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A Toledo que eu conheci

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Nossa mudança chegou em Toledo no início de janeiro de 1972. Foram três dias de viagem por estradas esburacadas, muitos trechos sem asfalto, atoleiros, vinda do Rio Grande do Sul. Vim com meu pai e mãe em busca de novas perspectivas, porque lá onde morávamos quase não havia emprego, uma seca sem precedentes aconteceu no final da década de 1960 e ocasionou o fechamento de muitas empresas.

Nossos pertences foram trazidos pelo meu saudoso tio João, que não cobrou um centavo, para ajudar na nossa recuperação.

Aqui em Toledo, o asfalto existia em poucas ruas, algumas eram de pedras irregulares e outras eram na base do cascalho ou terra simplesmente.

Fomos morar numa casa recém construída, de madeira, na Rua Nossa Senhora do Rocio, alugada pela família do Sr. Agenor (de saudosa memória) e da Dona Maria Frasson.

Carlos, o filho mais velho, fez as honras da casa. Nós tínhamos a mesma idade, de nove para dez anos, o que nos proporcionou termos nos tornado grandes amigos, aliás, meu primeiro amigo em Toledo, amizade que persiste até os dias de hoje, inclusive somos compadres.

Como menino que sempre adorou o futebol, logo fui apresentado aos vizinhos. Conheci o Nuque (Julci Strieder) de saudosa lembrança, como os irmãos Carlinhos e Luizinho Muraro, filhos do Sr. Claudino e de dona Alzira, além do Paulinho, filho do Miguel Muraro. O Marcelo, que era irmão do Paulinho também estava sempre junto, mas era pequeno ainda. Em poucos dias me senti em casa.

Ao lado da minha casa tinha uma oficina e lá trabalhavam outros amigos que a vida me proporcionou: Nico e Flávio Fornazari, Naboru e Mamoru Umetsu. Na frente da oficina tinha um bom espaço de terra o qual transformamos em campinho de futebol e todo final de tarde jogávamos bola até não mais enxergar pela chegada da noite.

Saíamos de lá como verdadeiros tatús, mas alegres e felizes.

Meu saudoso pai veio para trabalhar na Coopagro como motorista e minha saudosa mãe logo arrumou trabalho na extinta Lojas Gaúcha, que na época era muito conhecida. Lá ela foi trabalhar de balconista.

Eu trouxe junto na mudança algo que não era conhecido por aqui, pelo menos meus amigos assim o diziam: uma mesa de futebol de botão oficial. Minha casa sempre tinha gente para jogar futebol de botão. Realizávamos campeonatos e nos tornamos verdadeiros ases na brincadeira. Existiam regras e tudo mais. Cada um com seu time de coração.

Eu e o amigo Carlos, para arrumarmos uns troquinhos para saborear deliciosos picolés, colhíamos na horta da dona Maria, salsinha, cebolinha verde e outros temperos, que levávamos até o Supermercado Real, no centro da cidade, onde recebíamos pela entrega.

De manhã estudava no Colégio das Irmãs e a tarde era dedicada para os esportes, brincadeiras, como queimada, onde meninas também participavam, como a Neninha e a Iolanda, das que eu me lembro agora. Também afazeres domésticos eram feitos, como lavar a louça, calçados, varrer a casa, deixar tudo em ordem.

Nos finais de semana, o grande passatempo era acompanhar o famoso time do Posto Atlantic, da família Muraro nas aventuras por vários lugares e distritos. Íamos em cima de carrocerias de caminhões, junto com a torcida. E durante o jogo, eu e a gurizada ficávamos como marrecões, como eram chamados os meninos que buscavam as bolas chutadas no meio dos matos.

No Colégio das Irmãs conheci outros meninos e meninas com que até os dias de hoje mantemos amizade. Sérgio Machado, César Trichês, Tinho Trichês, Vado, Dimas, Roberto Welzel, Valter Bachi e tantos outros que não lembro agora, mas que fizeram e continuam fazendo parte importante na minha vida.

Lá no Colégio das Irmãs fiz meu curso de datilografia, com a professora Dulce Alf, uma senhora muito atenciosa com os alunos. Graças a este curso foi que aos 14 anos de idade fui selecionado para trabalhar no Banco do Brasil, como menor-estagiário, os famosos azulões da entidade, pois usávamos uniformes azuis, tanto a calça como a camisa.

Foi minha grande escola da vida. Lá trabalhei com verdadeiros expertises em vida, em conhecimento, em profissionalismo. Devo muito a eles.

De lá para cá muitas coisas mudaram em minha vida e especialmente na nossa cidade que ora completa 68 anos. Uma cidade pujante, colonizada especialmente pelos descendentes de alemães e italianos, além dos homens do norte que aqui vieram e auxiliaram na formatação desta grande cidade, a qual minha família escolheu para morar e viver.

Cidade de Toledo. foto: Secom/Pref. de Toledo

Quem bebe desta água sempre volta!

Parabéns, Toledo, parabéns munícipes pela passagem do seu dia!

*Bruno Marcos Radunz é administrador de empresas e escritor.

brunoradunz@outlook.com

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Edição nº2786 – 24/06/2025

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