A liturgia deste domingo (27/06) corresponde ao 13º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico, com a leitura do evangelho de São Marcos (5, 21-43). Jesus é apresentado com autoridade divina no seu mais alto grau: o poder sobre a morte.

Uma multidão rodeia Jesus: no meio de tantos que o aclamam e o tocam superficialmente, eis uma mulher que há doze anos sofre com uma hemorragia, ela está perdendo a vida. Poderíamos dizer que ela tem uma ferida aberta, incurável. A doença a tornava estéril ao mesmo tempo que era considerada um castigo e maldição por parte de Deus, impura perante a lei e proibida de qualquer contato humano. Porém não perdeu a esperança e tinha fé em Jesus: um simples toque e ela seria curada.

Sim, nossa fé “atrai” a graça e a bênção de Deus! Mas Jesus não quer que tudo se esgote em um simples milagre obtido e que ele se torne para ela somente alguém que a curou. Jesus deseja que sua fé se torne madura e plena. Jesus sente que alguém o tocou e procura esta pessoa para espanto de seus discípulos. Com coragem, a mulher se apresenta e se joga aos pés de Jesus e proclama publicamente o milagre e sua confiança em Jesus. Ela obtém não só a cura, mas também a salvação: “Filha, a tua fé te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença”.

É a fé que salva: a fé não em algo, mas em alguém, em Jesus, em sua Palavra, em seu poder. Uma fé que que não pode ser guardada para si mesma, mas deve ser proclamada.

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Há também o encontro com o Jairo, chefe da sinagoga de Cafarnaum, homem importante. Ele sofre pela doença da filha que está às portas da morte. Jesus vai até sua casa e recebe a notícia que ela já morreu. O narrador salienta neste momento as manifestações fúnebres e as reações de sarcasmo das pessoas diante da intenção de Jesus de fazer alguma coisa.

No coração da morte, Marcos coloca a palavra de vida, que sai com autoridade da boca de Jesus. À mulher curada ele disse: “Vai em paz e fica curada dessa doença”. E à menina ele ordena: “Menina, levanta-te”. O importante é recordar o que aconteceu antes do milagre. À mulher com hemorragias Jesus havia dito: “Filha, a tua fé te curou”. E também a Jairo ele disse na estrada: “Não tenhas medo, basta ter fé”. É por causa da fé em Jesus que aquela mulher e a menina foram curadas.

Esta é a mensagem central do evangelho: a vida renasce diante da morte, somente quando o ser humano tem fé. A esperança cristã não se sustenta sobre uma doutrina filosófica, nem mesmo sobre uma crença mágica na imortalidade da alma. A comunhão com Deus é o fundamento da esperança cristã. É graças a esta relação pessoal que um dos chefes da sinagoga reza a Deus, que se manifesta em Jesus Cristo, dizendo: “A minha filhinha está morrendo. Vem e põe a mão sobre ela, para que ela sare e viva”.

Em Jesus de Nazaré, Deus assumiu o limite e o sofrimento da humanidade, inclusive a morte. Desta forma, ele fecundou o negativo da vida e ofereceu à humanidade a possibilidade de se dirigir a Deus com a certeza de que ele “não me deixará entregue à morte, nem vosso amigo conhecer a corrupção. Vós me ensinais o caminho para a vida; junto a vós, felicidade sem limites, delícia eterna e alegria ao vosso lado!” (Sl 15).

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo