Por Marcos Antonio Santos
As cooperativas Ambicoop, Copersan, Cooperpont e Cogesmar realizaram na noite dessa terça-feira, 28, na Comunidade do Rocio, município de Toledo, uma assembleia extraordinária para a aprovação de investimentos estimados em R$ 79 milhões para a construção na Comunidade do Rocio da primeira Central de Saneamento, bioenergia, compostagem e indústria de adubo em um programa inédito de sustentabilidade e economia circular. A construção tem previsão para iniciar em 2024.
A assembleia contou com a participação de mais de 30 grupos de comunidades de Marechal Cândido Rondon, Nova Santa Rosa, Toledo e Quatro Pontes.
A microrregião do Rocio representa 6,68 % do território de Toledo, com 8 mil hectares. A Ambicoop nessa assembleia aprovou operação de crédito para construção da Central de Saneamento. A central reciclará 1000 m3/dia de dejetos e resíduos da cadeia de produção de proteína animal e terá uma produção média estimada de 13 milhões de m3/biogás/ano, 52.000 toneladas de CO2 evitado/ano e 14 mil toneladas de fertilizante orgânico granulado. A Ambicoop é uma cooperativa de produção de energias renováveis e de tratamento de resíduos da atividade agropecuária localizada em Toledo.
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O diretor do Programa Green Fuels, Neudi Mosconi, disse que a assembleia autorizou que o Conselho, desses R$ 79 milhões, encaminhe o financiamento em um valor máximo de R$ 65 milhões, porque hoje existe uma desoneração tributária com os governos municipal e estadual, onde parte dos impostos não serão recolhidos sobre equipamentos e serviços. “Agora está tramitando também na esfera federal a desoneração de Pis/Confins sobre equipamentos. Temos uma parte de capital feito por empresas da Alemanha, e de outros apoios e concessões que estão sendo feitos por capital e investimentos próprios dentro do projeto. Os investimentos foram aprovados na assembleia e está sendo encaminhados para as Instituições Financeiras para financiamento”, diz.
Segundo Mosconi, o projeto já tem uma área adquirida e os licenciamentos estão finalizados, e, agora, começará os trâmites para a construção. “Será a primeira Central de Saneamento Rural em parceria com os produtores em um conceito de cooperativa, onde os investimentos serão feitos pela Cooperativa e os resultados compartilhados entre os cooperados. O projeto prevê toda uma estrutura de saneamento rural, talvez seja a primeira do mundo que terá todo um sistema de coleta no mesmo princípio do esgoto urbano, conectando mais de 40 unidades de produção até a central e tratando os resíduos da atividade agropecuária, agroindústria e de outros resíduos”.
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Ele disse que outro processo será o aproveitamento do material estabilizado para uma indústria de fertilizante para reduzir a dependência de fertilizantes químicos que são basicamente importados.
O projeto de saneamento rural da Ambicoop para produção de biogás e outros produtos e serviços, dentro do cooperativismo, é uma inovação que transforma a agricultura e a pecuária, atendendo às demandas de sustentabilidade e ao mesmo tempo gerando receitas que fortalecem as comunidades rurais. É uma demonstração de como a colaboração, a tecnologia e a visão sustentável podem convergir para criar soluções poderosas no campo brasileiro.
Além da central aprovada na assembleia, está em desenvolvimento o planejamento do programa geral que tem um cronograma definido para a partir de 2025 com a ampliação gradativa dessas centrais para todos os municípios do Oeste paranaense, e conta com a colaboração e apoio da Agência de Cooperação Alemã (GIZ), que coordena em parceria com a Me Le, estudos técnicos de viabilidade tecnológica e economica que estarão sendo finalizados nos próximos 90 dias.
CENTRAL – Neudi Mosconi explica que as tecnologias serão as mesmas de uma planta de alta eficiência de biodigestão existente na Alemanha. A central será toda ela automatizada, terá rede coletora conectada a mais de 48 granjas de produção de suínos e gado leiteiro para o transporte da fração líquida destas biomassas residuais. “Teremos um conceito pleno de economia circular, 100% das biomassas serão recicladas. Após o processo de biodigestão, o digestato será tratado retirando dele toda a fração orgânica que será prensada para retirar parte da umidade e em seguida irá para o processo de compostagem sendo antes adicionado a este lodo material estruturante, como poda de árvore, corte de grama da cidade, varrição de rua, resíduos de madeira reciclados do processo de construção civil entre outros, após o processo de compostagem o material será peneirado, recebendo outros produtos como calcário, gesso e será industrializado para produção do adubo orgânico granulado, com uso como fertilizante no cultivo de soja e milho, principais culturas da região”.
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“A parte líquida irá para fertirrigação para produção de biomassa que será colhida e após processo de silagem e será adicionada aos biodigestores para produção de biogás. O biogás 2/3 nesta primeira etapa que perdurará 3 anos, será utilizada na cogeração e o excedente será purificado produzindo biometano gasoso para uso industrial, uso nos caminhões e veículos dos cooperados e do programa e o CO2 será comercializado em frigoríficos regionais no atordoamento do abate de suínos”, afirma Mosconi.
Na assembleia estiveram presentes as quatro Cooperativas criadas pelos produtores rurais: de Toledo – Ambicoop, de Nova Santa Rosa – Coopersan, de Quatro Pontes – Cooperpont e de Marechal Cândido Rondon – Coogesmar.
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