Por Fernando Braga
Na noite desta sexta-feira (24/02), os delegados da 7ª SDP de Umuarama se manifestaram através de um vídeo encaminhado à imprensa, no qual apresentaram alguns detalhes das investigações acerca dos homicídios cometidos por Guilherme da Costa Alves, responsável por ao menos quatro mortes somente neste mês de fevereiro.
A prisão do serial killer (assassino em série) só foi possível a partir das investigações que tiveram início com o desaparecimento do médico Renan dos Santos Tortajada, que tinha 35 anos e trabalhava na cidade de Toledo, onde era concursado e atendia na UPA e no CAPS-AD. O médico saiu de Toledo na sexta-feira da semana passada, dia 17 de fevereiro, para ir a Maringá visitar os pais.
Renan, que era pediatra e psiquiatra, foi dado como desaparecido no sábado (18/02), ao passar pela cidade de Umuarama. Na manhã de domingo (19/02), Guilherme, que tem 25 anos, foi preso conduzindo o Honda Civic do médico. Com a prisão, os policiais descobriram que ele matou Renan e uma outra pessoa, entre a noite de sábado e a madrugada de domingo.
O próprio assassino confessou que tirou a vida de Renan Tortajada e de Alexan Carlos de Goes, de 43 anos, que era uma travesti conhecida como Sabrina. No entanto, a versão que ele sustentava era a de que foi chamado pelo médico para fazer um programa, e como este estaria sem o dinheiro combinado para pagar pelo ‘serviço’, o agrediu com socos e depois tirou sua vida no Bosque Uirapuru, com pedradas na cabeça. Essa é a versão que consta no depoimento gravado em vídeo pela Polícia Civil de Umuarama, ao qual a Gazeta de Toledo teve acesso e inseriu na matéria Assassino de médico de Toledo dá detalhes da morte e diz que tinha relacionamento com a vítima; assista ao vídeo com o depoimento, publicada no dia 22 de fevereiro.
No vídeo mencionado acima, o serial killer conta que conhecia e se relacionava com o médico. Conta também que o local marcado para o encontro entre eles foi o Bosque Uirapuru, onde, além de matar, enterrou Renan. Ainda nesse depoimento, Guilherme disse que percebeu a presença da travesti Sabrina quando estava enterrando o médico e que a matou, também dentro do bosque, com pauladas na cabeça, por ser uma testemunha ocular do crime, desovando seu corpo posteriormente na área rural de Maria Helena, uma cidade vizinha.
A revelação inesperada veio quando o criminoso confessou à polícia a morte de outras duas pessoas consideradas desaparecidas, que a princípio seriam Fernandes Nunes de Araújo, de 50 anos, e Everton Josimar de Oliveira, de 36 anos. O assassino apontou a localização dos corpos, que foram encontrados pelo GDE (Grupo de Diligências Especiais), no final da tarde de ontem, e recolhidos pelo IML.
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Ao falar sobre as investigações que levaram ao descobrimento dessas outras duas vítimas, o Delegado-Chefe da 7ª SDP, Gabriel Menezes, e o Delegado Operacional, Leonardo Martinez, revelaram que o criminoso mudou a versão da morte de Renan dos Santos Tortajada e relata que não matou a travesti dentro do bosque.
Na nova versão, Guilherme da Costa Alves afirma que Renan e Sabrina foram mortos porque o criminoso acreditava que os dois estariam o perseguindo, a serviço de outros bandidos que o querem morto por não pagar a eles dívida de drogas. Ao mudar seu depoimento, o bandido admitiu que mentiu ao dizer que conhecia o médico e que tinha um relacionamento com ele.
Também na nova versão, o lugar apontado como o local onde Sabrina foi morta é outro. O criminoso conta agora que encontrou a travesti em outro ponto da cidade e a levou até uma área nos fundos do Bairro San Marino, onde a executou. No local indicado, os investigadores encontraram uma peruca loira, que seria da vítima.
No vídeo que a Gazeta de Toledo recebeu da 7ª SDP nesta sexta, o delegado Gabriel Menezes esclareceu que nas duas versões apresentadas pelo assassino há lacunas a serem preenchidas. Ambas sustentações possuem falhas, são confusas, e ainda não é possível saber o que realmente aconteceu e como aconteceu. Para tanto, “diligências continuam sendo feitas, tanto pela Polícia Civil quanto pela Polícia Científica, para que se consiga estabelecer qual foi a dinâmica de todas essas mortes e a motivação desses crimes”, explicou a Autoridade Policial.
“Exatamente como essas mortes aconteceram e porque aconteceram, ainda é algo que não está fechado dentro das investigações, e nós estamos apurando e realizando diligências paralelas que possam nos levar ao real desfecho dessa situação”, finalizou o delegado Gabriel Menezes.
Assista a seguir o pronunciamento dos delegados Leonardo Martinez, à esquerda, e Gabriel Menezes, à direita.