sensibilidade, a tensão começa a ter perda de produção por questões de oscilação e não por interrupção do fornecimento de energia”, explicou Omori.
A estação móvel tem 1 MW (megawatt) de potência, com capacidade de armazenamento superior a 1 MWh (megawatt-hora) de energia. Sozinha, ela consegue abastecer 200 famílias por cerca de um dia sem necessidade de carregamento. Conectada à rede, sua principal contribuição será reforçar o sistema em momentos de maior demanda ou garantir o fornecimento em caso de desligamentos. À noite, quando a demanda diminui, as baterias podem ser recarregadas com a energia da rede.
SISTEMAS FIXOS – Outros dois sistemas de armazenamento com baterias da Copel estão instalados junto à subestação de energia do município de Ipiranga, nos Campos Gerais. Um deles contém baterias de lítio com 250 kW de capacidade e 1.505 kWh de energia armazenada, com capacidade para fornecer energia a 240 consumidores residenciais por um dia.
O segundo sistema em Ipiranga conta com 250 kW de potência e 1.200 kWh de energia armazenada e emprega baterias de fluxo, tecnologia que armazena energia em líquido e tem vida útil mais extensa, de cerca de 20 anos. Por sua durabilidade, pode ser uma solução mais eficiente para estações de armazenamento fixas.
Na Ilha das Cobras, no Litoral, a Copel tem um sistema de armazenamento de energia com 75 kW de potência e 430 kWh de capacidade. A estrutura está conectada a uma usina solar fotovoltaica com 71 painéis e 31 kWp de potência. As baterias garantem a disponibilidade de energia mesmo em dias chuvosos, quando não há produção de energia solar.
Na opinião de Julio Omori, a aplicação e o avanço das novas tecnologias de armazenamento de energia aplicadas para a Copel são importante suporte no fortalecimento da companhia como empresa de referência no setor. “Num futuro próximo, a energia armazenada será direcionada ao atendimento de demandas, a quem precisa consumir mais, possibilitando que a empresa atue como um gestor energético da rede de distribuição”, disse.