Neste domingo (23/08) o Evangelho nos ajuda a acompanhar os discípulos na dinâmica do conhecimento profundo de Jesus e a sua missão: “E vós, quem dizeis que dizeis quem eu sou”? Pergunta difícil, porém essencial para os discípulos de Jesus e para nós hoje. É essencial que os cristãos lembrem sempre de novo quem eles estavam seguindo. Deste seguimento nasce a Igreja – a comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada ao redor de Pedro, “pedra sobre a qual construirei a minha Igreja”. À Igreja e a Pedro é confiado o poder das chaves – isto é, de interpretar as palavras de Jesus, de adaptar os ensinamentos de Jesus aos desafios do mundo e encaminhar todos os que aceitam Jesus como mestre e guia no caminho da salvação.

Este acontecimento se dá perto de Cesareia de Filipe. Longe de suas casas e do contexto de suas vidas, os discípulos precisam responder se querem ou não ser introduzidos na dinâmica da fé. Eles devem aprofundar a primeira resposta que deram a Jesus quando foram chamados para segui-lo e se tornar pescadores de homens. A fé necessidade de amadurecimento e confrontos.

A fé é a resposta racional e livre à palavra do Deus vivo. As perguntas que Cristo faz, as respostas que são dadas pelos Apóstolos e finalmente por Simão Pedro, constituem uma espécie de exame da maturidade da fé daqueles que vivem mais perto de Cristo. É a confissão de fé da comunidade que acredita que Jesus é o Salvador. Esta clareza é uma graça, dom de Deus, que exige capacidade de ver e reconhecer o Senhor e a humildade de identificá-lo: “Sou eu, não tenhais medo”. “E o reconheceram ao partir o pão”.

Pedro não entendeu tudo no princípio. Mesmo sendo um homem de pouca fé, Jesus confia nele e confirma a sua Igreja que nasce da fé de Pedro. Porem a Igreja é, e permanece, a Igreja de Cristo, porque é Jesus Cristo a verdadeira rocha que fundamenta a vida da comunidade e ninguém poderá substituir a pedra angular. Pedro é pedra porque está ligado a Cristo e somente Ele pode salvar a humanidade. A comunidade messiânica (= A Igreja) participa, deste modo, do mistério de Deus, guardando e protegendo nas suas mãos frágeis o tesouro divino.

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A comunidade dos discípulos é uma comunidade organizada e estruturada, onde existem pessoas que presidem e que desempenham o serviço da autoridade. Essa autoridade não é, no entanto, absoluta; mas é uma autoridade que deve, constantemente, ser amor e serviço. Sobretudo, é uma autoridade que deve procurar discernir, em cada momento, as propostas de Cristo e a interpelação que Ele lança aos discípulos e a todas as pessoas.

Neste domingo do mês vocacional celebramos a vocação dos cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade, “sal da terra e luz do mundo”. É necessário que os leigos assumam com ardor a sua missão evangelizadora, a fim de humanizar e transformar as estruturas e as relações pela vivência e pelo testemunho do Evangelho em seus ambientes de convivência. São homens e mulheres da Igreja no coração do mundo, homens e mulheres do mundo no coração da Igreja. Ao celebrar o Dia dos Cristãos Leigos e Leigas queremos expressar nossa mais profunda gratidão, por tantos homens e mulheres que, vivendo sua fé, testemunham seu amor a Cristo e à Igreja, na dedicação de seu tempo a serviço dos demais irmãos em nossa Diocese.

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo