Da redação
O Boletim de Conjuntura Econômica do Município de Toledo é fruto de uma parceria entre a Associação Comercial e Empresarial de Toledo (ACIT) e o Núcleo de Desenvolvimento Regional (NDR) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)/Campus de Toledo. Seu objetivo é fornecer informações sobre a economia municipal de forma clara e objetiva. As suas informações se destinam aos cidadãos, empresários e gestores públicos. Os dados apresentados são de fontes oficiais e de organizações públicas e privadas. A periodicidade do Boletim é de até quatro edições anuais, conforme divulgação dos dados oficiais.
BANCO DE ALIMENTOS – Um dos destaques do boletim é o alimento que seria lixo se transforma em dignidade. Segundo o boletim, o desperdício de alimentos configura-se como um dos maiores desafios contemporâneos, com implicações ambientais, econômicas e sociais. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), aproximadamente 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidos ou desperdiçados anualmente em escala global, volume suficiente para alimentar 2 bilhões de pessoas. No Brasil, esse cenário não é diferente: estudos indicam que 27 milhões de toneladas de alimentos são descartadas anualmente, enquanto 33 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar grave (PNAD/IBGE).
Nesse contexto, os Bancos de Alimentos emergem como uma solução estratégica, atuando na ponte entre o excedente e a necessidade. Em Toledo, no Paraná, a implantação do Banco de Alimentos representa um marco na política municipal de segurança alimentar, combinando sustentabilidade, inovação tecnológica e inclusão social.
Conforme o texto , o estudo se propõe a apresentar o modelo de gestão do Banco de Alimentos de Toledo, destacando suas particularidades em relação a iniciativas similares no país; quantificar o impacto socioeconômico gerado em seus primeiros seis meses de operação, usando dados de abril, data da inauguração do Banco, até outubro de 2024 e; discutir desafios e oportunidades para escalonar seu alcance, com base em dados empíricos e feedback de beneficiários.
O Banco de Alimentos de Toledo diferencia-se por integrar três pilares em uma única estrutura física:
a) Unidade de Recebimento e Triagem: local em que os alimentos coletados mediante agendamento em parceiros (supermercados, CEASA, agricultores), são classificados conforme critérios do Guia de Avaliação de Alimentos Doados (Ministério da Cidadania, 2018). Ainda, neste setor, ocorre a doação de parte dos alimentos por Doação direta (alimentos íntegros – 50% do total recebido
b) Unidade de Processamento: setor em que alimentos são transformados em outros produtos como minimamente processados ou, ainda, em polpas, geleias e outros mais elaborados. Tais processos se dão devido a necessidade de dar vazão a volumes grandes de um único produto, produzir itens diferenciados para os beneficiados ou, ainda, aproveitar ao máximo aqueles que já estão em estado avançado de amadurecimento.
Do total recebido 10% são encaminhados para este setor. O processamento de alimentos irá, em breve, receber um Desidratador industrial (capacidade: 50 kg/dia de frutas/legumes) e uma linha de embalagem a vácuo para prolongar vida útil destes produtos. O Banco de alimentos também dispõe de uma Cozinha piloto para testes de novas receitas (ex.: bala de banana).
c) Cozinha Escola: local para cursos profissionalizantes e oficinas de educação nutricional para famílias atendidas (ex.: aproveitamento integral de alimentos). (Resultados alcançados de abril a outubro/2024).
Programa de Distribuição de Alimentos
a) Indicadores operacionais
Métrica | Volume / Quantidade | Equivalência / Detalhes |
---|---|---|
Alimentos recebidos | 60 toneladas | 120.000 refeições |
Aproveitamento | 65% (39 toneladas) | 25% acima da média nacional |
Famílias atendidas/mês | 1.100 | 4.400 pessoas indiretamente atendidas |
Parceiros doadores | 35 fixos + 60 eventuais | Inclui 12 agroindústrias |
Fonte: Rede Brasileira de Bancos de Alimentos
b) Perfil dos Alimentos
• Derivados lácteos (37%): Excedentes de indústrias por falhas emembalagens.
• Hortifrúti (28%): Banana, tomate e folhosas com pequenos defeitos
estéticos.
• Grãos (20%): Doações da CONAB (feijão, farinha de milho).
Impacto nutricional:
• Kits distribuídos tiveram 58% mais frutas/legumes que cestas básicas
convencionais.
Perspectivas (2025–2026)
a) Expansão da Capacidade
• Caminhão refrigerado (em licitação): visando a ampliação e melhoria
da segurança dos alimentos recebidos.
o Sistema de gestão online: Em parceria com o Instituto Federal do Paraná (IFPR), permitirá acompanhamento em tempo real das doações e Transparência pública com dashboards de distribuição.
b) Novos Projetos
• Rede de Agricultura Urbana: Parceria com hortas comunitárias para
doar excedentes.
• Selos de Qualidade: Certificação para doadores (ex.: “Empresa Amiga do Banco de Alimentos”).
c) Sustentabilidade Financeira
• Editais federais: Busca de recursos via programas governamentais PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento).
O Banco de Alimentos de Toledo consolida-se como um modelo
replicável de gestão sustentável de alimentos, com resultados
mensuráveis em:
• Redução de desperdício (39 toneladas aproveitadas).
• Inclusão nutricional (melhoria na diversidade alimentar de famílias
vulneráveis).
• Fortalecimento comunitário (geração de conhecimento via Cozinha
Escola).
Seus desafios futuros incluem escalonar parcerias e garantir sustentabilidade financeira, mas a trajetória até aqui demonstra que combater a fome com eficiência é possível.
“O alimento que seria lixo se transforma em dignidade.” (Depoimento de voluntário durante a triagem de doações)
Nesse volume, o Boletim de Conjuntura Econômica traz ainda informações sobre: a população urbana e rural, coleta seletiva do lixo urbano, salários em Toledo e o panorama dos preços da soja no contexto da guerra Tarifária.