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As transferências se devem a questões de segurança
Por Fernando Braga
Na manhã desta segunda-feira (10/07) um casal residente no Jardim La Salle foi preso pela Polícia Civil durante investigação que apura o crime de ‘homicídio tentado’ contra um bebê, que à época dos fatos tinha apenas 40 dias de vida.
A investigação teve início na última terça-feira (04), depois de um comunicado feito por órgãos de saúde e de proteção da criança na cidade, após o bebê ter dado entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Toledo.
A criança apresentava hematomas e lesões, e depois de passar por exames, ficou constatado que também possuía fraturas nas costelas, em um antebraço e em uma das pernas. O bebê encontra-se internado no Hospital Bom Jesus.
Os pais negaram que submeteram o bebê a maus-tratos e agressões, mas não convenceram os policiais, já que não conseguiram explicar porque ele estava machucado e com fraturas. À falta de explicações, soma-se o fato de que na casa da família só residiam os pais e o bebê, sendo que este não tinha contato com mais ninguém. Eles perderam a guarda da criança e estão sendo indiciados por ‘homicídio tentatado’ contra o filho.
A prisão do casal ocorreu no início da manhã, por volta das 06 horas, e em seguida, o pai e a mãe da criança foram encaminhados para a Cadeia Pública de Toledo. No entanto, eles não podem permanecer em Toledo, por questão de segurança.
A divulgação do caso, feita pelo delegado da 20ª SDP Rodrigo Baptista Santos, ao atender a imprensa na manhã desta segunda, chocou a cidade de Toledo. A covardia e brutalidade praticadas contra alguém indefeso, como um bebê, não são admitidas por ninguém, incluindo a população carcerária.
Crimes contra crianças e crimes contra os próprios familiares não são tolerados entre os presos. No caso deste casal, marido e mulher cometeram as duas coisas: não só submeteram um bebê a maus-tratos, como atentaram contra a vida do próprio filho. Tal situação coloca o pai e a mãe do bebê em risco, enquanto se encontrarem presos.
Para preservar a integridade física do casal e evitar problemas com a segurança interna da unidade prisional, a gestão do Deppen (Departamento de Polícia Penal do Paraná) informou com exclusividade à Gazeta de Toledo que optou por transferir os dois para outras unidades. O pai do bebê, um homem de 21 anos, foi transferido para uma unidade prisional onde se encontram outros presos com o mesmo perfil que ele, ou seja, presos que não podem ter convívio social com o restante da população carcerária. Na região Oeste do Paraná existem ao menos três unidades prisionais que recebem presos com esse perfil. No entanto, o Deppen não informou para qual presídio o pai do bebê foi levado (o sigilo quanto à sua localização se deve a questões de segurança).
Já a mãe, uma mulher de 22 anos, continuava em Toledo até às 15 horas, mas o Deppen já havia solicitado uma vaga para transferi-la e sua remoção estava programada para ocorrer dentro de poucas horas. Com a reclassificação da Cadeia Pública de Toledo, que passou duas vezes por uma mudança no perfil dos presos, primeiro em 2017 e mais recentemente, no início do mês passado, houve a necessidade de uma reestruturação da prisão, que foi reformada e hoje não possui mais uma ala feminina (com a última reclassificação, o cárcere situado em Toledo foi destinado a presos GTT – gays, travestis e transexuais –, mas ainda resta uma parcela de presos que não fazem parte deste perfil e aguardam transferência para outras cadeias).
Sem ala feminina, as mulheres que dão entrada nesta unidade ficam isoladas em uma cela disposta em local separado dos homens, sem contato com os detentos. A mãe do bebê se encontra nesta cela e será levada, em breve, para um presídio exclusivo para mulheres, onde deverá ficar protegida para não sofrer retaliações pelo crime do qual é acusada – assim como ocorre com os presos, as detentas também não aceitam entre elas pessoas acusadas de cometerem crimes que atentem contra a vida ou a integridade física de crianças.
Existem ao menos três unidades prisionais exclusivamente femininas na região Oeste do Paraná, mas a prisão de destino desta presa não foi revelada, por questões de segurança.