A Avenida Maripá, em Toledo, é mais do que uma simples via. Ela é uma artéria pulsante, conectando vidas e histórias dos bairros mais populosos. Quando a cedência ocorreu em 2 de setembro, a cidade foi forçada a se adaptar rapidamente. Lembro-me de passar pela avenida no dia 5 de setembro, observando a pista provisória recém-aberta, ainda exalando aquele cheiro característico de asfalto novo e sinalização improvisada.
Os dias se transformaram em semanas, e as semanas em meses. Toledo seguiu seu curso, com as crianças indo à escola, os trabalhadores pegando seus ônibus e a vida acontecendo, mesmo que de maneira precária e improvisada. O fluxo constante de veículos na pista provisória parecia um lembrete persistente da resiliência e da capacidade de adaptação dos toledanos.
Finalmente, em 22 de fevereiro de 2024, a obra foi concluída. A nova Avenida Maripá foi inaugurada, prometendo segurança e durabilidade. Mas, como em diversas áreas da vida, a promessa nem sempre se cumpre plenamente. Quando recebi a ligação de um leitor relatando sobre os aterros laterais que estão cedendo e tubos soltos sendo arrastados pelas águas, senti um misto de frustração e resignação.
As imagens enviadas falam por si. O desbarrancamento não é apenas um problema técnico; é um símbolo das falhas que, por vezes, permeiam os projetos de infraestrutura. Cada tubo arrastado pela correnteza é um lembrete dos desafios que ainda enfrentamos.
Ao longo desses 173 dias, ficou claro que a competência na gestão pública é um tema complexo, repleto de nuances. A pergunta que deixo para você, leitor, é: onde reside a linha tênue entre a competência e a incompetência? Na capacidade de finalizar uma obra a tempo ou na habilidade de garantir que ela resista ao teste do tempo?
Enquanto caminhava pela nova Avenida Maripá, não pude deixar de refletir sobre a nossa relação com o espaço urbano. Somos moldados por ele tanto quanto o moldamos. E talvez, no fim das contas, essa avenida seja uma metáfora perfeita para a nossa jornada coletiva: cheia de desafios, repleta de contratempos, mas sempre avançando, um passo de cada vez, desde que, não “DESBARRANQUE”.