Diogo Kloper, da Fragomen, enxerga oportunidades para o Brasil receber profissionais do setor halal de países árabes. Foto: Divulgação

Dados são do Ministério da Justiça e reunidos pela Fragomen, consultoria de imigração com escritórios em diversos países. Maior parte dos estrangeiros que atuam no setor halal no Brasil é de Bangladesh

Cresceu, do primeiro trimestre de 2023 para o primeiro trimestre de 2024, a quantidade de vistos de trabalho concedidos pelo Brasil a profissionais que atuam com abate halal (que segue as normas do Islã). Os dados são da Coordenação Geral de Imigração Laboral do Ministério da Justiça (CGIL), publicados no Diário Oficial da União e reunidos pela Fragomen, Del Rey, Bernsen & Loewy, empresa que presta serviços de imigração no mundo todo. Segundo os dados informados pela Fragomen à ANBA, no primeiro trimestre do ano passado, o Brasil recebeu 40 pedidos de visto para trabalhadores halal, número que cresceu para 497 neste ano. Em todo o ano passado, foram 877 pedidos concedidos.

Do total deste ano até o início de abril, porém, nenhum trabalhador do segmento halal é árabe: 462 são procedentes de Bangladesh, nação asiática, e uma minora é do Senegal, na África, e do Paquistão, também da Ásia. Dos trabalhadores que obtiveram visto para o Brasil no primeiro trimestre, 12 eram do Egito, maior emissor entre os árabes, para atuar em empresas de produção de vidro, energia e petróleo, entre outras.

Oportunidade para o Brasil

“Um volume tão baixo de profissionais de países árabes está, provavelmente, vinculado ao menor capital investido desses países aqui no Brasil”, afirma o diretor de Imigração da Fragomen, Diogo Kloper. “O Brasil parece ser um grande exportador desses produtos (do agronegócio), principalmente, mas a atração de capital estrangeiro é superimportante para o próprio desenvolvimento da economia do País. Ela está atrelada à vinda de profissionais estrangeiros, mas também à geração de emprego no País. O Brasil é um país que depende bastante do investimento estrangeiro no desenvolvimento da economia. Então há uma oportunidade para o Brasil”, diz Kloper.

A maioria dos profissionais do setor halal que receberam ou renovaram vistos de trabalho para atuar no Brasil foi contratada por três empresas, todas de inspeção ou abate de animais de acordo com as normas halal. Ainda de acordo com os números compilados pela empresa norte-americana, até 5 de abril deste ano, foram concedidos 8.244 pedidos de visto de trabalho no Brasil. Entre janeiro e março do ano passado, foram concedidos 5.781 pedidos de vistos de trabalho.

Em linhas gerais, explica Kloper, o processo de obtenção de visto de trabalho é feito pela empresa que traz o profissional ao país. Entre os documentos que precisam ser apresentados estão, entre outros, certificado de qualificação na área de trabalho pretendida e comprovação de experiência no mesmo setor. O processo demora em média 50 dias a partir do momento em que os documentos são apresentados ao Ministério da Justiça. Após receber a aprovação para trabalhar e morar no Brasil, o profissional precisa ir ao Consulado do Brasil em sua cidade para fazer a emissão do visto no passaporte.

O Brasil não impede a entrada de nenhum profissional ao País mesmo que já tenha trabalhadores no mesmo segmento de atuação, mas a legislação local impede que uma empresa tenha mais de um terço da mão de obra originária de outras nações. De acordo com os dados informados pela Fragomen, das seis empresas que mais pediram vistos para seus trabalhadores atuarem no Brasil, três são para abate halal e outras três são para o setor petrolífero. Mais informações, neste link.

Fonte: Agência de Notícias Brasil-Árabe