A vinha, alguns agricultores e um proprietário de terras que partiu em viagem; servos, que são enviados para recolher os frutos esperados e, em vez disso, são espancados e mortos; um filho que também é enviado e assassinado. Alguns dos ingredientes deste “cenário” são bem conhecidos pelo leitor e por aqueles que ouviam a parábola de Jesus.

Neste domingo, através do evangelho de Mateus (21,33-43), a parábola dos vinhateiros homicidas revela a recusa dos chefes dos sacerdotes e fariseus em acolher Jesus como enviado de Deus. 

A vinha na Bíblia é um símbolo transparente de Israel e sua história. “A vida do Senhor é a casa de Israel (Sl 79). Esta história com sua trama de bem e mal, de fé e infidelidade é sublinhada no canto da vinha (Is 5, primeira leitura) e na parábola dos vinhateiros homicidas (evangelho).

O profeta Isaías comparou o povo de Israel a uma videira cuidada com ternura por Deus. Em vez de produzir boas uvas, da lei e da justiça, ela produziu uvas ruins, de desigualdade e violência. A história da vinha enfatiza a revolta contra o proprietário da videira. Acentua também a desilusão de Deus com a nação escolhida que não se abre e se fecha à novidade de Jesus. A vinha pertence a Deus e Ele pode dar esta vinha a outros agricultores que cuidem dela como ela merece para produzir frutos bons.

Através de Jesus, Deus não rejeitará sua vinha – a Igreja – porque esta vinha é Cristo; a Igreja é o corpo de Cristo. Pelo batismo fomos inseridos neste corpo e Jesus nos garantiu a salvação. O desafio é produzir frutos que permaneçam e a consciência de que a não somos donos da vinha. Deus tem o direito de exigir os frutos e nós somos cobrados a todo instante por isso. Temos que tomar uma posição e direcionar nossas vidas no seguimento de Deus como discípulos missionários. Temos de decidir. O que queremos ser? Um ramo unido a Cristo, à sua Palavra, a seus sacramentos, construindo uma comunidade samaritana, servidora, em estado permanente de crescimento (em conversão), ou um ramo estéril, coberto somente de folhas, isto é, um cristão sem convicção, cheio de boas intenções, mas pobre de ações concretas? Na Eucaristia estamos unidos à vida e ela nos oferece um novo vigor reavivando o nosso Batismo, nossa pertença à comunidade e uma vida nova capaz de contagiar com sinais de vida o mundo em que vivemos. O Senhor conta conosco para cuidar da sua vinha e que ela produza frutos bons.

Com a festa de Santa Terezinha, padroeira das missões, iniciamos o mês missionário. No contexto da pandemia, a Campanha Missionária em 2020 quer ser um bálsamo de esperança para tantas vidas doadas por amor. O tema será “A vida é missão” e o lema “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8). Eles querem ajudar os cristãos no crescimento da consciência missionária e do serviço solidário.

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo