O projeto é uma parceria do Biopark com mais de 10 empresas e cooperativas. Foto: Gazeta de Toledo

Por Marcos Antonio Santos

Em solenidade realizada nessa sexta-feira, 15, no auditório da Universidade Federal do Paraná (UFPR), campus Toledo, com sede no Biopark, aconteceu o ato de compromisso de implementação do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) – Alimentos Saudáveis. Uma parceria do Biopark com mais de 10 empresas e cooperativas: Primato, Prati, Copagril, Lar, C.Vale, BRF, Copacol, Coopavel, Frimesa e Sempre Sementes, e ainda com as participações da Embrapa, o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) e Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).

INVESTIMENTOS – O fundador do Biopark, Luiz Donaduzzi, disse que nos próximos cinco anos serão investidos no projeto R$ 50 milhões; R$ 10 milhões a cada ano, a partir de 2024, que para Donaduzzi, ainda é um número bastante conservador, “dentro de um ano precisamos entregar resultados para os nossos clientes. E temos conhecimento, porque desenvolvemos os nossos queijos finos em um ano”. Segundo ele, nos próximos 10 a 15 anos a projeção serão de R$ 100 milhões por ano. A princípio dos primeiros investimentos de R$ 50 milhões, a metade do valor serão das 10 empresas e cooperativas parceiras e os outros R$ 25 milhões do governo do Paraná.

Luiz Donaduzzi menciona que esse projeto abre um espaço de pesquisa para os próximos 50 anos. “Eu tenho o sentimento que iremos mudar profundamente a maneira que se faz pesquisa no Brasil, porque o grupo que está se formando fatura cerca de R$ 170 bilhões ao ano, significa quase a metade do PIB do Paraná. É uma pesquisa que irá abranger outras regiões”.

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Luiz Donaduzzi disse que nos próximos cinco anos serão investidos no projeto R$ 50 mi. Foto: Gazeta de Toledo

Ele comenta também que o desejo mundial é por alimentos de melhor qualidade. “Escolhemos alimentos saudáveis, porque o mundo vai na direção de querer alimentos com melhor qualidade e por um preço justo que a maioria possa ter acesso. O alimento saudável engloba o cuidado com o solo, a água, com a sanidade animal, com as plantas. Quando conseguimos fazer isso acrescentamos qualidade nesse processo e qualidade não é opositora de custos”.

10 BILHÕES DE PESSOAS –  De acordo com a ONU, haverá cerca de 10 bilhões de pessoas na Terra até 2050. Para alimentá-las, estima-se que a produção de alimentos deverá aumentar em 70 %. A indústria alimentícia já está trabalhando em formas de enfrentar tal desafio e os novos alimentos, desde insetos — endossados pela FAO — até microalgas ou inclusive carne artificial, estarão gradualmente presentes nos supermercados. Para Luiz Donaduzzi, os países pobres terão mais acesso a alimentação e alguém precisa produzir. “Os eventos extremos irão atingir cada região da terra de forma diferente. A Austrália é um grande produtor de alimentos, mas tem problemas com a água. O Brasil tem água e sol em abundância e temos conhecimento em agro.  Não podemos mais produzir 1 quilo de carne de boi com 40 quilos de capim e 10 quilos de milho, não é mais possível. Precisamos transformar isso em uma cadeia mais curta em que nós consumimos menos para ter mais alimentos. Nos próximos 15 anos poderemos mudar os grãos, que são mais pobres em proteínas, de forma que por meio da genômica se produza mais proteínas. É uma realidade; ou nós fazemos, ou outros irão fazer”, enfatiza Luiz Donaduzzi.   

OBJETIVOS – O diretor do Biopark Educação, Paulo Roberto Rocha, disse que o projeto Alimentos Saudáveis quer atingir responsabilidade, integridade, busca por excelência, respeito as pessoas e ao meio ambiente, inovação e sustentabilidade. “Temos alguns objetivos estratégicos:  construir com a sociedade conceitos de alimentos processados que sejam saudáveis; eliminar barreiras para a integração entre as instituições do arranjo para realizar ações e pesquisas; e desenvolver produtos inovadores que possibilitem melhorias na qualidade de vida dos consumidores”.

O evento teve a presença de autoridades políticas, representares das cooperativas e empresas, entre outros convidados. Foto: Gazeta de Toledo

Segundo Paulo Rocha, o projeto do Biopark é um ds maiores do NAPI.  O presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig, que coordenou o estudo de pesquisa aberta do NAPI – Alimentos Saudáveis, disse que esse projeto foi criado de forma diferente. “O Dr. Luiz me passou que iria fazer uma mobilização com as cooperativas e empresas da região e levantaria recursos na ordem de R$ 25 milhões de cada empresa em um período de 5 anos. E ele nos desafiou que se conseguisse esse valor, o Estado do Paraná entraria com os outros R$ 25 milhões. E o governo nos deu condições para isso”.  

PRODUÇÃO PARANAENSE – De acordo com o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, o Paraná produz 45 milhões de toneladas de grãos. “As nossas cooperativas do Paraná são responsáveis pela maior parte do agronegócio, temos números fantásticos: dentro das cooperativos são 70% de toda a produção de soja do estado; 62% de toda produção de milho; 56% de toda a produção de trigo; mais de 55% da suinicultura do Paraná passam pelas cooperativas; 44% do frango; 35% do leite; 30% do peixe. Mas esse modelo se esgotou: grãos, carnes e consumidores. Temos que continuar esse mesmo empreendedorismo e com essa mesma gestão para pensar no futuro. Os consumidores querem alimentos saudáveis”, afirma. Ele enfatiza ainda que é preciso inovação, que somente pode acontecer com investimentos e pesquisas nas academias.      

REFERÊNCIA – O prefeito Beto Lunitti disse que as pesquisas por alimentos saudáveis estão ligadas as vidas das pessoas. “O que se constrói nesse dia histórico é transformador. É a união das relações do governo, das empresas e do Biopark com o setor da pesquisa e da academia. É marcante e se tornará uma referência para o Brasil”.