Dilceu Sperafico. Foto: José Fernando Ogura/AEN

Por Dilceu Sperafico*

Os grandes e importantes desafios de governantes, instituições, empresas e cidadãos do mundo inteiro para as próximas décadas já são conhecidos. Serão garantir alimentação, moradia, saúde, educação, cultura e lazer, entre outros serviços e bens essenciais, para quase 10 bilhões de seres humanos, de todas as idades, etnias, escolaridades e condições de sobrevivência, já a partir de 2050. 

Conforme recente estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo terá 9,7 bilhões ou quase 10 bilhões de habitantes em apenas 28 anos. A previsão da ONU está no relatório Perspectivas da População Mundial 2022, recentemente divulgado, apontando que os habitantes do planeta já serão oito bilhões em 15 de novembro deste ano, 8,5 bilhões em 2030 e 9,7 bilhões em 2050.

Conforme especialistas, a população mundial deve continuar crescendo, ainda que em ritmo menor, até atingir o pico de 10,4 bilhões em 2086, mas resta saber se a comunidade internacional está preparada para atender as demandas desses novos cidadãos.

Menos mal que o estudo ressalta também que a partir de 2086 a população mundial começará a diminuir, ainda que lentamente e deverá chegar a 2100 com 10,3 bilhões de habitantes. Projeções anteriores estimavam em mais de 11 bilhões de habitantes no mundo em 2100.

De acordo com especialistas, de qualquer forma, a população global vai acrescentar mais de dois bilhões de pessoas em um mundo que já superou a sua capacidade de abrigar e/ou sustentar seus atuais habitantes, enfrentando crises econômica, política e ambiental. Essas questões climáticas, ideológicas e sociais, por sinal, há anos estão emitindo alertas a governantes e cidadãos de todo o mundo e isso deveria ser levado mais a sério.

Prova disso seriam as atuais ondas letais de calor, causando grandes incêndios florestais e urbanos e matando milhares de pessoas na Europa e América do Norte e do Sul, além da acidificação do solo e águas, que se tornam cada vez maiores ameaças à vida de muitas espécies e à capacidade de produção de alimentos, podendo deixar várias regiões de todos os continentes do planeta inabitáveis.

A situação se agravou porque, ao contrário do previsto nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, a pobreza e a desigualdade social cresceram muito nos últimos anos, em todo o planeta. O relatório de 2022 sobre o Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo, também da ONU, aponta que o número de famintos no mundo atingiu 828 milhões de pessoas em 2021, com elevação de cerca de 46 milhões de seres humanos desde 2020 e 150 milhões desde o início da pandemia de Covid-19.

Para agravar ainda mais a situação, o Índice do Preço dos Alimentos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) bateu recorde de alta dos últimos 100 anos no primeiro semestre de 2022, chegando a 140,7 pontos em fevereiro, 5,3 pontos acima do valor de janeiro.

Para nosso alívio e motivação, o Brasil é um dos poucos países com potencial para enfrentar e ajudar a reverter essa tragédia, graças à sua extensão territorial, volume, qualidade, diversidade e sustentabilidade da produção de alimentos, competência e tecnologia dos produtores, áreas florestais preservadas, abundância e preservação de recursos hídricos e tradição na agropecuária. No País, o Paraná e o Oeste do Estado se destacam nessa capacidade de combater a fome e a miséria.

*Dilceu Sperafico autor é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado.

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br