Letícia Gomes vive atualmente em Curitiba. Foto: Divulgação

Convertida ao Islã, a paulistana Letícia Gomes começou a criar marcadores de páginas e quadros durante a pandemia

Desde criança, a paulistana Letícia Gomes (foto acima), de 28 anos, se imaginava trabalhando com arte. Mas foi só durante a pandemia de covid-19, em 2020, que ela decidiu transformar sua sensibilidade artística, e, especialmente, seu interesse pela arte islâmica, em negócio.

“Comecei a postar as minhas artes, que eu fazia em um curso, e fez bastante sucesso”, diz. Enquanto vendia marcadores de páginas e quadros, mais de 60% do público de compradores era formado por árabes que vivem no Brasil. A proximidade com o mundo árabe, segundo ela, é pela estética. “Mesmo árabes não muçulmanos se interessam. São as raízes deles. Mesmo que não sejam muçulmanos praticantes.”

Quadro criado por Letícia Gomes com estética islâmica. Foto: Farhah Gomes

Cada marca-página pode custar de R$ 80 a R$ 150, dependendo da personalização, e demora em média quatro horas para ficar pronto. Os quadros, que são vendidos por cerca de R$ 1 mil, dependendo da complexidade, demoram até semanas para serem finalizados. Vivendo atualmente em Curitiba, Paraná, nas horas vagas do trabalho fixo como secretária, a artista vende suas peças e fatura cerca de R$ 3 mil por mês.

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Os quadros são o atual foco da artista, que está preparando uma exposição onde pretende expor de 10 a 15 obras, com estreia prevista para novembro. A exposição deve ser feita de modo independente.

Além de produzir os quadros, ela ainda colabora com a editora muçulmana Bismillah, fazendo ilustrações para capas de livros, e estuda dança folclóricas. Todas essas atividades têm deixado Letícia com pouco tempo para produzir os marcadores de páginas. Por isso os únicos produtos deste tipo têm sido feitos para amigos e clientes mais próximos.

No futuro, a paulistana pretende, além de vender os quadros em exposição, ampliar seu lado professora, e voltar a produzir marcadores de páginas para mais pessoas. “Tenho um curso de Introdução à Arte Islâmica, que eu pretendo elaborar, deixar mais rico”, diz.

Origem da arte

Desde criança, a artista se imaginava fazendo faculdade de Arquitetura ou algo relacionado à arte, porque sempre gostou de desenhar. Durante a adolescência, até chegou a prestar vestibular para Artes Visuais, mas percebeu que aquele não era o caminho que queria seguir.

Após se converter ao Islã em 2013 e conhecer a arte islâmica, achou seu caminho. No mesmo ano ela se casou com um brasileiro mulçumano, que, apesar da religião, não tem nenhuma ligação genética com os árabes.

Marcadores de páginas também são produzidos. Foto: Farhah Gomes

Quando passou a frequentar mesquitas, Letícia se encantou com os elementos básicos daquela estética: a geometria, a caligrafia e os arabescos. Logo no começo, a artista percebeu que as mesquitas e as artes religiosas eram completamente diferentes de tudo o que estava acostumada, por isso se interessou em aprender como os padrões eram feitos, o que estava por trás daquilo e começou a estudar de forma autodidata.

Comprou um livro e passou a estudar inglês, pois o curso que mais desejava fazer era ministrado por uma professora de fora do país. “A diferença da arte islâmica para a ocidental é que, no mundo islâmico, eles têm reverência à beleza. Qualquer colher, caixinha ou mesa tem uma decoração bonita”, conta Letícia.

Ela estudou Arte Islâmica na instituição inglesa The Prince’s Foundation, além de ter tido aulas com a artesã iemenita Amina Quraishi e com a inglesa Samira Mian, que dá aulas e workshops de geometria islâmica. “As cores que mais se destacam neste tipo de arte são o verde, o azul e o amarelo.”

A paulistana decidiu usar o nome artístico Farhah Gomes para maior identificação com o mundo islâmico. O nome árabe também é usado na microempresa criada para vender as peças. De acordo com a artista, apesar de diferentes, Letícia e Farhah têm o mesmo significado: alegria.

Reportagem de Rebecca Vettore, especial para a ANBA

Fonte: ANBA – Agência de Notícias Brasil-Árabe