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Comunidade de Toledo se mobiliza em defesa das escolas especiais

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Manifestação em Toledo defende permanência das escolas especiais como as APAEs. Foto: Gazeta de Toledo

Por Marcos Antonio Santos

Ato na Praça Willy Barth reúne pais, alunos e autoridades contra ação que ameaça o modelo de educação especializado

Uma manhã de protesto, muita música e alegria de viver marcaram esta quarta-feira, 20, na Praça Willy Barth, em Toledo. Alunos da APAE, acompanhados por pais, colaboradores e membros da direção da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Toledo, compartilharam momentos de amizade e conhecimento durante o ato.

O evento foi uma manifestação contra a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI nº 7796), ajuizada no Supremo Tribunal Federal (STF) pela Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, que questiona a legalidade da destinação de recursos públicos às instituições especializadas, como as APAEs.

MÃES UNIDAS PELA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Para Estela Bohnen, mãe de Felipe — aluno da APAE há mais de 15 anos e com síndrome de Down —, a mudança acarretará prejuízos significativos. “O ritmo da escola se adequa às suas necessidades, e ele participa de um grupo reduzido de alunos, entre oito e nove, o que permite ao professor dedicar a atenção necessária. Essa estrutura não é viável nas escolas regulares. Felipe já está envolvido, gosta de tocar instrumentos musicais e permanece nessa escola há aproximadamente quinze anos, sem qualquer problema. Felipe é uma pessoa muito especial”, declara.

Natália, mãe de Jonathan, compartilha a mesma preocupação. “As pessoas que defendem o fechamento dessas escolas não são pais de crianças com deficiência nem professores. Será que elas compreendem que a interação entre eles é fundamental? Que necessitam de um atendimento específico, e que, em grupos maiores, a aprendizagem se torna mais difícil? Meu filho frequentava duas escolas regulares. Ele tem síndrome de Down, mas o que impulsionou seu aprendizado foi a presença de uma monitora em casa. Agora, em grupos menores, ele aprende. Em uma sala com 20 alunos, acredito que a situação seria mais complexa. Por isso, considero essencial manter as escolas”, afirmou.

Ato foi realizado Praça Willy Barth. Foto: Gazeta de Toledo

De acordo com Tania Bilato, mãe de Gabriel — que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA) —, a luta deve ser por todos. “Não posso defender somente meu filho, que tem autismo, nem especificamente quem tem síndrome de Down, mas sim trabalhar em benefício de todas as pessoas com deficiência. Precisamos refletir sobre como garantir o apoio que eles recebem hoje nessas escolas especializadas. Essa é uma questão em aberto: o que será feito, como será feito? Acredito na inclusão em todos os ambientes, mas questionamos como as escolas regulares serão preparadas, e como será o atendimento aos alunos da escola especial que serão integrados”, relata.

DIREITO DE ESCOLHA E ESTRUTURAÇÃO EDUCACIONAL

Júnior Rasbolt, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMPCD) de Toledo, defende a liberdade de escolha das famílias, entre escolas regulares e especializadas, em consonância com os princípios democráticos.

Segundo ele, no Paraná, essa possibilidade é respaldada pelas Leis Estaduais nº 17.656/2013 e nº 18.419/2015, que reconhecem e asseguram o apoio do Estado à educação especial promovida por entidades filantrópicas, como as APAEs.

“Considerando essa demanda, é possível conciliar as escolas especializadas e regulares. Assim como há a possibilidade de realocação de recursos para escolas regulares de filhos de militares, seria pertinente considerar a realocação de recursos também para as escolas especializadas. Quando falamos em escolas especializadas, não estamos falando em segregação, mas em espaços que se complementam. Existem instituições voltadas para diversas necessidades específicas, como APAEs, escolas para surdos, entre outras, todas com foco no desenvolvimento e bem-estar dos alunos”, destaca Júnior.

A Escola Bem Me Quer (APAE de Toledo) atende 250 alunos. Foto: Gazeta de Toledo

Ele ainda menciona que, em ambientes como as APAEs, as crianças se sentem acolhidas e demonstram felicidade. “A inclusão, a meu ver, se concretiza dessa forma. Em contrapartida, em algumas escolas regulares, relatos de violência contra crianças autistas e com outras deficiências têm sido frequentes, devido à falta de estrutura adequada. Nas escolas especializadas, como se observa, os alunos estão em um ambiente com professores capacitados e especializados, que recebem formação continuada e proporcionam um atendimento adequado. Essa abordagem é fundamental”, completa.

UMA LUTA DE GERAÇÕES

A vice-presidente da APAE de Toledo, Renata Costamilan, carrega a causa no sangue. Sua mãe, Ana Beatriz, presidiu a entidade por quase 40 anos. “A manifestação é uma oportunidade de refletir sobre a importância da APAE em Toledo. Ela é fundamental e tem uma longa história. Sigo os passos da minha mãe e estou aqui para defender essa causa nobre. Os alunos são felizes e bem cuidados. Se conversarmos com qualquer um deles, dirão que não vivem sem a escola. Isso nos gratifica muito. Pedimos que esse trabalho continue. É isso que nos motiva a estar aqui hoje, manifestando e mostrando a importância da APAE para toda a sociedade”, enfatiza.

A diretora da instituição, Lucimar Recalcatti, também esteve presente. “Preparamos este movimento em 20 dias. Trata-se de um evento que ocorre em todo o Paraná, com ponto focal na parte da manhã. Algumas cidades terão atividades ao longo de todo o dia, mas consideramos que o desgaste seria excessivo. Convidamos a comunidade a participar, incluindo servidores, funcionários, alunos, pais e a população em geral. Este é um momento crucial para demonstrarmos ao poder público e à comunidade local a nossa realidade. Tivemos apoio significativo do prefeito de Toledo, Mario Costenaro, da secretária de Educação, Janice Salvador, da Câmara de Vereadores e de diversas comissões de apoio”, destaca Lucimar.

Atualmente, o Paraná conta com cerca de 340 APAEs e aproximadamente 47 mil alunos com deficiência intelectual. A Escola Bem Me Quer (APAE de Toledo) atende 250 alunos.

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Edição nº2792 – 16/09/2025

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