Dilceu Sperafico*

Instabilidade do clima, solo árido, pobreza e até ataques de gafanhotos, estão ameaçando a vida de milhões de cidadãos de diversos países africanos, sem que essa tragédia pareça sensibilizar as demais nações do planeta.

Conforme informações recentes, o recorde de 45 milhões de pessoas, principalmente mulheres e crianças, enfrentam a falta de alimentos básicos, depois de secas seguidas e prolongadas, inundações e crises econômicas, em diversas regiões da África.

Conforme especialistas, na medida em que a crise se agrava, a única esperança está na mobilização de nações solidárias para a salvação de vidas ameaçadas e no apoio para que essas comunidades se adaptem às mudanças climáticas.

De acordo com levantamentos conhecidos, a crise da fome nessas regiões atingiu escala inédita e as evidências são de que a situação só deverá piorar nos próximos meses.

Ocorre que as áreas mais pobres enfrentam a estação pobre de água, que anualmente se agarrava antes da colheita anual de cereais, que normalmente ocorre nos meses de abril e maio, exigindo que a comunidade internacional apresse a assistência de emergência a milhões de pessoas famintas na África Austral.

Além disso, especialistas reivindicam investimentos de longo prazo para permitir que a região vulnerável suporte os impactos negativos de mudanças climáticas, incluindo a construção de reservatórios de água, para consumo humano e irrigação de plantações de alimentos.

Países vizinhos da região mais atingida pela crise, pretendem oferecer assistência para cerca de 8,3 milhões de pessoas que enfrentam níveis mais graves da crise ou situação de emergência, nas nações mais atingidas pela fome, como Zimbábue, Zâmbia, Moçambique, Madagascar e Namíbia, entre outras.

A mobilização, no entanto, só conseguiu reunir 205 milhões de dólares norte-americanos dos cerca de 500 milhões estimados como necessários para prestar a assistência e oferecer algum tipo de alimento aos grupos mais necessitados.

Entre os países atingidos, Zimbábue estaria no auge de sua pior emergência de fome em uma década, com cerca de 7,7 milhões de pessoas ou a metade de sua população, sofrendo graves problemas alimentares.

No contexto de altas taxas de desnutrição, o crescimento populacional, perdas de criações de animais, aumento do desemprego, desigualdade social e diversas e graves enfermidades, ampliam a crise de fome, que também está sendo agravada pelo aumento dos preços dos alimentos no mercado globalizado.

Acompanhar essas informações é muito deprimente, pois ninguém pode ignorar o drama de milhões de pessoas passando fome, especialmente mulheres, crianças e idosos, mas ao mesmo tempo em que lamentamos essa tragédia, precisamos, pelo menos, aproveitar a oportunidade para reconhecer e comemorar as bênçãos dos brasileiros, como o solo fértil, clima generoso e abundância de alimentos do País.

Além disso, precisamos nos conscientizar da necessidade de preservar nossos recursos naturais, valorizar a tradição, vocação e dedicação de nossos produtores rurais, a modernidade, diversidade e qualidade de nossa agroindústria e o profissionalismo dos nossos transportadores e comerciantes, pois no seu conjunto asseguram o futuro da Nação, garantindo a sobrevivência, bem-estar e qualidade de vidas das novas gerações. O Oeste e o Paraná são bons exemplos desses privilégios do território nacional.

*O autor é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil  do Governo do Estado   E-mail: dilceu.joao@uol.com.br