Por Marcos Antonio Santos
Evento no Palácio Iguaçu, nessa quinta-feira, dia 19, em Curitiba, contou com a presença de uma comitiva que esteve em Brasília na última segunda-feira, dia 16, e de representantes do Governo do Estado do Paraná, incluindo o governador Ratinho Junior. Na segunda-feira, o Centro de Inovação Global das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas realizou o 9º Workshop de Inovação Sistêmica, no B Hotel Brasília.
Durante o evento desta quinta-feira, foi mencionado um acordo de cooperação celebrado no ano passado em Rostock, Alemanha, entre o Estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental e o Paraná, com foco no desenvolvimento de energias renováveis. Essa parceria reforça o compromisso de ambos os estados em explorar e promover alternativas sustentáveis no setor energético, alinhando-se com as metas globais de sustentabilidade.
Assim como no evento em Brasília, um dos diretores do Programa Green Fuels Paraná, Neudi Mosconi, esteve presente na capital paranaense.
PRIMEIRA CENTRAL – Ele confirmou que o evento dessa quinta-feira marcou o ato junto ao Governo do Paraná e à cooperativa AmbiCoop, referente à primeira central de saneamento rural, por meio de redes de esgoto, de coleta, do Brasil, sendo também uma das primeiras do mundo. Mosconi mencionou ainda que serão investidos R$ 79 milhões nesta central.
“Toda baseada no conceito de economia circular, com compostagem e indústria de adubo. A nossa central terá biometano, sequestro de carbono e aproveitamento do CO2 para comercialização junto às empresas, como abatedouros e frigoríficos. É um conceito pleno: o material digerido será usado para fertilização, sequestro de NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio), e a biomassa retornará à unidade para produzir mais gases. É toda uma logística de economia circular implementada que está impulsionando essa cooperação com o Ministério da Economia da Alemanha, a GIZ, a ONU e a União Europeia. Isso também só foi possível graças ao apoio do governo do Paraná, na desburocratização e normatização de processos da legislação, que está sendo finalizada no governo federal. As obras terão início em uma área de terra desmembrada, totalmente paga pelos empresários alemães que estão investindo no programa. O total investido será de R$ 79 milhões. Parte desse valor virá de desoneração tributária e parte será investimento de empresas privadas, junto à cooperativa, com financiamento que está na fase final das tratativas”.
Feita com base em uma tecnologia desenvolvida no estado alemão de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, onde Manuela Schwesig também é governadora, a estrutura resolverá um grande passivo ambiental dos produtores da região, com a redução das emissões de dióxido de carbono (CO2). Ele também garantirá a manutenção dos recursos hídricos pela economia de água e o fim da contaminação do solo e lençóis freáticos por dejetos da suinocultura.
“Com este projeto conseguimos demonstrar que a agricultura também pode contribuir com a eficiência energética ao trabalhar com um material que ninguém quer, transformando-o em um ativo econômico”, declarou a presidente do Conselho Federal Alemão. “Em Toledo, iniciamos uma experiência que pode ser ampliada para outras regiões do Paraná com o uso de uma tecnologia que foi desenvolvida em nosso estado”, acrescentou Manuela.

ESTRUTURA – A central receberá mil metros cúbicos de dejetos por dia, provenientes de 52 granjas da região ao redor do Rocio. Isso permitirá tratar 7% de todo o passivo da atividade agropecuária existente no município de Toledo e reduzirá em 52 mil toneladas a emissão de carbono por ano. “Com todo esse processo, teremos uma indústria de produção de adubo orgânico granulado, com um potencial de mais de 10 mil toneladas por ano. Isso também possibilitará uma grande redução na importação de adubo químico. Hoje, Toledo consome mais de 50 mil toneladas de adubo químico, e o projeto do Rocio pode atender a mais de 10% dessa demanda de NPK para o plantio dos 77 mil hectares do município”, relatou Mosconi.
PONTO DE PARTIDA – Conforme Mosconi, já começou a parceria com as entidades da Alemanha, que estarão colaborando com o programa e com o Paraná para viabilizar recursos para a segunda fase, que envolverá quatro municípios. Essa fase inclui o planejamento executivo e a colaboração do Grupo Mele, que trabalhará com empresários alemães na aquisição das 19 áreas necessárias. “Duas áreas já foram adquiridas, uma da AmbiCoop e outra em Nova Santa Rosa. Restam 17 áreas, além da área central”, afirmou.
FAZENDO HISTÓRIA – Ele ressaltou que esse é um esforço coletivo para iniciar a implementação de um grande programa em escala brasileira, o primeiro no conceito centralizado de economia circular completa. A intenção é que esse projeto também sirva de modelo para a descarbonização da produção de proteína animal e vegetal no Brasil. “Essa iniciativa abre caminho para a replicabilidade do programa em todo o território brasileiro, contribuindo para que o país atinja suas metas de mitigação de carbono, alinhadas à agenda climática mundial. Com isso, o Paraná, especialmente a região Oeste, faz história, tornando-se uma das primeiras regiões do mundo a atingir ou até superar suas metas de descarbonização. Isso se deve ao caráter arrojado e inovador do projeto, que propõe a substituição de adubo químico por adubo orgânico, óleo diesel por biometano e GLP por biogás nas indústrias. São soluções renováveis que também permitirão a descarbonização da indústria na região Oeste do Paraná”, enfatizou Neudi Mosconi.
