Dilceu Sperafico

O potencial do agronegócio brasileiro continua a surpreender. A última novidade do setor é a informação de que o País pode liderar nova economia florestal, baseada no reflorestamento de espécies nativas e oferta de madeira certificada.

Conforme estudos já realizados, com investimentos na restauração de áreas nativas e ampliação das vendas de madeira certificada, o Brasil poderia se tornar líder global do que alguns especialistas do setor agropecuário chamam de nova economia florestal.

Avançando nesse projeto, especialistas e dirigentes de empresas ligadas à exploração comercial e à certificação de madeiras, avaliam formas de promover o modelo de mercado que concilie o lucro da atividade com a preservação de florestas e metas de programas de reflorestamento.

Considerando a extensão territorial, fertilidade do solo, topografia favorável, recursos hídricos e grande variedade de espécies nativas, o manejo de florestas faria parte do processo de desenvolvimento do País no médio e longo prazo.

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Para isso, seria necessário reflorestar áreas já desmatadas, conciliar a atividade com outras culturas e produzir madeira certificada, obedecendo a legislação e seguindo parâmetros de sustentabilidade ainda mais rígidos.

Para a recuperação de florestas nativas, será necessário considerar que os principais produtos do setor florestal atualmente são madeira, papel e celulose.

O Brasil já exporta boa parte da madeira produzida. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que em 2018 o Brasil vendeu para o exterior o equivalente a 3,2 bilhões de reais em madeira e derivados, como madeira serrada, compensada, laminada, em painéis e obras de marcenaria, entre outros.

Mesmo que o setor venha expandindo as exportações nos últimos 10 anos, especialistas avaliam que ainda é possível aumentar em muito as vendas internacionais, pois nos últimos 15 anos, Estados Unidos e China se mantiveram como principais destinos das exportações de madeira serrada tropical do Brasil, com grande potencial para ampliar muito suas compras.

Conforme órgão responsável pelas normas de certificação de madeiras, o setor florestal brasileiro já emprega diretamente cerca de 610 mil trabalhadores, apesar da forte queda no ano de 2009, em consequência da crise econômica internacional.

O Brasil, segundo os especialistas, tem a segunda maior cobertura florestal do mundo, incluindo florestas naturais e cultivadas, perdendo apenas para a Rússia.

No total, as florestas brasileiras somam 516 milhões de hectares e estima-se que, sozinha, a Amazônia tenha mais de 300 milhões de hectares em matas tropicais, o que significa área maior do que todo o território da Argentina.

A diferença negativa do País está no fato de que enquanto empresas dos Estados Unidos investem cerca 386 bilhões de reais por ano em projetos comerciais de reflorestamento, no Brasil os empreendimentos do setor ficam em 135 bilhões de reais.

Além disso, desse total, o investimento na recomposição de florestas nativas é quase inexistente e parte expressiva da madeira comercializada no Brasil ainda tem origem no desmatamento ilegal.

Para reverter essa situação, o grande desafio é ampliar a produção de madeira sem aumentar o desmatamento, o que exige a combinação da silvicultura ou cultivo de florestas exóticas, principalmente de pinus e eucalipto, com o reflorestamento de espécies nativas do Brasil.

            *O autor é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado. E-mail: dilceu.joao@uol.com.br

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