O jornalista e escritor Eduardo Bueno, o Peninha (na tela), participou de quadro com histórias e tradições da erva-mate no Paraná. Foto: Divulgação

Região sul do Paraná lidera a produção e também inova com aplicações da planta na gastronomia e em produtos para saúde e bem-estar

O gaúcho toma no chimarrão. O carioca bebe gelado, nas praias. No Paraná, muitos são adeptos do chá quente. Em comum, o hábito de consumir o mate, que reúne uma extensa cadeia produtiva liderada pelos municípios do sul paranaense. Nos dias 16 e 17 de dezembro, a erva-mate foi tema de um evento online promovido pelo Sebrae/PR, Cogemate (Conselho Gestor da Erva Mate do Vale do Iguaçu) e a região turística Sul do Paraná. O Mate Experience adotou uma programação multicultural que envolveu tendências, inovações, gastronomia e turismo. A região detém, ainda, a única Indicação Geográfica (IG) para a erva-mate no Brasil.

O Mate Experience procurou gerar novas percepções. A programação reuniu 28 especialistas renomados e experiências para os apreciadores de erva-mate, na inovação e tecnologia, culinária, arte, saúde e bem-estar. Foram mais de 500 inscritos de vários Estados, e mais de 4 mil visualizações, somados os canais do Sebrae Digital e do Mate Experience, no Youtube, nos dois dias do evento.

Cesar Giovani Colini, gerente da Regional Sul do Sebrae/PR, mostra-se satisfeito com o alcance do Mate Experience, que busca reposicionar o setor e que ganhará uma nova edição em 2021.

“A cadeia produtiva da erva-mate é importante economicamente para o Paraná, maior produtor nacional. E os nove municípios do Sul do Estado produzem 62% desse volume. Queremos reposicionar a erva-mate, com inovação, com a gastronomia e novas experiências que agregam valor”, resume Cesar.

Todos os conteúdos foram exibidos e continuam disponíveis nos canais do Sebrae Digital e do Mate Experience na internet (matexp.com.br). O site do evento também foi idealizado para proporcionar novos negócios e mostrar a versatilidade da erva-mate.

Norberto Ortigara, secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, participou de um painel sobre o futuro da cadeia produtiva da erva-mate no segundo dia do evento. Ele destacou que há 110 indústrias que trabalham com a erva-mate no Estado e citou dados de 2019, com a produção de 547 mil toneladas, sendo estas 315 mil oriundas da extração de plantas nativas. A cultura gerou cerca de R$ 657 milhões nas propriedades rurais paranaenses no ano passado.

“Temos visto boas experiências no Brasil e no mundo da erva-mate como planta fornecedora de elementos essenciais para novas aplicações. É importante que se cultive o hábito de conquistar novos consumidores, pela diversificação do uso e pela facilidade com que se apresentam essas novas formas. Tudo isso só enriquece a cadeia”, comentou Ortigara.

MATE – Multicultura e Arte
A programação teve concurso fotográfico, participação de artistas da região Sul do Paraná e também dois episódios do quadro “Erva-mate: por dentro da história e da tradição”, com o jornalista e escritor gaúcho Eduardo Bueno, o Peninha, e os convidados André Zampier (produtor cultural e empresário, de Curitiba) e a turismóloga Daiane Scolaro, vice-presidente da Associação de Turismo e Meio Ambiente do Vale do Iguaçu (Atema).

Eduardo Bueno destacou que a erva-mate foi a primeira riqueza a ser comercializada pelo Paraná, no século 18.

“A história é viva, pulsa, explica de onde viemos e para onde vamos. Não é um orgulho vazio, nem agressivo. É um orgulho construtivo, verdadeiro, o Sul do Paraná é a pátria da erva-mate”, ratificou Peninha.

MATE – T de Tecnologia
Nos dois dias do evento, painéis com convidados discutiram o impacto das novas tecnologias na cadeia produtiva da erva-mate. Renomados futuristas apresentaram visões e tendências e responderam a perguntas de especialistas do setor, em conversas dinâmicas e esclarecedoras.


Para quem gosta de cozinhar, receitas com erva-mate, como o nhoque com batata doce e super mate. Crédito: Divulgação

MATE – E de Experiência
Versátil, a erva-mate pode ser a estrela de diversos tipos de pratos, que vão de drinks alcoólicos, passam por massas, pães, granolas e podem chegar até a bolos e doces. “A erva traz um leve amargor e uma cor diferenciada que se destaca no prato. Para as pessoas ainda pouco acostumadas, vale acrescentar a erva aos poucos para dar um toque especial ao prato. É um sabor surpreendente”, explica a nutricionista e chef, Bárbara Bertoletti.

A chef esteve presente no Mate Experience, no primeiro dia do evento, para mostrar um pouco dessa versatilidade do produto na gastronomia. Ela apresentou ao público duas receitas de massas. Em ambas, ela utilizou o super mate, suplemento alimentar feito com um extrato produzido com 99% das folhas que não deixa gosto residual e realça o sabor. A primeira envolveu um nhoque com batata doce com o super mate e um molho composto por queijo, nata e temperos. Confira a forma de preparo aqui.

Na segunda receita, Bárbara ensinou o preparo de um falso ravióli, assim chamado porque o recheio, composto pela erva mate e ricota, fica incorporado à própria massa. Confira como preparar o prato aqui.

“A erva-mate é antioxidante, possui funções termogênicas (que aceleram o metabolismo) e, se consumida sem exageros, não traz qualquer mal-estar, mesmo sendo energética. Ela pode fazer parte de um lifestyle saudável”, explicou.
 

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O uso da erva-mate em hidratante corporal foi mostrado no segundo dia do Mate Experience. Crédito: Divulgação

Bebidas
A produção do próprio mate gelado em casa é simples e pode ser realizada, como o café, a partir da filtragem da erva com a água. Essa receita também pode ser conferida aqui.

Outra possibilidade são os drinks alcoólicos mais elaborados, como o ensinado por André Zampier, coordenador geral do movimento Matte Cultural, durante o evento. A bebida, chamada de Pirata Zulmiro, leva uma mistura batida e coada de mate, rum, abacaxi, limão e um xarope de gengibre. Também há a opção de fazer o drink sem álcool, utilizando o cream cheese que harmonia bem com o amargor do mate. Veja como fazer o drink alcoólico aqui.

Produtos de beleza
A erva-mate também tem ganhado espaço na indústria dos cosméticos. Os benefícios oferecidos pela planta atingem uma nova parcela de consumidores interessados em produtos naturais e inovadores, quebrando paradigmas.

“A erva-mate é um alimento, mas não só isso. Pode ser utilizada em vários outros itens como os cosméticos, por exemplo. São muitas possibilidades, é só abrir a mente e desenvolver novos produtos. Nós temos mercado para isso”, analisa Elizabeti Capeleti, diretora da indústria Capimar, que participou de painel no segundo dia do evento.

Muitos dos produtos feitos com a erva-mate podem ser encontrados na Vitrine Virtual, na página do Mate Experience. Há opções de cremes hidratantes, sabonetes, difusores de ambientes, álcool em gel e outros. O consumidor efetua a compra e recebe os produtos em casa.

Sul do Paraná
Antonio Olinto, Bituruna, Cruz Machado, General Carneiro, Paula Freitas, Paulo Frontin, Porto Vitória, São Mateus do Sul e União da Vitória são os municípios que compõem a região.