Por Marcos Antonio Santos
Conhecimento, troca de experiências, visitas as cooperativas e propriedades rurais. Assim foi a vinda de uma comitiva formada por avicultores do Canadá, nesta semana, ao município de Toledo. O objetivo da visita foi conhecer o potencial produtivo que destaca o município com produção anual de 7,5 milhões de cabeças, custos de produção, suas preocupações com a gripe aviária e o maior Valor Bruta da Produção (VBP) pelo 10º ano consecutivo no Paraná, com valor de R$ 4.290.849.170,82.
O vereador e engenheiro agrônomo, Leoclides Bisognin, conta que há muitos anos vem acompanhando as visitas dos franceses ao município de Toledo. Ele recorda que mais de 50 excursões de franceses já vieram a Toledo, mas dessa vez, 55 canadenses, da região de Quebec, visitaram a cidade pela primeira vez. “Eles fazem agroturismo pelo mundo e quando chegam ao Brasil, eles vão para o Rio de Janeiro, Salvador, e aqui em Foz do Iguaçu, eles têm alguns dias livres, além de visitar as Cataratas, querem conhecer nessa região a nossa agropecuária, as cooperativas, laticínios, as máquinas. Também debatemos o que vem acontecendo na agropecuária deles, é uma troca de experiências. Eles querem saber quanto custa um hectare, quanto custa produzir, os valores do adubo e da terra. E perguntamos as mesmas questões”.
Segundo Bisognin, os canadenses escolherem visitar o Brasil, porque o país é a ‘bola da vez’, no mundo, na agropecuária. E que eles não acreditam que na região Oeste do Paraná, um território pequeno, possa produzir tanto. “Eles não acreditam, porque no Canadá, tem locais que são seis meses de frio e neve, é diferente. Então quando eles veem que aqui não para de produzir nunca, eles ficam surpreendidos. Os canadenses falaram que sem os subsídios do governo, eles morreriam de fome, e que nós produzimos quase todos os meses do ano, e que temos uma terra boa, água e clima favorável, por isso, os brasileiros não podem discutir os subsídios deles”, diz.
COAMO – Uma das visitas dos canadenses em Toledo foi na Coamo, eles se reuniram na Associação Recreativa dos Funcionários da Coamo (Arcam). “Quando eles ficam sabendo dos números da Coamo, que é a maior cooperativa da América Latina e uma das maiores do mundo, quando eles veem o tamanho da cooperativa, com 31 mil associados, o faturamento, a assistência técnica e as sobras distribuídas, os canadenses ficam assustados, porque é diferente. A área de abrangência da Coamo é muito grande; Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, é maior do que de muitos países. Eles olham para toda aquela produção e pensam: meu Deus do céu! E neste ano, o Brasil passa a ser o maior exportador de milho do mundo”, relata o vereador.
O gerente de entreposto local da Coamo, Celso Paggi, disse que foi um orgulho receber a comitiva do Canadá. “Fizemos uma apresentação para eles e falamos um pouco da Coamo e da nossa região”.
Os canadenses visitaram ainda a propriedade Gabardo, a Aviopar, a sede da Lar Cooperativa e o Sindicato Rural de Toledo (SRT). A recepção ao grupo no SRT coube ao presidente da entidade, Nelson Gafuri, e ao vice-presidente Edenilson Copini. Ambos manifestaram a satisfação em recebê-los na entidade que representa a classe dos empregadores rurais, e agradeceram por terem escolhido Toledo no seu roteiro de viagem.
DIVERSIFICAÇÃO – Para Leoclides Bisognin, outro fator favorável e que surpreende os canadenses é a diversificação de culturas de Toledo. “Eles perguntam como é que propriedades compostas por 30 hectares tem tanta diversificação? Porque quem tinha produção apenas de soja e trigo, e era pequeno, quebrou. Porco, peixe, ave, mesmo se não der muito lucro, o produtor vai sobrevivendo. Outros municípios que não tem essa diversificação na pequena propriedade, não vão longe. Segundo o IBGE, nos últimos 10 anos em Toledo, cerca de 400 propriedades deixaram de existir e foram vendidas”.
As propriedades dos canadenses que visitaram Toledo, são de aproximadamente 150 hectares e são muito férteis, e eles plantam trigo, cevada, canola e criam gado. O Canadá é um grande produtor de trigo e colhe cerca de 37 milhões de toneladas, além de ser um dos maiores produtores do mundo de soja e bovinos.
SECRETÁRIO DA AGRICULTURA – Bisognin, que foi o primeiro secretário da Agricultura de Toledo, em 1983, recorda que naquele tempo, o grande problema da região era a erosão, e depois de um trabalho em conjunto com técnicos agrícolas, das associações, Emater e entidades, o município se tornou uma referência no agronegócio. “Foi uma das piores épocas, mas todos se uniram para salvar o solo de Toledo. Aconteceu um grande mutirão em todo o Brasil para salvar a terra. Depois que se conservou a bacia do Rio Toledo, nunca mais tivemos erosão na região. Naquele tempo, se fosse hoje, eu teria vergonha de mostrar para os canadenses e franceses, o nosso solo”, afirma Leoclides Bisognin.