Por Marcos Antonio Santos
Recentemente, publicações nas redes sociais mostraram uma mãe afirmando que seu filho, de três anos de idade, necessitava de sangue O+ ou O−, que ela descreveu como universal. Ela alegava ainda que o Banco de Sangue de Toledo estava vazio e que todos os tipos sanguíneos seriam bem-vindos. No post, inclusive, foi divulgado um contato para agendamento.
ESCLARECIMENTOS – De acordo com a direção do Banco de Sangue, as mensagens publicadas pela mãe da criança, mencionando que “o Banco de Sangue estava vazio”, são fake news. A unidade está com estoque em nível adequado no momento, sendo que, obviamente, as doações são sempre bem-vindas devido à validade dos hemocomponentes.
Outra situação é que, no caso específico desta criança, não basta ser O+. Como ela realiza transfusões de repetição, a identificação de compatibilidade é feita por mais critérios. Na data dessa segunda-feira, 15, a bolsa necessária para ele foi buscada em Umuarama e liberada para transfusão.
Segundo o Banco de Sangue, com essa “campanha” da mãe, a agenda já estava cheia. Agora, não há vagas para os doadores que precisam de urgência para doar, e as reclamações começaram a surgir.
QUARENTENA – A chefe da Unidade de Coleta e Transfusão de Toledo (Banco de Sangue), Vania Frigotto, explica que, no Banco de Sangue, todas as bolsas de sangue coletadas diariamente na unidade, assim como em todo o estado do Paraná, passam por um período de quarentena. “Essa quarentena corresponde ao tempo necessário para a obtenção dos resultados sorológicos de todas as amostras de sangue coletadas, geralmente, aproximadamente 24 horas. Os exames realizados incluem a detecção de hepatite, HIV, sífilis, HTLV e doença de Chagas, além da tipagem sanguínea. Após a obtenção dos resultados, as bolsas são liberadas para transfusão caso os testes apresentem resultados negativos. Em caso de resultados positivos, as bolsas são descartadas. Portanto, a liberação da bolsa para transfusão somente ocorre após 24 horas da doação”.
Conforme Vania, é importante ressaltar que os pacientes hospitalizados que necessitam de transfusão de sangue são atendidos com a máxima urgência. “Realizamos buscas em nossos estoques e, se necessário, em outras regiões, para encontrar a bolsa mais compatível com a necessidade de cada paciente”.

FENOTIPAGEM – Ela ainda destaca que pacientes que realizam transfusões de repetição, geralmente diagnosticados com doenças hematológicas, como anemia falciforme e talassemia, são identificados como pacientes fenotipados. “A fenotipagem consiste na análise dos sistemas de grupo sanguíneo além do tipo A, B, AB ou O e fator Rh (positivo ou negativo). Essa análise aprofundada permite a identificação de outros fatores, garantindo que pacientes que necessitam de transfusões frequentes e que, em alguns casos, já desenvolveram anticorpos, não apresentem reações transfusionais. O objetivo é encontrar a bolsa mais compatível e segura, minimizando o risco de reações e assegurando transfusões mais seguras”.
De acordo com Vania, a fenotipagem é um exame laboratorial que vai além da tipagem ABO e Rh. “Ela identifica a presença ou ausência de outros antígenos na superfície das hemácias (glóbulos vermelhos). Embora existam mais de 40 sistemas sanguíneos, a fenotipagem se concentra nos sistemas mais relevantes. É importante ressaltar que cada transfusão é um caso individual. Portanto, as campanhas de doação de sangue promovidas pela sociedade civil devem seguir alguns critérios e obter informações precisas sobre a posição dos estoques e as demandas urgentes junto às unidades do Hemepar, ao Hemocentro de Cascavel e outras unidades. Essa medida evita potenciais transtornos tanto para os doadores quanto para o nosso serviço, que, por vezes, enfrenta picos de demanda nem sempre compatíveis com as necessidades da sociedade em momentos de campanhas específicas. A equipe do Banco de Sangue de Toledo está sempre à disposição para esclarecer dúvidas sobre doações e sobre nossos estoques. Lembramos que as doações devem ser realizadas durante todo o ano, considerando a validade de cada componente sanguíneo”, finaliza Vania Frigotto.