Deputado federal Dilceu Sperafico. Foto: Assessoria

     Dilceu Sperafico*

Como todos sabemos, assistentes virtuais, dispositivos de segurança residencial e relógios inteligentes são hoje ferramentas que monitoram o bem-estar das pessoas, mas não são tecnologias exclusivas do ambiente urbano e tampouco de seres humanos. A inteligência artificial (IA) presente no cotidiano das pessoas também já está no ambiente rural e é realidade, inclusive, na pecuária. Assim, enquanto no pulso do ser humano, um “smartwatch” recolhe informações sobre a saúde da pessoa, no pescoço de vacas o colar inteligente capta batimentos cardíacos, temperatura do corpo e outras informações que ajudam o pecuarista a cuidar melhor do seu rebanho bovino, pelo Brasil e pelo mundo.

         Esse foi apenas um dos avanços da tecnologia na agropecuária, mostrados no evento “Brasil do Futuro – Agrotech”, realizado em São Paulo, no final de junho último. O tipo de dispositivo, espécie de “smartwatch das vacas”, auxilia o produtor a se antecipar a problemas como desconfortos térmicos dos animais ou bovinos perdidos na propriedade rural. Resumindo, segundo especialistas, são constelações de satélites e nano satélites, facilitando ações para produtores rurais, instituições que concedem créditos, como bancos e tradings, empresas de defensivos e sementes, que desejam realizar o monitoramento dos recursos e produtos oferecidos, utilizando das tecnologias com a IA da atualidade.

Com as imagens de satélites e drones, o produtor rural pode monitorar o campo 24 horas por dia para verificar a situação e evolução de lavouras e facilitar o acompanhamento de criações animais. Ainda que esteja à distância, como escritório em cidade distante, o empresário rural pode decidir ligar pivôs de irrigação ou acelerar o ritmo do plantio de suas lavouras, mesmo que que a propriedade esteja muito distante. Para quem deseja acompanhar inovações científicas e tecnológicas no agronegócio brasileiro e estão mudando o mundo, na internet tem o canal “Brasil do Futuro – IA: antes, dentro e depois da porteira”. Antes da porteira, segundo especialistas, a IA contribui para o melhoramento genético de sementes, desenvolvimento de defensivos químicos e biológicos e pesquisas de novos ingredientes para a oferta da alimentação humana.

Depois da porteira, na gestão administrativa como a roteirização logística. E, dentro da porteira, no monitoramento de pragas e doenças, aplicação inteligente de insumos, previsão de safra e condição climática.

Para aproximar a experiência no campo das pessoas acostumadas à vida nas cidades, basta comparar carro autônomo, que possui tecnologia similar à de pulverizador na lavoura. O primeiro mapeia o pavimento e o tráfego, além de prever a necessidade de frear o veículo. Já o trator lê o ambiente para identificar o tipo de relevo, plantas daninhas, geografia e topografia. Esse conjunto de fatores faz com que a tecnologia utilizada ganhe novos adeptos no campo. Nela, a visão computacional de tratores e drones identifica o local exato onde aplicar herbicidas e fungicidas antes de lançar o jato de spray com maior precisão. A inovação, no entanto, apresenta risco de segurança cibernética e reputação, o que ressalta a necessidade de regulamentação da IA, que precisa ser vista com mais critérios pelos poderes públicos e setores produtivos do mundo inteiro, para a preservação de investimentos em pesquisas de empreendedores.

*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br